Ponte de Lima - Ribeira Lima - 2º Dia - Parte V



Depois da visita à Igreja Matriz, seguimos um pouco ao acaso pelas ruas de Ponte de Lima, até que chegámos ao Largo Camões, a sala de visitas da vila, onde parámos para descansar numa das suas muitas esplanadas.

No Largo Camões, destaca-se o seu bonito e nobre Chafariz, que foi concluído em 1603, com as armas de Ponte de Lima. Este largo fica hoje situado onde outrora existiu parte da cerca muralhada da vila, que separava o extenso areal ribeirinho de um interior onde coabitavam espaços verdes, casas e quintais, que estavam a norte balizadas pela rua da Ponte na qual entroncava a rua do Rosário e a sul pela rua da Ribeira, hoje chamada do Postigo, que desembocava no Passeio 25 de abril, bem ao lado da Torre de S. Paulo.

Na segunda metade do séc. XIX, com a demolição da muralha e da Torre dos Grilos que se encontrava à boca da ponte, o espaço do futuro Largo de Camões ganhou uma outra dimensão. Os quintais que tinham como baliza a parede da muralha passaram a ficar devassados e as casas que nela entestavam, foram obrigadas a encontrar um novo apoio ou a reorganizar as suas estruturas e fachadas.

Naquela tarde de sábado, a música ecoava alta no Largo Camões, pelo que preferimos ir até à ponte, para dali olharmos mais uma vez o rio.

Caminha-se depois pelo Passeio 25 de abril, a caminho da autocaravana, a fim de continuarmos a viagem até Ponte da Barca, onde iríamos ficar, para descobrir mais belezas das margens do Lima, a montante desta bela vila.

No caminho e mais uma vez se vê à esquerda a Torre de S. Paulo, do séc. XIV, e a Torre da Cadeia Velha, que serviu de cadeia até aos anos sessenta do séc. XX.

Do lado direito, no Passeio 25 de abril encontramos também o imponente Pelourinho de Ponte de Lima, que tem sofrido ao longo do tempo várias remodelações desde 1755, que lhe acrescentaram altura além das armas do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve.

O Pelourinho encontra-se em frente do edifício dos Passos do Concelho, assente numa plataforma de três degraus circulares. Tem base cilíndrica e lisa e o fuste é liso de secção circular que vai estreitando até ao topo. Dali pode olhar-se bem o rio Lima.

Antes de deixar para trás Ponte de Lima, convém aqui referir que ali, as águas mansas do rio Lima e as suas largas margens de areal, guardam além da Lenda do Lethes, uma outra a quem as gentes limianas deram o nome de Lenda do Galgo Preto.

A Lenda do Galgo Preto é uma história que tem por certo um fundo verdadeiro, pois é bastante usual por terras de Portugal, os mancebos marialvas, deixarem as suas “amadas” sós e abandonadas, depois de as saberem enamoradas.

Conta esta lenda, que El-Rei D. Manuel I tinha por grande companheiro um fidalgo, D. Ruy de Mendonça. Quando este soberano decidiu ir de peregrinação a Santiago de Compostela levou esse seu amigo fidalgo com ele, passando por Ponte de Lima, onde ficaram para repousar. Foi então que nesses dias nesta vila, que D. Ruy conheceu D. Beatriz de Lima, de descendência fidalga por parte do pai e moirama por parte da mãe, por quem se apaixonou. 

No momento de retomar a viagem a Santiago de Compostela, os jovens enamorados despediram-se junto do rio Lima jurando amor eterno. Não contente com isso, a jovem voltou a pedir a D. Ruy que jurasse mais uma vez, mas agora pelas águas correntes do Lima. O jovem jurou, dizendo-lhe que iria amá-la até que as águas se esgotassem para sempre.

Passados alguns meses, soube-se pelo reino que D. Ruy iria casar com uma dama da Corte. No dia da boda, D. Ruy, ao entrar para a carruagem que o levaria ao altar, caiu morto! Seguidamente a esta morte, começou a aparecer nas areias que contornavam o rio Lima, um enorme galgo preto.

