Espaçonave Terra

 
Cada um de nós é simplesmente um mero tripulante de uma grande espaçonave que todos os anos percorre mais de novecentos e vinte milhões de quilómetros pelo espaço. Estamos a falar, é claro, da Espaçonave Terra, que se move em torno do Sol enquanto este nos leva, junto com todos os demais integrantes da grande família solar, num longo passeio pela galáxia.


Mas a Terra é também um planeta muito especial, pois é o único planeta que ofereceu condições à existência de vida. A atmosfera e o seu campo magnético ajudam para que não aconteçam catástrofes, como a entrada de meteoritos e a alta radioatividade do sol e das estrelas.


A Terra é por isso um bem único, que não tem qualquer termo de comparação e por isso um bem a preservar para as gerações futuras. A nossa intervenção no planeta Terra decidirá o seu futuro e o futuro de todas as formas de vida.


Infelizmente os “comandantes” desta grande nave estão mais interessados com o momento e só preocupados com o lucro fácil, não se importando com as consequências. Talvez quando alguém quizer tomar realmente as devidas providências, seja tarde demais…


No entanto todos os tripulantes da Espaçonava Terra, têm o direito a um ambiente saudável e igualmente o dever ético, moral e politico de preservá-lo para as presentes e futuras gerações. É preciso então que se consolide esse princípio como ato de cidadania, condição essencial para construirmos uma sociedade sustentável. Enquanto isso, devemos cada um de nós fazer a nossa parte, protegendo o ambiente ou reinvidicando por melhores condições para o planeta.


Espaçonave Terra é 8º episódio de uma série de 12 documentários relativos ao tema geral “O Universo”, que aqui vem sendo dado a conhecer às sextas-feiras.


Boa visualização...

 


Fonte: http://www.youtube.com/  ; http://www.zenite.nu/ ; https://sites.google.com/ ; http://luanagsantos.wordpress.com/


Gerês - Da Pedra Bela à Cascata do rio Arado - 4º Dia - Parte II




Antes de se deixar o Miradouro da Pedra Bela, olha-se durante largo tempo as belas vistas, a partir daquela que é uma perfeita janela aberta sobre o Parque Nacional da Peneda Gerês, observando atentamente a magnífica beleza daquele espaço imenso, formado pela Albufeira da Caniçada, os rios que molham a serra, e claro a própria serra ondulante e com densa vegetação, que formam no seu todo uma das paisagens mais belas do Portugal.

Parte-se depois a caminho de Ermida, para mais uma etapa de encantar. Falar do Gerês é falar de natureza, é ver por entre o granito cinzento das montanhas o verde da densa vegetação. As águas cristalinas que correm ora por fontes, ora por cascatas, ora por rios, ora por ribeiros, envolvidas por toda essa imensa biodiversidade e ar puro, e que nos proporcionam uma calma e um prazer enorme a todos aqueles que o visitam.

No caminho e mais uma vez, somos acompanhados pelo verde intenso da folhagem de uma enorme variedade de espécies arbóreas, arbustivas e rasteiras. Estamos na presença da Mata de Albergaria que é um dos mais importantes bosques do Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), constituída predominantemente por um carvalhal secular, mas que inclui também muitas espécies características da flora geresiana, além das mais variadas coníferas próprias de zonas altas e frias.
 
A Mata de Alberegaria fica situada entre as Caldas do Gerês e a Portela do Homem a oeste, estendendo-se para norte em direção a Ermida e Fafião, e para sul, onde termina em Campo do Gerês. É uma reserva botânica que alberga um importante carvalhal em estado natural, que além do seu valor ecológico, possui importante valor histórico, pois é visível em toda a sua extensão, o resto da Geira Romana, com os seus marcos miliários.

Possui um ecossistema quase intacto, uma vez que a baixa presença humana nesta mata não rompeu o seu frágil equilíbrio, cuja riqueza e variedade contribuíram para a sua classificação pelo Conselho da Europa, como uma das Reservas Biogenéticas do Continente Europeu.

Quando se chegou ao cruzamento situado à entrada de "Ermida", com as indicações "Pedra Bela" à direita e "Cascata do Arado" à esquerda, virou-se nesta última direção e é ali que e acaba o luxo do alcatrão.

