Ségur le Château - 21º Dia - Parte II



Deixamos Magnac-sur-Touvre após um almoço realizado na autocaravana. Os caminhos daquele dia haviam de levar-nos por um périplo por algumas das mais famosas Villages de France.
São caminhos estreitos, caminhos rurais, em terras de Limousin, bordejados de verde tão intenso que o diafragma das máquinas fotográficas, por mais que se feche, recusa a captar em nome da simultânea e intensa luminosidade que nos invade. As paisagens são tão belas que parecem irreais.
No caminho atravessa-se o Parc Naturel Regional du Périgord Limousin que nos oferece paisagens ricas e variadas, convidando-nos a descobrir a sua atmosfera especial.
Só de olhar as variadas paisagens que se nos deparam pelo caminho, quer no coração de uma floresta de castanheiros, quer numa pastagem com restolho seco, ou noutro prado de luzerna pontilhada com orquídeas ou malmequeres selvagens, apetecendo parar e caminhar por trilhos campesinos, que fazem fronteira com as águas cristalinas dos rios.
Já a meio da tarde daquele dia, parou-se na primeira aldeia histórica. Era ela, Ségur le Château, uma pequena povoação atravessada de leste a oeste pelo rio Auvézère e dominada por um castelo em ruínas.
A pequena vila histórica de Ségur, aninhada no verde vale do rio Auvézère, foi originalmente galo-romana e realizou um papel de destaque na história da província, mas também no da França.
Na Época Medieval e durante 600 anos, a cidade de Ségur e o seu feudo pertenceram aos Viscondes de Limoges, que viveram lá regularmente como foi evidenciado pelas muitas mudanças do castelo ao longo deste tempo.
A presença dos viscondes na cidade fez com que nela também se instalassem algumas famílias de cavaleiros retentores e um número significativo de oficiais, encarregados da administração e da justiça.
A cidade foi a sede de um senhorio que se estendia num raio de 15 km, com cerca de uma dúzia de paróquias.
Durante a Guerra dos Cem Anos, a fortaleza de Ségur, após a ocupação pelos britânicos entre 1361 e 1374, foi confiscada pelo rei de França, tornando-se um reduto real, sendo no entanto administrada por capitães, sobre os quais o visconde não tinha autoridade.
Além do velho Château de Ségur, situado no alto de um penedo sobranceiro à cidade e coberto de heras, a cidade oferece ainda um número significativo de casas nobres com torres ou arquitetura em enxaimel, que testemunham o período de opulência vivida na cidade medieval.
Nela é também muito convidativo, o seu parque de merendas, situado junto do rio, possuindo um pequeno café que serve petiscos.
Para descrever a atmosfera desta pequena aldeia, poder-se-á fazê-lo com cinco pequenas palavras/frases: ar fresco, águas cantantes, campo, natureza e história.

Fonte : http://www.parc-naturel-perigord-limousin.fr/ ; http://fr.wikipedia.org/ ; http://www.les-plus-beaux-villages-de-france.org/en/segur-le-chateau

Magnac-sur-Touvre - 21º Dia - Parte I



Saímos do Futuroscope por volta da meia-noite e rumámos para sul, para a região de Perigord, onde queríamos ir conhecer uma série de belíssimas aldeias históricas, situadas numa região encantada, entre arvoredo e montes de calcário escarpados, que acolheram durante centenas de anos, comunidades de povos trogloditas, que escavavam as suas habitações nos macios rochedos.
Foi por volta das duas horas da madrugada que chegámos a Magnac-sur-Touvre, sendo o GPS que nos conduziu à AS, que nos acolheu num gostoso silêncio.

Magnac é um pequeno povoado situado num esplendido vale, junto às margens do rio Touvre (afluente do rio Charente) e a nordeste da cidade de Angoulême.
A pacata cidadezinha de Magnac tem a sorte de ficar numa linda região, muito arborizada e montanhosa, situada no extremo noroeste do Périgord Vert.