A vila ficou atónita e havia muitos que acreditavam ser este galgo a a alma de D. Ruy, que ali iria ficar, deambulando pelo areal, espiando a vingança de D. Beatriz, que lhe ditara passar duro castigo, até que as águas do Lima acabem o seu percurso líquido e brando, isto é, para todo o sempre!

Se alguma vez passarem ao anoitecer na ponte que dá o nome a esta encantadora vila do Lima e olharem para o areal das margens do rio, talvez vejam uma sombra negra, dando reviravoltas no areal, aproximando-se do rio, parecendo beber com sofreguidão, quedar-se a olhar atonita para a corrente das águas, e depois caminhar vagarosa e cabisbaixa para os lados de Viana do Castelo, até desaparecer de todo.

Fontes: http://ruarte-martes.pontedelima.com/lendas-de-ponte-de-lima/;http://www.verportugal.net/Viana-Do-Castelo/Ponte-De-Lima/Ponte-De-Lima/Patrimonio/Pelourinho-de-Ponte-de-Lima=001064;http://solagasta.com/passeio-pedestre-centro-historico-de-ponte-de-lima-ponte-de-lima/; http://www.cm-pontedelima.pt/ponto_interesse.php?id=1: http://www.folclore-online.com/lendas/minho/galgo_preto.html#.UecD7aVda00; http://vem-conhecer.blogspot.pt/2009/04/lenda-do-galgo-preto.html

 

A História Educacional dos Filhos


"A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida."

John Dewey


As formas de educar os nossos filhos são variadas. Mesmo hoje em dia, diversas são as opiniões sobre a melhor maneira de formar as nossas crianças para serem futuros adultos éticos e de bom caráter.

Pensar a evolução da educação dos filhos ao longo dos anos, suas bruscas alterações ao longo do século XX e suas permanências, é repensar o que ainda fazemos de errado e o que já melhoramos na construção educacional do futuro.

Mudanças económicas, sociais e até mesmo tecnológicas, fizeram com que as práticas de nossos pais, avós, bisavós e de outras gerações anteriores, já não sejam olhadas como válidas; mas não podemos descartar o que ainda é preciso manter dessas mesmas tradições educacionais.

Neste encontro, Rosely Sayão traça a evolução da educação dos nossos filhos e provoca a reflexão sobre nossos erros, para que arrisquemos projetar o futuro para a educação daqueles que mais amamos.

Rosely Sayão é psicóloga e consultora em educação. Autora de diversos livros como “Em defesa da escola” e “Família: modos de usar”.



Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=IuGJ06mtdOM
 
 

O Quadrado da Crise


Os episódios rocambolescos da radionovela da crise governamental continuam. As “crises” sucedem-se sem parar. Enquanto os ganhadores das eleições sedem e descem dentro do governo, aqueles que eram uma minoria sobem. Afinal sempre valeu a pena juntarem os poucos trapinhos a quem tinha um guarda-fato substancial. Para isto serão necessárias eleições?

“Paulo Portas criou a crise e depois apontou uma solução de superação na base do acordo feito com o PSD, acordo esse que apresentou ao Presidente da República. Só que o Presidente não aceitou os termos desse acordo e a crise continua."

"A minha incomodidade, a nossa incomodidade, é partilhada pelo comum dos portugueses que estão confrontados com uma situação financeira muito grave (...) e que de repente, de uma forma injustificada, são colocados perante uma gravíssima crise política e o fator dessa crise política é o demissionário ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros". (Miguel Alvim, in Notícias Ao Minuto de 14 de Julho de 2013)  

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Este é o folhetim que mais apreciei durante a última semana:

 
O Aplauso

Tudo na cerimónia dos Jerónimos soava a falsa inocência e a um falso desejo de redenção. Como se todos tivessem ido pedir a Deus que fizesse desaparecer a última semana.