Seguimos então por uma estrada estreita em terra batida e em muito mau estado. Quando o caminho começa a descer deixámos a autocaravana e a pé continuámos o caminho, até à ponte que faz a ligação entre as duas margens do rio Arado.

O segundo objetivo do percurso que se tinha idealizado para aquele dia, a observação da linda “Cascata do Arado”, estava próximo de ser realizado!... O entusiasmo aumentava à medida que se caminhava, atingindo-se um sentimento de verdadeira espectativa…

Junto da ponte observa-se o rio Arado que corre entre calhaus rolados, no sentido sul–norte. Ali o rio é ainda muito jovem, acabado de nascer lá em cima, no início da cascata, nos contrafortes da elevação abrupta, situada na margem direita do vale, para onde corre o rio Arado.

A Serra do Gerês é entalhada por uma rede de drenagem organizada em torno de cinco cursos de água principais, todos afluentes do Rio Cávado. O rio Arado é um desses troços.

Passa-se a ponte e toma-se o caminho do lado esquerdo, que sobe encostado à encosta do morro escarpado, que limita a margem esquerda do rio. O caminho com lanços de escadas, está em mau estado, mas nota-se que não foi sempre assim, fazendo adivinhar que já teve melhores dias.

No caminho e a meia encosta, pára-se para se beber água fresquinha da serra, numa fonte à direita do caminho e logo à  esquerda encontramos o miradouro de onde se observa bem a Cascata do Arado, que cai de uma altitude de cerca de 750 metros.

A Cascata do Arado faz parte de um belo conjunto de cascatas formadas por numerosos ribeiros que pontificam no Parque Natural da Peneda-Gerês. A Cascata do Arado diferencia-se de muitas outras pela precipitação das águas em consecutivos degraus, onde se formam conchas que armazenam água muito límpida.

Seguindo o caminho com espírito aventureiro, sobe-se o monte até ao alto e chega-se a um pequeno planalto onde existe uma grande rocha de granito. Descansa-se... E ao fundo um pequeno riacho que tem a sua foz no Arado. Lá em baixo, bem pequenina, a ponte sobre o rio espera por nós à descida.


Fonte: http://www.oquevisitarem.com/ ; http://www.cm-terrasdebouro.pt/ ; http://www.lifecooler.com/ ; http://www.igogo.pt/ ; http://www.serra-do-geres.com/

 

Gerês - De Caldas do Gerês à Pedra Bela - 4º Dia - Parte I




No último dia do final de semana no Gerês e antes de partirmos a caminho de casa, tínhamos planeado um último percurso pela Serra do Gerês. Este último percurso é no seu todo um misto constante de beleza e aventura.

Partimos então do Parque de Campismo do Vidoeiro, deixando para trás o ativo e fresco rio Gerês, a caminho das Caldas do Gerês, e logo à frente à esquerda, encontrámos o cruzamento que nos levaria por estrada estreita, ingreme e sinuosa, até ao alto da serra.

Pelo caminho que se faz devagar, mas com andamento suficiente para vencer a inclinação, subimos a encosta sul da montanha sobranceira ao desfiladeiro das termas. Pelo caminho a floresta abraça a estreita estrada alcatroada, e aqui e ali os riachos brotam impetuosos em cascatas que descem a caminho do vale.

A meio caminho pára-se para provar a água límpida que sai por uma bica, na Fonte do Curral do Gaio. Novamente a caminho do alto da serra, segue-se por estrada que por vezes afunila, fazendo temer a passagem por outros veículos que circulem em sentido contrário, uma vez que por vezes não possui qualquer resguardo, nem escaparates.

Chegados ao cume da montanha, são 830 metros que se atingem e a vegetação luxuriante que nos acompanhou durante todo o caminho não se aligeira, pois a arborização contínua densa, mas a estrada alarga, fazendo com que se respire de alívio e com um prazer redobrado porque ali se nota um ar mais puro, embora mais rarefeito. Ali dominam as coníferas das mais variedas espécies.