O Périgord é uma região natural, situada no maciço central francês, e uma das suas mais antigas províncias do país, que está dividida em quatro regiões, o Périgord Noir (Preto), o Périgord Blanc (branco), o Périgord Vert (verde) e o Périgord Pourpre (roxo).
A geografia e os recursos naturais do Périgord fazem, com que esta seja uma bela e intocada região, rica em história e vida selvagem, onde existe também o recém-criado Parc Naturel Régional Périgord-Limousin.

Esta é uma região muito conhecida quer pela sua culinária, quer ainda e mais particularmente pelos seus produtos relacionados com os coitados patos e gansos, que são obrigados a uma superalimentação, com o fim de serem aproveitados os seus dilatados fígados, para a confeção de foie gras. É também a mais famosa zona de produção de trufas de França, além de possuir excelentes vinhos.
O rio Touvre que a banha Magnac-sur-Touvre é um rio surpreendente que nasce da imersão da água cárstica de dois outros rios, o Tardoire e o Bandiat.

O parque recomendado para autocaravanas ficava mesmo junto do rio Touvre, que nos abria horizontes imediatos de grande beleza cénica, e onde se experimentava o prazer de estar num local refrescante e de grande tranquilidade.  
O acordar foi por isso mesmo muito prazeroso, e da pequena janela do quarto, podíamos apreciar alguns habitantes idosos a jogar a famosa “petanca”, um jogo tradicional francês. Nas margens do rio, patos e gansos passeavam e debicavam, e quando saí da autocaravana, alguns mais afoitos e habituados aos mimos dos visitantes, aproximaram-se amigavelmente como que sugerindo a possibilidade de um bom repasto de pão, que de todo não lhes foi negado.

Antes de seguirmos viagem, demos uma bela passeata matinal tardia, pelas margens do Touvre. No centro da aldeia observa-se a bela Église de Saint-Cybard, uma igreja românica que nos mostra o seu plano de cruz grega e sua torre quadrada. Esta pequena igreja é consagrada a Saint-Cybard, um eremita que permaneceu recluso no séc. VI, numa caverna escavada na parede norte da cidade vizinha de Angoulême.
Surpreendente é o site da Marie (Câmara Municipal) de Magnac-sur-Touvre, que expõe publicamente o orçamento, as contas e a situação financeira da edilidade, que por certo seria uma boa prática a copiar pelos municípios do nosso país.

Fonte: http://www.minube.pt/mapa/  ; http://en.wikipedia.org/ ; http://www.conseil-general.com/ ; http://villagesdefrance.fr/ ; https://commons.wikimedia.org/ http://fr.wikipedia.org/wiki/Abbaye_de_Saint-Cybard

