Ponte de Lima - Igreja Matriz - 2º Dia - Parte IV



A parada romana segue pela estrada, a caminho da antiga ponte e nós enveredamos pelo caminho até ao centro histórico.

O centro histórico de Ponte de Lima é um lugar impar. Em cada rua, em cada canto, ao virar de cada esquina, existe uma história para contar. Basta ter disponibilidade para a ouvir, para saborear as lendas e as vidas das gentes, honrosamente eternizadas naquele lugar, para onde quer que o olhar fuja.

Nele encontramos igrejas, capelas, estátuas, bustos, poemas, monumentos contemporâneos, outros góticos e manuelinos, enfim… É um lugar de surpresas onde não conseguimos parar de olhar tudo, pois tudo nos conta histórias, e nós para as “ouvirmos”, temos que absorver também tudo o que conseguirmos.

Caminha-se então em direção à Torre de S. Paulo. Na forte parede granítica da Torre de S. Paulo, encontramos um painel de azulejos da autoria de Jorge Colaço alusivo à Reconquista, com as datas de 1140 - 1940 e com uma inscrição "Cabras São Senhor", que alude à Lenda da Cabração.*

Junto da Torre, entramos pelo Arco da Porta Nova, que dá acesso à velha rua da Judiaria. É ali que se encontra na Torre da Cadeia Velha, o posto de turismo, onde aproveitamos para pedir toda a informação necessária para as visitas ainda a realizar naquele fim de semana.

Pela rua da Judiaria segue-se a caminho da Igreja Matriz. No Largo da Igreja Matriz encontramos novamente o monumento alusivo à Vaca das Cordas. A Vaca das Cordas é uma tradição que data de 1646 e que tem lugar na véspera da festa do Corpo de Deus.

Esta tradição tem origem numa lenda local, que refere que a Igreja Matriz da primitiva vila era um templo pagão, onde se venerava uma deusa sob a forma de uma vaca (num texto do historiador grego Diodoro Sículo (IV, 1 8, 3), afirma que na Ibéria, as vacas eram animais sagrados). Quando o templo pagão foi transformado em igreja pelos cristãos, a imagem bovina da deusa foi retirada do nicho onde era venerada e, presa por cordas, foi arrastada pelas ruas da vila até serem completadas três voltas ao templo, sendo depois levada pelas ruas da povoação com "aprazimento" de todos os habitantes. Atualmente é um touro que em jeito de garraiada, percorre as ruas da vila preso por cordas.

Ali bem perto encontramos felizmente aberta a porta da Igreja Matriz de Ponte de Lima. Na fachada principal apresenta-se dividida em dois corpos por cornija ressaltada. O piso térreo é marcado por um pórtico composto de quatro arquivoltas, algumas contornadas com frisos perlados, assentes em colunelos em capitel, No corpo superior rasga-se uma elegante rosácea, com molduras circulares concêntricas e ressaltadas, algumas igualmente ornadas por um bonito friso.

À direita do alçado principal, rematado por uma empena triangular coroada por uma cruz, está a Torre Sineira. Tal como a restante construção da igreja, em pedra aparelhada, a torre abre-se em quatro ventanas de arco pleno, encimadas por relógios e rematadas por ameias.

Na face da torre voltada ao Largo da Igreja Matriz, encontramos um painel de azulejos também da autoria de Jorge Colaço (1868-1942), alusivo à Aclamação de D. João IV em Ponte de Lima, e nele está também inscrita a frase de aclamação proferida pelo povo: “Real, Real, Real, por D. João o IV Nosso Senhor e Rei de Portugal”.

Aos acrescentos da torre feita no século XVI, segue-se a introdução de um arco abatido que sustenta o coro, rasgando-se na esquerda da entrada da igreja, a Capela de Nossa Senhora da Conceição (Padroeira de Portugal), com um bonito vitral e uma cobertura, com uma magnífica abóbada circular. Nela encontram-se as escadas que levam ao cimo da Torre Sineira.

A Igreja no seu interior é composta de três naves. A nave principal, mais larga, é acompanhada pelas duas naves laterais até ao altar. Nas naves laterais encontramos várias capelas que foram encomendadas por particulares.

Na capela-mor, o altar é recoberto na face principal, por uma talha policromada alusiva à Última Ceia. O altar-mor reveste-se de um grande número de relíquias de santos portugueses e estrangeiros.

Podemos observar junto do altar-mor, retábulos de setecentos em esplendorosa talha dourada de 1729, como o da Capela de Nossa Senhora das Dores.



Fontes: http://solagasta.com/passeio-pedestre-centro-historico-de-ponte-de-lima-ponte-de-lima/; http://www.infopedia.pt/$igreja-matriz-de-ponte-de-lima; http://bloguedominho.blogs.sapo.pt/106991.html;
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vaca_das_Cordas

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