Seguimos então para a direita, quando uma tabuleta nos indica a direção do Miradouro da Pedra Bela. Paramos a autocaravana e seguimos a pé por um caminho em terra batida, em direção ao antigo miradouro. Encontra-se em primeiro lugar uma bonita construção em granito, com uma torre de vigia e que corresponde à antiga casa do guarda-florestal, hoje em estado de abandono, e à sua volta vê-se um grande aglomerado de penedos graníticos. Subimos por eles acima e ali empoleirados observamos as magníficas vistas em direção oeste, que impressionam. Como uma verdadeira vista aérea, observa-se primeiro a densa floresta de pinheiros e coníferas com exemplares de grande porte, misturados com outras espécies arbóreas como o carvalho, o azereiro e o medronheiro, entre outras… Lá em baixo o casario, que se estende pelas vertentes mais baixas do vale estreito, percorrido pelo rio Gerês.
 
Depois caminha-se em sentido contrário, mais alguns metros por estrada alcatroada, que nos separam do miradouro novo da Pedra Bela. Os visitantes são em maior número, pois dali se desfruta de um panorama de beleza arrebatadora. É um dos mais belos miradouros de Portugal, que fica situado a uma altitude de 834 m, onde a vista tudo abarca…

É ali que encontramos uma lápide em bronze, com o poema "Pátria" de Miguel Torga, que segundo alguns conhecedores da sua vida e obra, afirmam que foi escrito ali, na Pedra Bela.
 
A Pedra Bela desde sempre encantou quem por ali passa, dizendo os antigos que foi a mão divina que aqui a colocou, como que uma peça num presépio, perfeita e imponente. Este é um dos locais mais famosos do Gerês, e uma vez avistando a paisagem, percebe-se instintivamente o porquê. Montanhas, a Albufeira da Caniçada, os rios que serpenteiam a serra, a confluência do rio Cávado com o rio Caldo, a vegetação própria daquela serra, ou a estonteante Portela do Homem!…
 
Sobe-se um pouco mais, por uma escadaria em pedra que nos leva até ao miradouro com corrimões de ferro galvanizado. Como águias que pairam nas alturas, observamos lá em baixo as Caldas do Gerês com o seu casario confinado pelo desfiladeiro das termas. Para Este estende-se a Albufeira da Caniçada formando o grande lago que se espraia até à Barragem do Rio Caldo.  Ao longe, mas bem distintas as elegantes e brancas pontes do rio Caldo mostram que a partir dali é a serra que se impõe. À volta das águas da albufeira, os altos picos da Serra do Gerês emolduram a paisagem, fazendo realçar a beleza magnificente do conjunto.

É especialmente ali que  se impõe recordar mais uma vez Miguel Torga, um filho daquelas terras. "Gosto de rever certas paisagens, ainda mais do que reler certos livros. São belas como eles e nunca envelhecem. O tempo não degrada a linguagem que as exprime. Pelo contrário. Enriquece-a, até, num esforço de perfeição constante que, embora involuntário, parece intencional. (...) E eu olho, olho, e não me canso de admirar uma placidez assim permanentemente movimentada (...)." (Gerês, 3 de agosto de 1959, Diário VIII).
 
Fonte: http://fragasepragas.blogspot.com/ http://www.serra-do-geres.com/ http://www.guiadacidade.pt/ http://www.igogo.pt/ http://www.serra-do-geres.com/
 

Temor, Tremor ou Amor?

Depois da série de documentários, subordinados ao tema “O Poder da Arte” da BBC, que terminou na última segunda-feira, irei aqui trazer mais alguns belíssimos episódios do Café Filosófico, exibidos no Brasil pela TV Cultura.

Há no homem uma fratura profunda: somos um poço que contempla o céu. Não sabemos quem somos, nem porque aqui estamos. Esta pergunta sempre nos guiou em direção aos deuses. A história das religiões nos ensina como amor e medo andam lado a lado, como força e destruição são irmãs, como fé e sofrimento se completam quando se trata de deuses. Diante de um universo cada vez mais vazio, um palco de pedras, o que o homem contemporâneo poderia encontrar na religião que o ajude a compreender porque ele tem tanto medo? Por que Deus nos proíbe de sermos covardes?

O episódio aqui apresentado é uma palestra realizada pelo historiador e filosofo Leandro Karnal, que aqui faz uma análise sobre a ideia do medo nas religiões.

Leandro Karnal é graduado em História e Filosofia, doutorado em História pela USP, pós doutorado na UNAM do México e no CNRS de Paris. Além disso, é professor e coordenador da pós graduação da Unicamp e autor de diversos livros, entre outros "História dos Estados Unidos" e "Teatro da Fé", e coautor do recente "Religiões que o mundo esqueceu" e "História da Cidadania".