Futuroscope - 20º Dia



Chagámos já tarde ao parque do Futuroscope. Eram já duas da madrugada quando estacionámos ao lado de muitos outros autocaravanistas, numa imensa área de serviço que lhes é dedicada. Depois de nós ainda houve muitos que chegaram...
No dia seguinte, pelas 11:00 da manhã dirigimo-nos para o Futuroscope, a fim de ser iniciada a visita, que duraria até à meia-noite daquele dia, quando acontece a debandada final das gentes que o visitam, depois de se assistir ao seu belíssimo espetáculo de encerramento.
O Futuroscope encontra-se situado a 10 quilómetros de Poitiers, e há vinte e cinco anos, que é o segundo maior parque de diversões da França e um parque temático de destaque, tendo sido o pioneiro em termos de atrações multimédia e 3D.
As atrações do Futuroscope giram em torno de técnicas relacionadas com a cinematografia, multimédia e audiovisuais, além da robótica prevista para o futuro.
O Futuroscope desde a sua inauguração em 1987 tem uma história de sucesso e ao longo do tempo, nunca mais parou de inventar e de se reinventar. O seu arquiteto de origem, Denis Laming, tem ao longo do tempo criado todos os pavilhões do Futuroscope e do Pólo tecnológico adjacente, tornando realidade a admirável “Cidade do Futuro” sonhada desde o seu início.
Entre os pavilhões mais conhecidos, é preciso citar o Pavilhão do Futuroscope, uma grande esfera de arrojada arquitetura que repousa sobre um prisma, ou o Kinémax, um grande edifício em forma de cristal em bruto, que é o mais recente símbolo do Futuroscope, desde 2003.
Possui vários pavilhões de cinema para projeções 3D, em salas de cinema gigantescas, tendo no seu todo, a maior concentração de telas de grande tamanho da Europa.
Estes pavilhões destinados a uma opção pela revelação cénica do "Passado, Presente e Futuro", em magníficas projeções cinematográficas, vão desde a banda desenhada interativa, passando por constatações documentais históricas ou ainda de vida natura, agarrando de forma envolvente e integradora os espectadores, em revelações de abrangência tridimensional.
É absolutamente esmagadora a qualidade das animações 3D, só possível em anfiteatros de geometria cúmplice com a sua projeção. Na realidade e salvo poucas exceções, o Futuroscope é uma miríade de anfiteatros especificamente concebidos para projeções cénicas tridimensionais absolutamente envolventes e de grande realismo.
Das várias projeções em 3D, podem ser destacadas: um passeio sob uma abóboda interativa de 900 m2, que permite redescobrir as obras mais conhecidas do pintor Vincent Van Gogh, uma viagem em 4D pelo universo de Arthur e os Minimoys (baseada no filme de Luc Besson), numa exploração das profundezas do mar da Pré-história. No entanto podem ver-se muitos outros filmes excecionais, como: “A epopéia aeropostal” em 3D de Jean Jacques Annaud, que conta a história do início do correio aéreo; o filme Imax de Jacques Perrin, “Os viajantes do céu e do mar”, ou “Os animais do Futuro”, que leva os visitantes numa viagem de trem em direção a um safari surpreendente, onde nos deparamos com as espécies que poderão povoar a Terra daqui a 5, 100 ou 200 milhões de anos.

No final do dia os visitantes ainda têm a possibilidade de assistir a um mega espetáculo cénico de luz, som e imagem, sobre um espelho de água cheio de belos repuxos... Surpreendente!

No final do espetáculo mal chegámos à autocaravana seguimos viagem até Magnac-sur-Touvre, a cerca de 114 Km para sul, onde iríamos pernoitar.





Fonte: http://www.france.fr/ ; http://www.france.fr/pt/noticias/o-futuroscope-muito-alem-das-atracoes-3d ; http://espacoerrante.blogspot.pt/

O Ser Humano como Animal em Ruínas


Inútil definir este animal aflito.
Nem palavras,
nem cinzéis,
nem acordes,
nem pincéis
são gargantas deste grito.
Universo em expansão.
Pincelada de zarcão
desde mais infinito a menos infinito.

António Gedeão, Homem, in 'Movimento Perpétuo'

Todas as ciências falam do medo: o homem ao tornar-se consciente ascende à condição de animal que conhece, como nenhum outro, sua inviabilidade biológica.

Seja no ambiente externo onde se move sob a ameaça da lógica implacável do mundo, seja no espaço interno onde habita a sua ruína (a consciência dessa lógica implacável), não há como não perceber a condenação ao fracasso fisiológico final.

O medo é um sinal de que somos continuamente ameaçados pela falta de sentido da vida, pela perceção da deformação final do corpo, pela violência da ciência, pela indiferença do Universo.

Como nossos ancestrais na savana africana, marchamos em direção a um horizonte que não parece ter em seus planos a nossa felicidade. Então, como enfrentar o terror cósmico?



Esta é mais uma palestra do Café Filosófico, realizada por Luiz Felipe Pondé, filósofo e ensaísta brasileiro, que atualmente, é Vice-Diretor e Coordenador de Curso da Faculdade de Comunicação da FAAP; professor de Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e de Filosofia na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).
 