Quando descem à terra, os governantes já estão habituados a ouvir vaias e apupos.

Mas domingo, na casa de Deus, o aplauso substituiu a vaia. Para conforto do Presidente da República, Cavaco Silva, e do primeiro-ministro, Passos Coelho. Mas não do apontado vice-primeiro-ministro, Paulo Portas. Para ele, apenas silêncio.

Sendo que silêncio foi tudo o que os elementos da trindade que nos governa tiveram para dar aos tristes que governam à saída da Entrada Solene do novo Patriarca de Lisboa, domingo, no Mosteiro dos Jerónimos.

Nem uma palavrinha de consolo para a caixa das esmolas dos repórteres. Mesmo depois do reconfortante e vigoroso aplauso ouvido sob a abóbada do mosteiro onde os pares da república marcaram presença para ouvir D. Manuel Clemente.

Parecia que Deus tinha decidido dar refúgio aos desembestados governantes que tinham passado a semana anterior em sonoras e pueris dissensões, bem como ao Presidente que depois de atraiçoado pelos ditos governantes os forçou a manterem-se juntos.

E o agora D. Manuel III dedicou à crise esta sentença: “A concórdia começa nos corações, quando ninguém desiste de ninguém, seja em que campo for.”

Mas, como dizia o poeta inglês John Milton, “É melhor reinar no Inferno do que servir no Céu”.

E os passos e os gestos dos homens do poder nas naves da igreja de Santa Maria de Belém denunciavam que o inferno da semana que passou estava mais presente nos corações de Cavaco Silva, Passos Coelho e Paulo Portas do que a concórdia que estava nas palavras de D. Manuel III.

Deus não aplacou o inferno da crise política nem os homens que a provocaram se livraram da culpa por comparecerem, servis e submissos, na primeira missa solene do novo patriarca.

Não, não foi a Igreja nem D. Manuel Clemente quem se serviu dos políticos, domingo, nos Jerónimos. Foram os políticos que, pelo exagero e pela forma ostensiva com que se apresentaram quiseram fazer constar que Deus estava com eles – e por isso as chagas da crise iam passar.

Parafraseando São Paulo e a epístola aos romanos, terão perguntado: Se Deus está connosco, quem estará contra nós?

Temível, a linguagem dos gestos falou mais alto do que os silêncios. As câmaras de televisão e dos fotojornalistas revelaram como o inferno está no coração da coligação, que se afirma a si própria como sólida, confiável e pronta a durar.

Veja-se a imagem de Passos Coelho dentro da igreja, depois da ovação. Cumprimenta efusivamente alguns convidados (entre os quais Maria Barroso) sem olhar para o homem que designou vice-primeiro-ministro. É Paulo Portas quem faz um ligeiro gesto e só então recebe um cumprimento seco do primeiro-ministro.

No sábado, no momento do anúncio do novo acordo de governo, o cenário fora o mesmo. Nem um aperto de mão selou a renovada concórdia. Nem um olhar. Apenas um toque de Portas em Passos, ao qual este mal reage. Durante a leitura do documento conjunto, mal se olham.

Regresso aos Jerónimos e à fotografia de Nuno Ferreira Santos, capa do PÚBLICO: aí sobressai o sorriso de Portas para Passos, com o sorriso de quem tem um brinquedo novo (o brinquedo é a política económica, as relações com a troika e a reforma do Estado) enquanto Cavaco, o Presidente, está em primeiro plano, mas desfocado, a aplaudir.

Ao lado de passos, Assunção Esteves, presidente da Assembleia da República, contempla a cena. Durante a cerimónia será filmada a trocar impressões com o primeiro-ministro, que lhe responde com uma expressão de alívio.

Voltando a Paulo (a São Paulo) e à Epístola aos Romanos: Se Deus está por nós, quem estará contra nós?

Não sendo certo de que lado está Deus, parece certo que quem está contra o governo é o próprio governo.