A não perder…


Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=Bk4DkKaL6L8&playnext=1&list=PLSNFU0COWUJQA_HZ8DDFQ_GSBUDPFXJS7

O Estado da Nação


Numa altura em que o país se prepara para o regresso ao quotidiano, vale a pena auscultar o pulsar da Nação. As espectativas, os comportamentos e os medos dos portugueses.
 
Com o Orçamento de 2013 à porta e a perspetiva de mais austeridade, será que há um rumo estratégico para o país? O serviço pú...blico de televisão, RTP 1, entrevistou José Gil.
José Gil é um filósofo, ensaísta, investigador e professor universitário que foi galardoado com o Prémio Vergílio Ferreira 2012 instituído pela Universidade de Évora, devido à relevância do seu pensamento, e ao seu "contributo singular para uma reflexão profunda sobre a identidade do Portugal contemporâneo".
Proponho então que se visualizem duas entrevistas. A primeira foi realizada pela jornalista Fátima Campos Ferreira, na Edição Especial de 04 Set 2012 - RTP Play - RTP (http://www.rtp.pt/play/p760/e91756/edicao-especial).

1ª Entrevista (Clique p.f. em cima do seguinte link):


(Ainda poderá além desta, visualizar mais duas entrevistas a duas personalidades de referência da vida pública nacional, aos professores António Sampaio da Nóvoa e Diogo Freitas do Amaral. Conceitos e opiniões diferentes que podem contribuir para uma melhor compreensão do que está a acontecer a Portugal, à Europa e ao Mundo, e que poderão ser visualizados em: Edição Especial de 03 Set 2012 - RTP Play - RTP ; Edição Especial de 05 Set 2012 - RTP Play - RTP)
A 2ª Entrevista foi a última entrevista dada por José Gil, à RTP – Antena 1 realizada ontem (2013-01-05 13:00:00) e conduzida pela jornalista Rosário Lira. Nela é feita uma análise sobre O país em 2013. O futuro, o empobrecimento, a política de austeridade. Os portugueses e a crise que vai aumentar e desmascarar toda uma sociedade. Reflexões de um dos maiores pensadores portugueses de sempre.

2ª Entrevista (Clique p.f. em cima do link seguinte):



Romantismo do Desespero



Como legado de meu pai, herdei uma coleção de velhas revistas “BROTÉRIA”, de edições dos anos 50, que venho lendo aos poucos ao deitar. Um dos últimos artigos lidos foi um estudo/reflexão da sociedade daquela época, cujo tema é "Romantismo do desespero", (BROTÉRIA - REVISTA CONTEMPORÂNEA DE CULTURA, Vol. LXV, número 4, Outubro de 1957, pp. 291-308), do Pe. Agostinho Veloso e que para mim não é mais do que um texto profético que agora se confirma.
Procurei o texto na internet, mas não o encontrei, só aparecendo um registo da sua existência na página web da revista BROTÉRIA, que ainda hoje se edita, mas agora com a designação, BROTÉRIA – CRISTIANISMO E CULTURA.
Por ser o seu conteúdo de enorme atualidade, copiei a primeira parte. É uma excelente reflexão para oferecer, em tempos que a confirmam e que sempre se repetem, e ainda recordar a escrita e o pensar do Pe. Agostinho Veloso, um «Jornalista de garra e verbo camiliano»*.
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Romantismo do Desespero

“Mais ce n’est pas justement à un surcroît de rêve, entretenu par de célèbres esthètes de fausses prophéties, que l’on doit ce romantisme du désespoir?”

                                                                       Jean-Marie Creuzeau (1)

Na vida, como na sua expressão literária e artística, o mundo dá-nos a impressão de ter perdido a alma. Mas, porque a alma está lá, o mundo dá-nos também a impressão de se contorcer em vascas de desespero. E, como o desespero é mau conselheiro, não admira que o mundo se esteja a transformar também ou numa leoneira de ferras, ou numa estância de loucos.

