Ponte de Lima - Ribeira Lima - 2º Dia - Parte V



Depois da visita à Igreja Matriz, seguimos um pouco ao acaso pelas ruas de Ponte de Lima, até que chegámos ao Largo Camões, a sala de visitas da vila, onde parámos para descansar numa das suas muitas esplanadas.

No Largo Camões, destaca-se o seu bonito e nobre Chafariz, que foi concluído em 1603, com as armas de Ponte de Lima. Este largo fica hoje situado onde outrora existiu parte da cerca muralhada da vila, que separava o extenso areal ribeirinho de um interior onde coabitavam espaços verdes, casas e quintais, que estavam a norte balizadas pela rua da Ponte na qual entroncava a rua do Rosário e a sul pela rua da Ribeira, hoje chamada do Postigo, que desembocava no Passeio 25 de abril, bem ao lado da Torre de S. Paulo.

Na segunda metade do séc. XIX, com a demolição da muralha e da Torre dos Grilos que se encontrava à boca da ponte, o espaço do futuro Largo de Camões ganhou uma outra dimensão. Os quintais que tinham como baliza a parede da muralha passaram a ficar devassados e as casas que nela entestavam, foram obrigadas a encontrar um novo apoio ou a reorganizar as suas estruturas e fachadas.

Naquela tarde de sábado, a música ecoava alta no Largo Camões, pelo que preferimos ir até à ponte, para dali olharmos mais uma vez o rio.

Caminha-se depois pelo Passeio 25 de abril, a caminho da autocaravana, a fim de continuarmos a viagem até Ponte da Barca, onde iríamos ficar, para descobrir mais belezas das margens do Lima, a montante desta bela vila.

No caminho e mais uma vez se vê à esquerda a Torre de S. Paulo, do séc. XIV, e a Torre da Cadeia Velha, que serviu de cadeia até aos anos sessenta do séc. XX.

Do lado direito, no Passeio 25 de abril encontramos também o imponente Pelourinho de Ponte de Lima, que tem sofrido ao longo do tempo várias remodelações desde 1755, que lhe acrescentaram altura além das armas do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve.

O Pelourinho encontra-se em frente do edifício dos Passos do Concelho, assente numa plataforma de três degraus circulares. Tem base cilíndrica e lisa e o fuste é liso de secção circular que vai estreitando até ao topo. Dali pode olhar-se bem o rio Lima.

Antes de deixar para trás Ponte de Lima, convém aqui referir que ali, as águas mansas do rio Lima e as suas largas margens de areal, guardam além da Lenda do Lethes, uma outra a quem as gentes limianas deram o nome de Lenda do Galgo Preto.

A Lenda do Galgo Preto é uma história que tem por certo um fundo verdadeiro, pois é bastante usual por terras de Portugal, os mancebos marialvas, deixarem as suas “amadas” sós e abandonadas, depois de as saberem enamoradas.

Conta esta lenda, que El-Rei D. Manuel I tinha por grande companheiro um fidalgo, D. Ruy de Mendonça. Quando este soberano decidiu ir de peregrinação a Santiago de Compostela levou esse seu amigo fidalgo com ele, passando por Ponte de Lima, onde ficaram para repousar. Foi então que nesses dias nesta vila, que D. Ruy conheceu D. Beatriz de Lima, de descendência fidalga por parte do pai e moirama por parte da mãe, por quem se apaixonou. 

No momento de retomar a viagem a Santiago de Compostela, os jovens enamorados despediram-se junto do rio Lima jurando amor eterno. Não contente com isso, a jovem voltou a pedir a D. Ruy que jurasse mais uma vez, mas agora pelas águas correntes do Lima. O jovem jurou, dizendo-lhe que iria amá-la até que as águas se esgotassem para sempre.

Passados alguns meses, soube-se pelo reino que D. Ruy iria casar com uma dama da Corte. No dia da boda, D. Ruy, ao entrar para a carruagem que o levaria ao altar, caiu morto! Seguidamente a esta morte, começou a aparecer nas areias que contornavam o rio Lima, um enorme galgo preto.

A vila ficou atónita e havia muitos que acreditavam ser este galgo a a alma de D. Ruy, que ali iria ficar, deambulando pelo areal, espiando a vingança de D. Beatriz, que lhe ditara passar duro castigo, até que as águas do Lima acabem o seu percurso líquido e brando, isto é, para todo o sempre!

Se alguma vez passarem ao anoitecer na ponte que dá o nome a esta encantadora vila do Lima e olharem para o areal das margens do rio, talvez vejam uma sombra negra, dando reviravoltas no areal, aproximando-se do rio, parecendo beber com sofreguidão, quedar-se a olhar atonita para a corrente das águas, e depois caminhar vagarosa e cabisbaixa para os lados de Viana do Castelo, até desaparecer de todo.

Fontes: http://ruarte-martes.pontedelima.com/lendas-de-ponte-de-lima/;http://www.verportugal.net/Viana-Do-Castelo/Ponte-De-Lima/Ponte-De-Lima/Patrimonio/Pelourinho-de-Ponte-de-Lima=001064;http://solagasta.com/passeio-pedestre-centro-historico-de-ponte-de-lima-ponte-de-lima/; http://www.cm-pontedelima.pt/ponto_interesse.php?id=1: http://www.folclore-online.com/lendas/minho/galgo_preto.html#.UecD7aVda00; http://vem-conhecer.blogspot.pt/2009/04/lenda-do-galgo-preto.html

 

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