E o aplauso? Porquê o aplauso que, como num circo romano, designou como vencedores do dia o Presidente e o primeiro-ministro e o omitiu o suposto vice-primeiro-ministro, que os analistas e comentadores dão como vencedor desta contenda?

Afinal de contas, quem estava por eles? Por que aplaudiram?

Talvez por estarem dominados pelo medo. Pelo medo do colapso. E por terem visto neles os homens que “salvaram” a coligação e com isso evitaram uma catástrofe. Terão demonizado, por omissão, o Paulo Portas que, solícito, beijava a mão do novo patriarca.

Foi como um aplauso de fim de regime. De regime a quem já só resta o medo do fim e a ilusão de o evitar. Talvez seja um medo exagerado. Ou talvez o medo exagerado precipite o salto para o vazio.

Tudo na cerimónia dos Jerónimos soava a falsa inocência e a um falso desejo de redenção. Como se todos tivessem ido pedir a Deus que fizesse desaparecer a última semana. O beijo de Maria a Cavaco, que o Presidente recebe com surpresa, os apertos de mão forçados, os sorrisos, os olhares que se desviam, os guiões da cerimónia transformados em abanicos…

Um teatro do absurdo com uma missa em pano de fundo e as paredes grossas de um mosteiro que não deixaram entrar o calor mas conservaram a realidade do lado de fora.

Ali um regime e um governo tiveram a ilusão de existir. E, como noutros tempos, foram pedir a Deus a legitimação que perderam.

Um aplauso fez-se ouvir. Mas não era Deus. Era o medo.

A Importância da Meditação

 

Inglória e vaga atitude,
O ideal haverá sempre de ser maior.
Seríamos incapacitados na origem?
Desejar voar e nunca ter asas.
Talvez tenhamos apenas o olhar,
E a distância do céu da imaginação.
E qual é a verdadeira graça da realidade?
Não teria o delírio do sonho força maior?
Como não ter desprezo de si
Se o distante parece ser mera miragem?
E ainda assim sustenta a estranha vontade
O querer chegar neste não sei onde.
E chegar para que
Se o lúdico parece estar apenas no caminho?
Entre pedras duras e delicadas flores,
Num quadro bruto pintado com sensíveis tons.
Alma prisioneira, alma fugitiva....
Sempre esta alma a perturbar.
Tantos são os horizontes,
Imenso é o infinito,
E toda tolice será sempre insuficiente,
E ainda assim necessária
Para ter algo de ingénuo e puro.
E isto talvez seja o grande delírio,
Imaginar o bem infinito,
Pois houvesse ele não havia o mal.
Afinal de contas:
O que é bem? O que é o mal?
Por toda nossa moral esclerosada,
Por toda nossa desgastada ética.
Afinal de contas:
Qual é a promessa que não se cumpre?
E cumprida. Como viver sem promessas?
Iludidos pelo fato de existirmos.
Existirmos na constatação biológica de ser.
Na prova dos sentidos,
Justamente estes que hão de morrer com o corpo.
Então, como criticar os enganos?
Somos ignorantes em toda nossa sabedoria,
E só resta por dizer:
Que de tudo que pensamos saber,
Apenas estamos a brincar
Em nosso frágil castelo de cartas.

Gilberto Brandão Marcon, Sem as Asas do Infinito

  

Não podemos negar que o mundo hoje invade o nosso cotidiano e até mesmo os nossos momentos de descanso e prazer com pressões que se acumulam, tumultuando a nossa mente, tornando assim cada vez mais difícil nos voltarmos para dentro de nós mesmos e visualizar a causa de nossas angústias.

Todos sabemos que as respostas para a maioria de nossas perguntas estão dentro de nós, mas as pessoas insistem em buscar as respostas fora, demorando cada vez mais para se encontrarem.

A meditação é um dos caminhos para esse encontro com nós mesmos. A prática da meditação ajuda-nos a limpar a mente, amplia a capacidade de lembrança e acima de tudo, proporciona prodigiosos insights que podem ajudar a resolver os nossos problemas.