Fontes: http://www.youtube.com/watch?v=2wxBG1kZIZw; http://www.citador.pt/poemas/homem-antonio-gedeao

http://pt.wikipedia.org/

Mãe


 
 "Amamos as nossas mães quase sem o saber e só nos damos conta da profundidade das raízes desse amor no momento da derradeira separação."
Guy Maupassant
 


Apenas animais…


“Sem hipocrisia não há civilização, e isso é a prova de que somos desgraçados: precisamos da falta de caráter como cimento da vida coletiva.”
  Luiz Felipe Pondé


A Criação de Adão, de Michelangelo Buonarroti

“Coimbra, 16 de Outubro de 1945 – Uma cobra de água numa poça do choupal, a gozar o resto destes calores, e umas meninas histéricas aos gritinhos, cheias de saber que o bicho era tão inofensivo como uma folha.
Por fidelidade a um mandato profundo, o nosso instinto, diante de certos factos, ainda quer reagir. Mas logo a razão acode, e o uivo do plasma acaba num cacarejo convencional. Todos os tratados e todos os preceptores nos explicaram já quantas espécies de ofídios existem e o soro que neutraliza a mordedura de cada um. Herdamos um mundo já quase decifrado, e sabemos de cor as ervas que não devemos comer e as feras que nos não podem devorar. Vivemos numa paz de animais domésticos, vacinados, com os dentes caninos a trincar pastéis de nata, tendo aos pés, submissos, os antigos pesadelos da nossa ignorância. Passamos pela terra como espectros, indo aos jardins zoológicos e botânicos ver, pacata e sàbiamente, em jaulas e canteiros, o que já foi perigo e mistério. E, por mais que nos custe, não conseguimos captar a alma do brinquedo esventrado. O homem selvagem, que teve de escolher tudo, de separar o trigo do joio, de mondar dos seus reflexos o que era manso e o que era bravo, esse é que possuiu verdadeiramente a vida e o mundo. Diante duma natureza inteira e una, também ele tinha necessariamente de ser inteiro e uno. Sem amigos e sem vizinhos, sozinho contra as árvores e contra as sombras, ele era uma fortaleza em si, tendo na própria pele as ameias. Que totalidade a de um ser que não pode confiar senão em si! Socialmente, seremos assim (e somos, certamente) mais fáceis de conduzir, mais úteis, mais progressivos. Mas, individualmente, a que distância estamos de um homem das cavernas! Que tamanho o dele, a caçar bisões, e que pequenez a nossa, a ganhar taças em torneios de tiro aos pombos!
O nosso gritinho de horror diante de qualquer lesma dá bem a perdição a que chegámos. Civilizámo-nos, mas à custa da nossa mais profunda integridade, dispersando-nos nas coisas que fomos desvendando.
Na cobra de hoje ninguém viu sinceramente veneno ou morte. Vimos todos, sim, o manual que aprendemos no liceu. E o estremecimento das meninas histéricas, eco delido do uivo profundo de pavor e de incerteza dos nossos antepassados, foi dum ridículo tal que respingou outros aspectos e outros recantos da existência. Que espécie de sinceridade profunda, de lealdade incontroversa, haverá, por exemplo, em acreditar em Deus com a bomba atómica na mão?
É bem que o homem faça todas as experiências, inclusivamente consigo. Que liberte a energia das pedras e se liberte também a si de todas as clausuras. Mas os instintos? Poderá, na verdade, ele viver desfalcado dessa força que o fechava como um punho e lhe dava uma coesão igual à dos átomos antes de serem bombardeados? Pelo caminho que levamos, um dia virá em que tudo em nós será consciência, compreensão e sabedoria. Mas nessa mesma hora estaremos desempregados no mundo. Todos saberemos resolver a equação da vida na ardósia negra onde dantes eram as trevas da nossa virgindade criadora, mas talvez já não haja vida, então.” …
Miguel Torga, in "Diário (1945)", vol. IV, 1999, Publicações Dom Quixote, pág.250 e 251

Do princípio ao fim, a coragem de ser só…


"Tudo vence uma vontade obstinada, todos os obstáculos abate o homem que integrou na sua vida o fim a atingir e que está disposto a todos os sacrifícios para cumprir a missão que a si próprio se impôs."