A paixão lúdica, tão característica do nosso tempo, vem daí. Nasce deste terrível estado de espírito, a que chegou o homem sem Deus, e se pode comparar à inquietação da agulha magnética, depois de ter perdido o norte. A agulha nem sente nem pensa. Se sentisse e pensasse, para ela, o facto de ter perdido o norte, seria, ao mesmo tempo, o desespero e a loucura. Ora, o homem moderno vai perdendo o sentido do sobrenatural. E é também nessa medida que ele se vai precipitando no desespero e na loucura. Desespero, até ao suicídio; loucura até ao absurdo, tanto no pensar, como no viver.

Estou a escrever isto, e a pensar em Lucrécio, cujo ateísmo o lançou, precisamente, no suicídio e na loucura. E penso, também em Pascal, debruçado sobre o paradoxo humano, paradoxo feito de grandeza e de miséria – uma grandeza que fala de Deus, que para Si nos criou; e uma contradição só em Cristo e por Cristo se poderia resolver.

Como diz Pascal, “La connaissance de Dieu sans celle de sa misére fait-l’orgueil. La connaissance de sa misére sans celle de Dieu fait de dásespoir. La connaissance de Jésus-Crist falt le milieu, parce que nous y trouvons et Dieu et notre misére” (2). Mas quem é Jesus Cristo, para essas pobres vítimas do romantismo do desespero, tão frequentes no nosso tempo?

Conduziu-me a estas reflexões uma breve meditação sobre dois desastres recentes: o que matou James Dean e o que ia matando Françoise Sagan. Ambos eles exemplificam o romantismo do desespero, em que o nosso mundo se está a precipitar, e em escala cada vez mais alarmante. “Dentro do carro, - dizia Dean – sinto que sou uma estrela”. Era a loucura romântica a roçar pelas raias da megalomania. E o resultado foi esfacelar-se, ainda rapaz, com o carro que conduzia à velocidade de 150 quilómetros por hora! “Adoro conduzir com os pés nus”, - dizia Sagan, num acesso ultra-romântico de exibicionismo patológico. E foi assim que ela, quando conduzia à mesma velocidade do comparsa americano, por pouco não ia tendo a mesma sorte…

Sente-se, no mundo contemporâneo, uma fadiga geral, que vai do delírio da acção, até ao “dolce far niente”, como lei suprema da vida. O meio termo, que é o centro do equilíbrio criador, tornou-se cada vez mais difícil. A reflexão repousada e atenta supõe um ideal supremo da vida, um ideal a que todos os outros se devem subordinar. Ora esse ideal supremo é inconcebível, se o homem não passa de um epifenómeno da matéria, e se todas as suas acções se confinam, no tempo e no espaço, aos estremos limites da sua passagem pelo mundo.

Mas o espirito está lá, e, com ele, estão aspirações incoercíveis de infinito, que o homem pode iludir, mas não pode experimentar. Daí, antinomias insuperáveis, que solicitam o homem para fora das linhas clássicas da existência, e o projectam num mundo de sonho, em que se refunde, afinal, o romantismo do desespero, para onde os estetas de falsas profecias nos estão a conduzir.

Para o romantismo do desespero, nem contam as leis eternas de Deus, nem valem as leis de emergência dos homens. Daí, a rebelião e o azedume, numa atitude constante de desconfiança e de autodefesa, tão facilmente encontradiça, por exemplo, em todos os filmes, em que James Dean é protagonista. Estou a pensar em “Fúria de Viver”, “A leste do Paraíso” e “O Gigante”. São filmes sombrios, feitos à imagem semelhança do actor, que nem sequer precisou de representar, para aparecer em cena. Bastou-lhe ser ele, tal e qual o romantismo do desespero o fez.

Em “Fúria de Viver”, James Dean é um inadaptado incorrigível, na escola e em tudo, e, por isso, um falhado e um indesejável social. Em “A leste do Paraíso”, a inadaptação e o cinismo atingem o desespero dentro do próprio lar paterno. E em “O Gigante”, vemo-lo encarnar o egoísmo cínico do arrivista falhado, no que há de mais profundamente humano no coração do homem. Creio serem estes os únicos filmes em que James Dean colaborou, e em todos eles o protagonista se desentranha em gestos absurdos, ferozmente egoístas, e com total desprezo pela comunidade. O reflexo da auto-defesa, que corresponde a este criminoso desprezo para com a comunidade, conduz, pelo seu próprio peso, à constituição de pequenos estados no estado, ou sejam as sociedades artificiais, que têm o seu paradigma na mania clubista, quase sempre organizada à imagem e semelhança das lojas maçónicas e das células comunistas. Havia uma célula natural, que era o lar, prolongado na amizade de vizinhança e na afinidade das famílias do mesmo sangue. Mas tudo isto se perdeu, quando se perdeu, o sentido superior da vida. Na sua vez, surgem as comunidades artificiais, que são os clubes, organizados em seitas de todas obediências, menos a legítima e nobilitante obediência à autoridade constituída.