Neste vídeo o mestre budista Thubten Lhundrup ensina-nos técnicas básicas de meditação por meio da respiração, uma das melhores técnicas meditativas para iniciantes.



Fontes: http://sitedepoesias.com/poesias/86609; https://www.youtube.com/watch?v=YpbFOhDsUSw; http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=10412

*Saiba quem é o poeta Gilberto Brandão Marcon em:
http://www.administradores.com.br/u/tarkus/

Ler mais sobre a importância da Meditação em: http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=10412

A Civilização Micénica


A Civilização Micénica é considerada uma das sociedades mais sofisticadas da cultura grega pela grande disseminação artística e pela avançada organização política que via as mulheres com igualdade.

Ela sobreviveu entre os anos de 1600 a.C. a 1050 a.C. com a invasão dos aqueus  na Grécia e desenvolveu-se na Ilha de Creta, ao sul do Mar Egeu, após dominarem os pelágios.

Entretanto, ao contrário das civilizações gregas mais antigas que adoravam uma deusa-mãe, os micénicos passaram a louvar Poseidon, que eles acreditavam ser o governador máximo da Terra. Acredita-se que nesta civilização se dá início às primeiras lendas da Mitologia Grega, pois ao fim deste período o deus principal passou a ser Zeus.

O sistema político e económico era centrado na figura do rei, mas pouco se sabe sobre a hierarquia social da época. Alguns especialistas sustentam que, abaixo dos reis, havia uma forte organização militar detentora de grandes lotes de terra. Os escravos, trabalhadores livres e comerciantes faziam parte da escala social mais baixa.

Os micénicos eram grandes navegadores e construíram embarcações bem mais avançadas que as iniciadas pelos minoicos. Este povo, que se caracterizava pelo aspeto guerreiro, construiu barcos de carga que eram propícias ao combate. Como armamento, os micénicos começaram a utilizar o ferro e o bronze.

Por serem guerreiros, os micénicos ergueram extensas muralhas para proteger os palácios e os gigantescos edifícios funerários, como o Tumba de Atreu. Para proteger o acesso à cidadela de Micenas, eles construíram um complexo mural que ficou conhecido como Porta dos Leões.

Não se sabe ao certo qual foi o real motivo de desaparecimento dessa civilização, mas alguns historiadores acreditam que a invasão dos dórios na região de Creta foi o principal motivo. Os dórios acabaram com toda a potência marítima iniciada pelos micênicos e a Ilha de Creta, que se tornara uma das regiões mais desenvolvidas da Grécia, perdeu sua hegemonia com sua divisão em cidades-Estado, no período da Idade das Trevas grego.
 


Fonte: http://www.infoescola.com/historia/civilizacao-micenica/; https://www.youtube.com/watch?v=b9xAw_ymvRg

Ponte de Lima - Igreja Matriz - 2º Dia - Parte IV



A parada romana segue pela estrada, a caminho da antiga ponte e nós enveredamos pelo caminho até ao centro histórico.

O centro histórico de Ponte de Lima é um lugar impar. Em cada rua, em cada canto, ao virar de cada esquina, existe uma história para contar. Basta ter disponibilidade para a ouvir, para saborear as lendas e as vidas das gentes, honrosamente eternizadas naquele lugar, para onde quer que o olhar fuja.

Nele encontramos igrejas, capelas, estátuas, bustos, poemas, monumentos contemporâneos, outros góticos e manuelinos, enfim… É um lugar de surpresas onde não conseguimos parar de olhar tudo, pois tudo nos conta histórias, e nós para as “ouvirmos”, temos que absorver também tudo o que conseguirmos.

Caminha-se então em direção à Torre de S. Paulo. Na forte parede granítica da Torre de S. Paulo, encontramos um painel de azulejos da autoria de Jorge Colaço alusivo à Reconquista, com as datas de 1140 - 1940 e com uma inscrição "Cabras São Senhor", que alude à Lenda da Cabração.*

Junto da Torre, entramos pelo Arco da Porta Nova, que dá acesso à velha rua da Judiaria. É ali que se encontra na Torre da Cadeia Velha, o posto de turismo, onde aproveitamos para pedir toda a informação necessária para as visitas ainda a realizar naquele fim de semana.