Agostinho da Silva, in “Considerações”



“Uma arma de triunfo te dei, sobre todas as outras: a coragem de seres só; deixou de te afetar como argumento ou força esmagadora a alheia opinião, as ligeiras correntes e os redemoinhos do mar; rocha pequena, mas segura, sobre ti se hão-de erguer, para que vençam a noite, as luzes salvadoras; não te prendem os louvores dos que te querem aliado, nem as ameaças dos contrários; traçaste a tua rota e hás-de segui-la até ao fim, sem que te desviem as variadas pressões. Só e constante, mesmo em face do tempo; os anos que rolam, tu os consideras elemento de experiência; para os homens futuros episódios sem valor; se eles te abaterem, só terão abatido o que há de menos valioso; e contribuirão para que melhor se afirme o que puseste como lição da tua vida; a muitos absorve o atual; mas a ti, que tens como tua grande linha de cultura, e porventura tua alma, a posse das largas despectivas, a hora começando te vê firme e firme te abandona. Nenhuma estoica rigidez neste teu porte; antes a compassada lentidão, a facilidade maleável de bom ginasta; não é por amor da Humanidade que hás-de perder as mais fundas qualidades de homem. Em tal espelho me revejo, eu que tomei tua alma incerta e a guiei; e contemplo como doce oferenda, como a mais bela visão que me poderias conceder, a clara manhã que já de ti desponta e lentamente progredindo há-de acabar por embalar o universo nos seus braços de luz.”

Agostinho da Silva, in 'Considerações'







Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=rw5ghtXHgbg ; http://www.youtube.com/watch?v=Rkv-9HTyVvQ ; http://www.youtube.com/watch?v=zIEg0o2m-Wc http://www.citador.pt/

O Limiar da Eternidade

 
Neste episódio, Carl Sagan apresenta diferentes teorias acerca da origem e destino do Universo, desde lendas e crenças à astrofísica. Para tanto, Sagan apresenta noções básicas de Física, explicando a questão das 3 dimensões e a possível quarta dimensão (tentando exibir o que seria um Tesseract), bem como o efeito Doppler e sua repercussão para a teoria do universo em expansão, descoberto através das observações esmeradas de Milton L. Humason.
Qual é a origem do Universo? Qual é o seu destino? Continuará o Universo a expandir-se para sempre ou sofrerá um dia um colapso? Carl Sagan explora o tempo em que as estrelas e galáxias se começaram a formar, e mostra como neste século os seres humanos descobriram a expansão do Universo.
Fala-nos da Via Láctea e do movimento dos seus astros, referindo que o Sol tem mudado frequentemente de posição em relação aos braços em espiral da nossa galáxia.
Diz-nos que o estudo de todo o Universo e a chave da cosmologia, que se revelou um lugar-comum de toda a Natureza e uma experiência da vida diária. E dá-nos exemplos disso.
Fala-nos então do Efeito Doppler que é observado nas ondas quando emitidas ou refletidas por um objeto que está em movimento com relação ao observador, dizendo-nos que o Efeito Doppler para ondas de luz é a chave para o Cosmos e que a evidência para isso foi-nos dada por um antigo cocheiro com muito poucos estudos, filho de um banqueiro, e de como ele e seus ajudantes descobriram o big-bang.
Explica-nos em seguida as várias dimensões, para nos dizer por último que nós somos criaturas tridimensionais presas em três dimensões. Diz-nos também que podemos apenas imaginar uma quarta dimensão, sem contudo podermos vivenciá-la, para nos dizer no final, que o Universo poderá ser tanto finito, como sem fronteiras.
Fala-nos ainda da expansão do Universo, dizendo-nos que qualquer astrónomo em qualquer galáxia, veria as outras galáxias a afastarem da sua, e quanto mais longe estiver a galáxia, mais rapidamente ela parece mover-se, como se eles tivessem cometido uma terrível gafe social intergaláctica. Foi isso que foi descoberto pelos observadores do grande telescópio de Los Angeles, que chegaram à conclusão que o Universo, nem tem fronteiras, nem centro.
Fala-nos depois de buracos negros e da possibilidade de existiram tuneis cósmicos, especulando em seguida sobre eles, e sobre a possibilidade do Universo ser “aberto” ou “fechado”. São ainda explorados mundos de duas e quatro dimensões antes do Dr. Sagan desaparecer num buraco cósmico.
Mas como é que foi criado o Universo? Muitos acreditam que foi Deus ou deuses que criaram o Universo do nada. Mas se quisermos perseguir esta questão, com coragem, teremos que fazer a pergunta… E quem criou Deus? O melhor será talvez aceitarmos que estes tipos de perguntas são irrespondíveis. Ou se aceitarmos que Deus sempre existiu, o melhor será admitir que o Universo também sempre existiu.
A cosmologia coloca-nos frente a frente, com os mistérios mais profundos e com questões que eram tratadas apenas na religião e no mito. 
Carl Sagan leva-nos em seguida até à India, onde uma velha cerimónia comemora os ciclos da Natureza. Ao tratar do big-bang, faz uma regressão às explicações cosmológicas do hinduísmo, especialmente a "dança cósmica" do deus Shiva, numa escultura do Império Chola, com os símbolos da criação e da destruição, numa espécie de premonição das teorias modernas.
Tal como os modernos astrofísicos, a mitologia Hindu fala de um Universo velho de biliões de anos e da possibilidade de ciclos eternos de morte e renascimento.
No final, Carl Sagan conduz-nos então às planícies do Novo México, onde 27 radiotelescópios gigantes sondam as mais longínquas fronteiras do espaço, e onde os astrónomos conjeturam sobre qual o destino que aguarda o Cosmos: expansão eterna sem limites ou oscilação sem fim…