Foi assim que os estetas de falsas profecias levaram todos os descontentes a trocar a milícia pelo ergástulo, e a substituir a ordem clássica da paz, que é a tranquilidade na ordem, pelo romantismo do desespero, que é a desordem definitivamente instalada na vida de cada um.

Para justificar todo este artificialismo, que os três filmes de Dean traduziram e talvez pretendessem legitimar, há quem diga que a coisa se explica pelo desencanto da juventude, em face da actual sociedade burguesa. Dizem que a juventude tem necessidade de sonho e que precisa de encontrar, numa sociedade autêntica, o lugar que lhe pertence. É verdade. Em todo o caso, parece-me que não é este o caminho do triunfo. Se não me engano, onde os estetas de falsas profecias querem conduzir a juventude é a um mundo ainda mais aburguesado do que aquele de que se queixam, visto ser um mundo infra-humano e de irresponsabilidade total. Pelo menos, é esse o sentido bem marcado nos três filmes de James Dean. E é também esse o sentido transparente nos dois livros, até hoje dados à estampa, por Françoise Sagan…

Ora, o futuro de cada um e o lugar que a cada deve pertencer na vida, não são coisas que venham burguesmente já feitas pelos outros, sejam os pais ou o Estado. Seria essa a pior forma de parasitismo burguês. O futuro, deve cada um conquistá-lo, à sua custa, no esforço constante de cada dia, a caminho de melhor e mais perfeita autorrealização. Só então, depois da auto-valorizarão, é que o homem se pode considerar com direitos, que o dever cumprido lhe conquistou. Tudo isto, que é elementar em ética social, está, porém, de todo em todo ausente, nos filmes de James Dean e nos livros de Sagan, que, por isso, alinham ao lado do pior e do mais parasitário burguesismo. Creio que tudo isto é claro como a luz do meio dia, para quem, em vez da palha das palavras, prefira, como eu, descer até ao conteúdo das ideias.

Sonho? Sim. É bom sonhar. Mas é preciso que o sonho se complete com o lastro da realidade. É preciso que o sonho não seja como moinho sem grão, ou como acção sem finalidade superior. É preciso que o acréscimo do sonho, alimentado por estetas de falsas profecias, não dispare no romantismo do desespero, preguiçoso ou anárquico, em que a juventude se está a precipitar. (3)

O sonho tem o seu lugar. Mas não basta. Requer-se, também, a tomada de consciência do real, e a certeza de que a realidade se não limita ao delírio da velocidade, nem no tempo, nem no espaço. (…) E desta prespectiva, em vez da evasão, no sonho, ou na embriaguez, que tanto pode ser de whisky, como de exibicionismo, abrem-se outros caminhos, em que ao homem se oferecem todos os recursos e todas as dimensões de que precisa, para se poder realizar. Claro está que estou a referir-me aos recursos da graça, e às dimensões sobrenaturais, que só Cristo nos pode dar. (…)

Pe. Agostinho Veloso, in BROTÉRIA - REVISTA CONTEMPORÂNEA DE CULTURA, Vol. LXV, número 4, Outubro de 1957, pp. 291 a 295

(1)  Jean- Creuzeau Marie, James et Françoise, in “ Le Monde Nouveau”, Paris, 12-V-57, pág. 10.

(2)  Pascal, Les Pensées, n. 527.

(3)  Jean-Marie Creuzeau, James et Françoise, em “Le Monde Nouveau”, Paris, 12-V-57, pág. 10.


Vida e Morte de uma Estrela

Uma estrela forma-se a partir de uma nebulosa. Pouco a pouco, e, devido á ação gravitacional, a nuvem começa a condensar-se em redor do centro. Nesta altura a temperatura no interior da nuvem é baixa (10 graus Kelvin).
 