Pela rua da Judiaria segue-se a caminho da Igreja Matriz. No Largo da Igreja Matriz encontramos novamente o monumento alusivo à Vaca das Cordas. A Vaca das Cordas é uma tradição que data de 1646 e que tem lugar na véspera da festa do Corpo de Deus.

Esta tradição tem origem numa lenda local, que refere que a Igreja Matriz da primitiva vila era um templo pagão, onde se venerava uma deusa sob a forma de uma vaca (num texto do historiador grego Diodoro Sículo (IV, 1 8, 3), afirma que na Ibéria, as vacas eram animais sagrados). Quando o templo pagão foi transformado em igreja pelos cristãos, a imagem bovina da deusa foi retirada do nicho onde era venerada e, presa por cordas, foi arrastada pelas ruas da vila até serem completadas três voltas ao templo, sendo depois levada pelas ruas da povoação com "aprazimento" de todos os habitantes. Atualmente é um touro que em jeito de garraiada, percorre as ruas da vila preso por cordas.

Ali bem perto encontramos felizmente aberta a porta da Igreja Matriz de Ponte de Lima. Na fachada principal apresenta-se dividida em dois corpos por cornija ressaltada. O piso térreo é marcado por um pórtico composto de quatro arquivoltas, algumas contornadas com frisos perlados, assentes em colunelos em capitel, No corpo superior rasga-se uma elegante rosácea, com molduras circulares concêntricas e ressaltadas, algumas igualmente ornadas por um bonito friso.

À direita do alçado principal, rematado por uma empena triangular coroada por uma cruz, está a Torre Sineira. Tal como a restante construção da igreja, em pedra aparelhada, a torre abre-se em quatro ventanas de arco pleno, encimadas por relógios e rematadas por ameias.

Na face da torre voltada ao Largo da Igreja Matriz, encontramos um painel de azulejos também da autoria de Jorge Colaço (1868-1942), alusivo à Aclamação de D. João IV em Ponte de Lima, e nele está também inscrita a frase de aclamação proferida pelo povo: “Real, Real, Real, por D. João o IV Nosso Senhor e Rei de Portugal”.

Aos acrescentos da torre feita no século XVI, segue-se a introdução de um arco abatido que sustenta o coro, rasgando-se na esquerda da entrada da igreja, a Capela de Nossa Senhora da Conceição (Padroeira de Portugal), com um bonito vitral e uma cobertura, com uma magnífica abóbada circular. Nela encontram-se as escadas que levam ao cimo da Torre Sineira.

A Igreja no seu interior é composta de três naves. A nave principal, mais larga, é acompanhada pelas duas naves laterais até ao altar. Nas naves laterais encontramos várias capelas que foram encomendadas por particulares.

Na capela-mor, o altar é recoberto na face principal, por uma talha policromada alusiva à Última Ceia. O altar-mor reveste-se de um grande número de relíquias de santos portugueses e estrangeiros.

Podemos observar junto do altar-mor, retábulos de setecentos em esplendorosa talha dourada de 1729, como o da Capela de Nossa Senhora das Dores.



Fontes: http://solagasta.com/passeio-pedestre-centro-historico-de-ponte-de-lima-ponte-de-lima/; http://www.infopedia.pt/$igreja-matriz-de-ponte-de-lima; http://bloguedominho.blogs.sapo.pt/106991.html;
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vaca_das_Cordas

Ponte de Lima - Bairro de Além da Ponte - 2º Dia - Parte III



Finda a dramatização sobre a Lenda das Unhas do Diabo, caminhámos novamente para a zona ribeirinha, onde os vários estabelecimentos comerciais ainda oferecem à moda antiga, os produtos em bancas à entrada.