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=6KOZ-XOtFy0
Mais informações em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_Doppler
http://www.carlsagan.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cosmos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Sagan
http://www.documentarios.org/serie/de ...
http://www.aeroespacial.org.br/educac ...

Saumur - 19º Dia - Parte IV


Chegámos a Saumur ao anoitecer e fomos direitos ao seu famoso Château de conto de fadas, que se encontra rodeado de vinhedos.
Saumur fica situada na margem esquerda do rio Loire e aquela hora a vista da cidade do outro lado do Loire é absolutamente encantadora!... Foi com alguma impolgação que o visitámos, mas infelizmente só o podemos ver por fora, uma vez que o Castelo aquela hora já se encontrava fechado.
Lá de cima e ao cair da noite a pequena cidade de Saumur, tem mais encanto e deixa alguma pena deixá-la para continuar viagem. No entanto, a gostosa caminhada à volta do Castelo a olhar o crepúsculo a cair sobre a cidade e arredores, tendo como pano de fundo o rio Loire, o céu, e o horizonte que aos poucos se multiplicava num degradê, entre o vermelho, laranja, azul e amarelo, compensou todas as espectativas não realizadas. 
Como se sabe o Vale do Loire possui uma grande coleção de obras-primas da arquitetura da Renascença, que nos trazem à memória a lembrança de episódios épicos e românticos da história de França, sobressaindo e dando ainda maior beleza às paisagens bucólicas, entre o rio, lagos e florestas.
O Château de Saumur não é exceção, com a sua belíssima arquitetura, rodeado por altas muralhas e quatro elegantes torres, domina a cidade do alto de um platô, em situação mais elevada em relação ao resto da cidade.
O Château de Saumur conheceu as suas primeiras fortificações sob as ordens de Teobaldo I de Blois, Conde de Blois, no séc. X. Sofreu muitas remodelações ao longo do tempo, que não lhe trouxeram melhorias, mas sim alguma descaracterização, em especial no que se refere ao seu antigo esplendor.
Em 1026, tornou-se propriedade do Conde de Anjou, o célebre Fulco III de Anjou, o Negro, que o legou aos seus herdeiros Plantagenetas.
Filipe II, rei de França, anexou-o à Coroa. Depois de vários reis passarem pelo poder, quer da linhagem de Valois, quer da linhagem de Anjou, o rei João II transformou Saumur num ducado e entregou-o ao seu segundo filho, Luís.
O Duque Luís I estava ansioso por criar uma residência que fosse comparável aos luxuosos edifícios dos seus irmãos, o rei Carlos V e João, Duque de Berry, tanto na arte como na arquitetura. Para tal, escolheu Saumur e, a partir de 1367, construiu um edifício com quatro alas, reforçadas por torres, em torno dum pátio central, sobre uma fortaleza com 140 anos, tendo substituído as velhas torres redondas por torres octogonais.
A partida para a última etapa, com rumo ao Fluoroscópio, onde queríamos ir pernoitar, foi realizada logo de seguida por estrada alta, agora na margem esquerda do rio Loire, que durante algum tempo o acompanhou.