Com o passar do tempo, a nuvem vai-se comprimindo devido á força gravitacional que vai aumentando e, em consequente a temperatura também aumenta, formando-se no centro uma bola incandescente. Neste momento está formada a protoestrela. No núcleo, quando a temperatura é muito elevada começam-se a produzir reações termonucleares em que há combustão do hidrogénio.
 
O tempo de duração do hidrogénio depende da massa da estrela. Assim quanto maior for a estrela, menos tempo demora o combustível a esgotar-se. Quando o hidrogénio acaba a pressão de radiação cede ao peso da estrela.
 
Entretanto começa a combustão do hélio uma vez que é o único elemento que resta no núcleo. Devido ao que aconteceu com a pressão de radiação, a estrela começa a contrair cada vez mais, então a sua temperatura começa a aumentar dramaticamente.
 
Começa a ser consumido o que existe nas camadas superiores da estrela. Então a luminosidade desta aumenta e a estrela expande-se o seu volume. Ao expandir-se, há um arrefecimento da superfície e esta torna-se mais vermelha. Neste momento, a estrela transforma-se numa gigante vermelha.
 
A última fase das estrelas depende da sua massa. Após se ter transformado numa gigante vermelha, uma estrela pode ter diferentes fins: Anã Branca; Estrela de neutrões; depois da Supernova, Buraco negro.

Vida e Morte de uma Estrela, é 7º Episódio de uma série de 12 documentários relativos ao tema geral “O Universo”.
 
 

 

Gerês - De Viarinho das Furnas a Vilar da Veiga e Termas do Gerês - 3º Dia - Parte IX



 
Deixa-se para trás a barragem de Vilarinho das Furnas e volta-se à estrada, para fazermos o caminho de regresso às Termas do Gerês.
Pelo caminho mesmo repetindo a paisagem, acompanha-nos a tão afamada Natureza do Gerês. E temos sorte, porque é uma natureza “diferente” que nos acompanha. É a Serra Amarela, com vegetação sobretudo rasteira, bem distinta da exuberante, encontrada em terras mais baixas, mas igualmente fantástica. Respira-se o ar puro inconfundível e mesmo com o som do veículo motorizado que nos transporta, a presença do silêncio é evidente por aquelas paragens.
Novamente em Campo do Gerês, que se faz notar pelos seus muitos espigueiros e pelas terras de amanho que se estendem entre o casario, num amplo assentamento. Por vezes a estrada é ladeada por pérgulas feitas de videiras que fazem uma espécie de galerias porticadas.
Começa-se depois a descer para S. Bento da Porta Aberta. Pelo caminho mais uma vez a serra agreste nos acompanha e mais abaixo, a flora multicolor sobressai entre o arvoredo alto e viçoso da Serra do Gerês, com algum casario escondido entre a folhagem. Mas vale a pena descer com calma, não vá o diabo tecê-las…
Chega-se depois a S. Bento da Porta Aberta e ali se passa sem paragens, mas não se perdem as vistas de toda a área envolvente da Albufeira da Caniçada, que dali se alcança mostrando toda a sua magnificência de uma paisagem que quase sempre se associa ao Gerês: árvores altas e frondosas a perder de vista e vistas deslumbrantes.
Passamos a barragem e a marina do rio Caldo e segue-se a caminho das Termas do Gerês. Mas logo mais à frente se para, em Vilar da Veiga, pois a noite aproxima-se e o apetite já se faz sentir.
O restaurante escolhido, “O Chana”, talvez em homenagem a um filho empreendedor, possui ambiente informal, com mobiliário rústico. Uma ementa simples, que vai da Pisa à Lasanha em forno de lenha, do Bife da Vazia ao Bacalhau, onde tudo é servido com conta, peso e medida... e no fim, a fatura é uma agradável surpresa. Cá fora a oferta de desportos náuticos, com a possibilidade de aluguer de barcos, canoas e motas de água, mas também uma parede de escalada e um campo de tiro. 

Já a noite cai quando nos pomos a caminho das Termas do Gerês. Chega-se assim ao fim de um grande dia, cheio de descobertas e surpresas, num soberbo encontro constante com a Natureza do Gerês.