Ali parámos para almoçar numa esplanada de um dos cafés do Passeio 25 de abril e dali seguimos até à paragem do comboio turístico, com o fim de fazermos uma visita guiada ao Bairro de Além da Ponte, que mais parece um conto de histórias antigas, com muitos solares e casas apalaçadas, cheias de brasões, onde se podem ver ainda, as hortas e a veigas de vinho verde e de onde os habitantes de Ponte de Lima tiravam muito do seu provento.

De comboio, passamos a Ponte Romana que deu o nome à vila e lhe traçou o destino, e por onde também passaram outrora os centuriões de Roma que mantinham a paz de Augusto. Por ela passava a vila militar que ia de Braga a Tui. Mas foi também por causa desta ponte, que nas lutas pela independência do Condado Portucalense, D. Teresa, fez povoar a margem esquerda do rio Lima, num lugar que tomou o nome de Lugar da Ponte, e assim nasceu Ponte de Lima.

Depressa se chega à bonita Igreja de Santo António da Torre Velha (designação que é devida a uma antiga torre do reduto medieval, que coexistiu com a igreja até meados do séc. XIX), da qual se destaca a alta torre, com gárgulas em cada um dos seus cantos.  

Ao fundo, no parque ajardinado por trás da Igreja, observa-se a Capela do Anjo da Guarda, também chamada Capela de São Miguel do Abrigo, na margem oeste. É uma pequena construção de raízes românicas e góticas, que chama a nossa atenção pela forma singela com que se insere na paisagem.

Logo à frente se chega à porta do Museu do Brinquedo de Ponte de Lima. No pátio exterior, depois de passado o portão em ferro forjado, espera o visitante uma pequena feira de trocas de usados brinquedos antigos. No interior, espera-nos uma exposição repleta de magia que nos transporta ao mundo dos brinquedos antigos, com jogos, bonecas, soldadinhos de chumbo, que fazem referência à história de várias épocas, cidades em miniatura, que mostram a arquitetura tradicional portuguesa, mostrando-nos também a ligação do brinquedo às suas múltiplas facetas sociológicas: de que foram feitos e como foram utilizados para divulgar cultura e moda, e como as meninas foram educadas a partir da mais antiga figuração humana.

Novamente no comboio que agora se encaminha para o lado esquerdo, tomamos contacto com a pacata vida feita por algumas famílias brasonadas de Ponte de Lima, feita nas casas rurais e senhorias que construíram na margem direita do Lima.

É também ali que mais à frente encontramos o Museu Rural, onde está registada a importância da agricultura para aquela região.

Bem próximo deste, encontra-se a área designada por Jardins Temáticos do Arnado, destinada à realização do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima, que ocorre de maio a outubro, e que já vai na 9ª edição. No próximo ano irá ser realizada a 10ª edição do Festival, sob a temática "Jardins em Festa".

Segundo a guia da visita, na área dos Jardins Temáticos do Arnado, foram reutilizadas as estruturas pré-existentes de uma antiga exploração agrícola, para serem criados jardins característicos de diversas épocas, bem como plantações com sentido pedagógico, sendo constituído um verdadeiro horto botânico, que inclui uma grande estufa, uma vinha, um espigueiro e claro espaços destinados à realização dos Jardins Temáticos do festival.

Passa-se novamente a ponte e aproveitamos para olhar a beleza do rio Lima e das suas margens. Na margem esquerda de volta ao centro histórico de vila e depois de sairmos do comboio, junto do Mercado Municipal, caminhamos pelo Passeio 25 de abril de volta ao centro histórico.

No caminho encontramos mais uma encenação, desta feita é uma reposição histórica, relativa à Lenda do Lethes, que nos faz recuar à época da expansão e conquista romana.

Esta reposição histórica tenta explicar-nos como as legiões de Roma chegam à península, ambiciosas das riquezas que por cá abundavam.