A noite estava escura e do caminho pouco se vislumbrou, terminando a etapa já bem tarde no parque de autocaravanas do parque temático de Poitiers, onde pernoitámos tranquilamente.

Fonte: http://pt.franceguide.com/ ; http://pt.wikipedia.org/ ; http://pt.wikipedia.org/wiki/Castelo_de_Saumur ; http://espacoerrante.blogspot.pt/

De Angers a Saumur - 19º Dia - Parte III





Após a visita à Cathédrale Saint-Maurice, caminha-se para o núcleo medieval da cidade de Angers, que se estende do lado sul da Catedral até às muralhas do Castelo.

Lá de cima e para norte, avista-se o antigo Quai Ligny, um antigo porto, hoje desativado e do outro lado do rio, na margem direita de La Maine, o porto fluvial de Angers.

O núcleo medieval está situado também na zona mais alta do Montée Saint Maurice e é um saltinho da Catedral até ao que resta da velha cidadela.  
Hoje nele, podem ver-se antigas casas em estilo enxaimel, uma técnica de construção que consiste em paredes montadas com hastes de madeira encaixadas entre si em posições horizontais, verticais ou inclinadas, cujos espaços são preenchidos geralmente por pedras ou tijolos. Estas belas casas e outras mais antigas, construídas em pedra podem ser encontradas num autêntico labirinto de ruas e becos que nos levam a uma permanente descoberta do passado da cidadela.

A parte mais alta deste pedaço de Angers gravita à volta da antiga L’Abbatiale Toussaint (Abadia dos Santos), do séc. XIII, construída pela Ordem de Santo Agostinho e restaurada em 1984. A igreja da antiga Abadia que esteve em ruínas durante muitos anos, está hoje com o teto coberto com um telhado em vidro de ousada arquitetura contemporânea e acolhe a obra de um escultor de Angers, Pierre-Jean David, do séc. XIX, mais conhecido por David d'Angers (1788-1856).

Nos edifícios da antiga Abadia ainda estão sediadas duas comunidades religiosas, de frades e freiras, designadas por: Frères Communauté Saint-Maurice e Communauté Filles Charité du Sacré Coeur.
Do outro lado do rio estende-se o bairro La Doutre, que também faz parte da zona antiga da cidade. O seu nome refere-se à sua posição geográfica, uma vez que este bairro está localizado na margem direita do rio Maine. No séc. XIX, era a morada de uma grande parte da burguesia da cidade.

Fecha-se a visita a Angers e parte-se a caminho Saumur, percorrendo a estrada sempre pela margem e com o rio Loire à vista, fazendo a programada incursão no mundo dos Trogloditas. A prodigalidade da Natureza no Vale do Loire permite facilmente compreender que nestas paragens, ser troglodita terá sido muito mais uma opção do que uma condição.

A estrada segue sempre paralela à corrente do rio Loire. Neste caminho aninhado entre as margens do Loire, a vegetação é de um verde estonteante e para-se várias vezes, não só porque a paisagem obriga a uma melhor contemplação, mas também porque as casas trogloditas nos apareciam inesperadamente no caminho, aguçando cada vez mais a nossa curiosidade.

Muitas destas cavernas, serviam como residência à pouco mais de 20 anos, mas hoje, em menos de uma geração, o retorno acontece, com novos membros, descendentes das mesmas famílias de trogloditas, que agora exploram turisticamente a peculiaridade destes lugares, como restaurantes e bares muito concorridos.

É num destes restaurantes que se encontram na estrada que paramos, para fazer um “lanche” ajantarado de escargots, antes de iniciarmos a etapa até Saumur, onde já se chega ao cair da noite.
 
 
Fonte: http://pt.wikipédia.org/ ; https.//maps.google.pt/ ; http://espacoerrante.blogsopt.pt/