Gerês - Campo do Gerês e Barragem de Vilarinho das Furnas - 3º Dia - Parte VIII




No caminho e um pouco por todo o lugar vamos encontrando restos de construções romanas, como padrões, na chamada Leira dos Padrões, que ainda hoje guarda o nome.

Em Campo do Gerês, encontramos ainda a Ponte de Eixões, uma ponte de origem romana bastante robusta e com dois talha-mares no sentido norte-poente, sobre a qual passava a antiga Geira Romana. Como referiu o abade Custódio José Leite em 1728, a Ponte dos Eixões, ao tempo denominada de Ponte de Rodas, era obra nova resultante de uma reconstrução, “tendo sido antes obra romana, que um grande madeiro arruinara.” (Sousa, 1927).

A Ponte dos Eixões, situa-se a Sul da Veiga de S. João de Campo, sobre a bucólica ribeira de Rodas que a partir do local se faz rio de Campo, fazendo passagem pelas vizinhas freguesias de Covide e Carvalheira.

No Cabo da Veiga, o sítio chamado Casa da Guarda, possui vestígios das fortificações que serviram para recolher as sentinelas dos povos de Bouro, que aqui guardavam incessantemente as fronteiras e faziam guarda aos viajantes que passavam na Geira, um troço da via XVIII do Itinerário de Antonino, ligando Bracara Augusta (Braga) à Asturica Augusta (atual Astoga). Atravessa a Serra do Gerês e penetra em Espanha pela Portela do Homem, onde se faz a fronteira ainda nos nossos dias.

Campo do Gerês é o atual agregado rural pertencente à parte da Serra do Gerês integrada no Parque Nacional de maior carisma comunitário, depois do desaparecimento da aldeia de Vilarinho das Furnas.

À freguesia de Campo do Gerês pertencia a povoação de Vilarinho das Furnas, que segundo uma tradição oral teria começado a sua existência por ocasião da abertura da celebre estrada da Geira. Certo porém é a sua existência já no tempo de D. Sancho I, que lhe concedeu foral em 1218.
 
Vilarinho está hoje submersa pela Albufeira da Barragem do mesmo nome, onde subsistiram até à sua submersão pelas águas, usanças antigas de regime comunitário, delas apenas restando a existência do forno comum e das vezeiras ou pastoreio comum. Nos dias em que a barragem está vazia (o que só acontece quando é preciso limpá-la), ainda é possível ver as ruínas das velhas casas de pedra de Vilarinho das Furnas, uma paisagem desoladora e de uma solidão absoluta.

O espectro da barragem começou a pairar sobre a população como um abutre esfaimado. A companhia construtora da barragem chegou, montou os sues arraiais e meteu mãos á obra. Esta surge progressiva e implacável. O êxodo do povo de Vilarinho pode localizar-se entre setembro de 1969 e outubro 1970, quando na aldeia foram afixados os editais a marcar o tapamento da barragem. De um ano dispuseram pois, os habitantes de Vilarinho para fazer os seus planos, procurar novas terras e proceder á transferência dos seus móveis.

As 57 famílias que habitavam esta povoação estão agora dispersas pelas mais variadas terras dos concelhos de Braga. Da vida e recantos da aldeia comunitária não resta mais que um sonho. Sonho que é continuado no Museu Etnográfico de Vilarinho da Furnas, construído com as próprias pedras da aldeia. A barragem de Vilarinho da Furnas foi inaugurada em 21 de maio 1972.

Campo do Gerês foi outrora abadia do padroado e pertenceu aos Templários. Noutros tempos, na véspera e no dia de festa a S. Bartolomeu organizava-se uma procissão na qual participava todo o concelho com todas as suas autoridades. Compareciam todas as cruzes das freguesias do concelho, seguindo para a ermida de Vilarinho das Furnas, regressando, depois ao Campo do Gerês.
 
Fonte: http://www.cm-terrasdebouro.pt/ http://www.igogo.pt/ponte-de-eixoes/ http://viagenstravel.com/ http://aldeialusitana.blogspot.pt/

Bom Ano Novo

É importante que em cada dia de nossa vida, aprendamos com nossos erros ou nossas vitórias, o importante é saber que todos os dias vivemos algo novo. Que no novo ano que se inicia, possamos viver intensamente cada momento com muita paz e esperança, pois a vida é uma dádiva e cada instante é uma bênção de Deus.