Durante esses anos de lutas ferozes contra o invasor, as várias tribos que habitavam a Península uniram esforços e antigos e tenazes inimigos, lutaram em conjunto com o mesmo objetivo: Derrotar as legiões de Roma comandadas por Décius Junus Brutus.

Depois de fazerem a travessia do vale, os soldados romanos chegaram à margem esquerda do rio Limaia, a quem chamaram de flumen oblivionem.

Diante da beleza deste lugar, os soldados, convencidos de que estavam diante do mítico rio Lethes, que limpava todas as lembranças de quem se atrevesse a cruzá-lo, e com receio que a loucura se apodera-se deles e não pudessem jamais recordar-se da família, dos amigos ou da pátria, recusaram-se a atravessar o rio, até que Décius Junus Brutus pôs termo à situação, fazendo cair o mito.

Fontes:http://wikitravel.org/pt/Ponte_de_Lima http://estrelaseouricos.crescer.sapo.pt/programas/um-dia/um-mundo-de-brincar-em-ponte-d-6923-0.html ; http://ruarte-martes.pontedelima.com/lendas-de-ponte-de-lima/ ; http://www.casas-de-ferias.com.pt/propriedades/pdfs/pontedelima51648445011.pdf ; http://www.cm-pontedelima.pt/noticia.php?id=1539 ;

Ponte de Lima - Na margem do Lima - 2º Dia - Parte II



Da margem esquerda do rio Lima caminha-se através do Campo da Feira para o Passeio 25 de abril, até junto da velha muralha, onde um comprido banco de madeira pintado de vermelho chama a nossa atenção. Encostado ao velho pano de muralha, o comprido banco, está situado numa espécie de varanda de granito virada ao rio, que convida ao descanso e à contemplação das margens do Lima ou à observação do passar das gentes pelo largo e bonito Passeio 25 de abril.

Mas na varanda junto do comprido banco, ainda encontramos um canteiro com amores-perfeitos e um simples e singelo monumento em forma de medalhão, com um busto do poeta Teófilo Carneiro, um ilustre filho da terra, acompanhado de uma lápide, com uma bonita e tocante quadra dedicada à beleza do rio Lima, de sua autoria.

Pintores de Portugal. Ajoelhai!

Isto é um milagre, não é cor nem tinta!

Mas não pinteis, pintores! Orai, rezai!

Uma beleza destas não se pinta!

Naquela tarde queríamos assistir às dramatizações, que iriam ocorrer em várias horas do dia e um pouco por todo o centro histórico, com encenações relativas às lendas e mitos de Ponte de Lima.

É uma destas dramatizações que de mediato começa ali perto, no Largo da Igreja Matriz para onde acorremos. A dramatização em causa era relativa à Lenda das Unhas do Diabo realizada pelo grupo Gorilas.

A Lenda das "UNHAS DO DIABO” é uma antiga lenda, que conta a história de um escrivão desonesto, usurário, falsificador de documentos, que durante a sua vida arruinou clientes, seduziu inocências e difamou quem vivia livre de qualquer suspeita, e que ao ver a morte chegar arrepende-se chamando um sacerdote.

No dia do enterro, durante a noite, depois do sino tocar as doze badaladas da meia-noite, chega uma figura sinistra ao convento onde fora sepultado… Afirmando ser um parente afastado do escrivão solícita que o levem até à campa para lhe prestar uma última prece. Perante a incredulidade dos monges, arranca com uma força sobrenatural a pedra que ocultava o caixão. Com um murro violento nas costas do defunto, obriga-o a vomitar, sobre um cálice, saindo intacta a hóstia consagrada que o hipócrita havia engolido antes de falecer. Depois, arrebatou o corpo inerte do escrivão e acompanhado por muitas outras almas demónicas, fugiu por uma das janelas da igreja, sumindo-se na noite e deixando gravado na pedra as unhas do Diabo.

Fontes: http://ruarte-martes.pontedelima.com/lendas-de-ponte-de-lima/ ; http://arquivo.cm-pontedelima.pt/figura.php?id=12