Gerês - Campo do Gerês e Barragem de Vilarinho das Furnas - 3º Dia - Parte VIII




No caminho e um pouco por todo o lugar vamos encontrando restos de construções romanas, como padrões, na chamada Leira dos Padrões, que ainda hoje guarda o nome.

Em Campo do Gerês, encontramos ainda a Ponte de Eixões, uma ponte de origem romana bastante robusta e com dois talha-mares no sentido norte-poente, sobre a qual passava a antiga Geira Romana. Como referiu o abade Custódio José Leite em 1728, a Ponte dos Eixões, ao tempo denominada de Ponte de Rodas, era obra nova resultante de uma reconstrução, “tendo sido antes obra romana, que um grande madeiro arruinara.” (Sousa, 1927).

A Ponte dos Eixões, situa-se a Sul da Veiga de S. João de Campo, sobre a bucólica ribeira de Rodas que a partir do local se faz rio de Campo, fazendo passagem pelas vizinhas freguesias de Covide e Carvalheira.

No Cabo da Veiga, o sítio chamado Casa da Guarda, possui vestígios das fortificações que serviram para recolher as sentinelas dos povos de Bouro, que aqui guardavam incessantemente as fronteiras e faziam guarda aos viajantes que passavam na Geira, um troço da via XVIII do Itinerário de Antonino, ligando Bracara Augusta (Braga) à Asturica Augusta (atual Astoga). Atravessa a Serra do Gerês e penetra em Espanha pela Portela do Homem, onde se faz a fronteira ainda nos nossos dias.

Campo do Gerês é o atual agregado rural pertencente à parte da Serra do Gerês integrada no Parque Nacional de maior carisma comunitário, depois do desaparecimento da aldeia de Vilarinho das Furnas.

À freguesia de Campo do Gerês pertencia a povoação de Vilarinho das Furnas, que segundo uma tradição oral teria começado a sua existência por ocasião da abertura da celebre estrada da Geira. Certo porém é a sua existência já no tempo de D. Sancho I, que lhe concedeu foral em 1218.
 
Vilarinho está hoje submersa pela Albufeira da Barragem do mesmo nome, onde subsistiram até à sua submersão pelas águas, usanças antigas de regime comunitário, delas apenas restando a existência do forno comum e das vezeiras ou pastoreio comum. Nos dias em que a barragem está vazia (o que só acontece quando é preciso limpá-la), ainda é possível ver as ruínas das velhas casas de pedra de Vilarinho das Furnas, uma paisagem desoladora e de uma solidão absoluta.

O espectro da barragem começou a pairar sobre a população como um abutre esfaimado. A companhia construtora da barragem chegou, montou os sues arraiais e meteu mãos á obra. Esta surge progressiva e implacável. O êxodo do povo de Vilarinho pode localizar-se entre setembro de 1969 e outubro 1970, quando na aldeia foram afixados os editais a marcar o tapamento da barragem. De um ano dispuseram pois, os habitantes de Vilarinho para fazer os seus planos, procurar novas terras e proceder á transferência dos seus móveis.

As 57 famílias que habitavam esta povoação estão agora dispersas pelas mais variadas terras dos concelhos de Braga. Da vida e recantos da aldeia comunitária não resta mais que um sonho. Sonho que é continuado no Museu Etnográfico de Vilarinho da Furnas, construído com as próprias pedras da aldeia. A barragem de Vilarinho da Furnas foi inaugurada em 21 de maio 1972.

Campo do Gerês foi outrora abadia do padroado e pertenceu aos Templários. Noutros tempos, na véspera e no dia de festa a S. Bartolomeu organizava-se uma procissão na qual participava todo o concelho com todas as suas autoridades. Compareciam todas as cruzes das freguesias do concelho, seguindo para a ermida de Vilarinho das Furnas, regressando, depois ao Campo do Gerês.
 
Fonte: http://www.cm-terrasdebouro.pt/ http://www.igogo.pt/ponte-de-eixoes/ http://viagenstravel.com/ http://aldeialusitana.blogspot.pt/

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