Rennes - 18º Dia - Parte II


 
Deixámos Fourèges e seguimos viagem com rumo a Angeres, onde iriamos pernoitar, mas no caminho ficava-nos Rennes onde queríamos passar, mais que não fosse para observar as suas ambiências e vida.

Rennes não é frequentemente citada em guias turísticos, e embora seja a maior cidade da Bretanha, é uma cidade de tamanho médio, que vale bem a pena visitar.

Fundada pelos gauleses e colonizada pelos romanos Rennes está estrategicamente situada na confluência dos rios Ille e Vileine. Após a anexação da Bretanha pela França, em 1532, a cidade tornou-se a capital da região.

Em 1720, um incêndio que durou 6 dias destruiu-a quase por completo, tendo restado uma pequena parte da antiga cidade medieval, juntamente com uma série de edifícios do séc. XVIII.

É uma cidade universitária por excelência, e por isso é cheia de jovens, mesmo fora da época escolar, o que dá à cidade uma vida noturna vibrante. É a Fez-noz, que significa em bretão festival da noite, onde as pessoas de todas as gerações se juntam, para ouvir música tradicional, beber cerveja ou chouchen (uma bebida alcoólica bretã) ou até mesmo dançar.

Chegámos à cidade num sábado ao fim da tarde, e por isso, as suas ruas tinham já alguma animação, como por exemplo a animada Rue Saint Michel, por onde é obrigatório passar.

Os habitantes de Rennes chamam à Rue Saint Michel, "la rue de la soif", que significa rua da sede. Um passeio pela Rue Saint Michel numa sexta-feira ou sábado à noite é uma experiência muito interessante. No entanto, para quem na realidade quiser nesta cidade "faire la fête", comemorar ou apenas divertir-se, na "Rue de la Soif" o melhor é ir até ao bar "Jeudi Soir", durante o ano letivo. O Jeudi Soir está praticamente toda a noite aberto e a abarrotar de estudantes.

No entanto, Rennes é ainda mais buliçosa enquanto os estudantes permanecem na cidade, que costuma ficar praticamente vazia após o dia 15 de julho, uma vez que a maioria de seus habitantes migra durante a época de veraneio para o litoral atlântico. No entanto, mais recentemente esta é uma tendência que tem vindo a amenizar-se e as esplanadas e cafés de Rennes estão agora movimentadas durante todo o ano.

Rennes é particularmente agradável no verão, mas segundo os guias turísticos é no início de julho, durante o "Festival des Tombées de la Nuit", que é mais interessante visitar a cidade, uma vez que esta se enche de forasteiros, que vêm apreciar as animações de rua e comer ou beber, nas esplanadas dos restaurantes e cafés.

Embora seja uma cidade moderna, ainda conserva na zona antiga, algumas amostras arquitetônicas e monumentais de toda a sua longa história. Além de edifícios de traça bretã, possui restos de edifícios que remontam ao período de dominação romana.

A viagem no tempo tem como parada inicial os Portões de Mordelles, de 1440, que são o acesso de entrada ao cascovelho da cidade, repleto de lindas construções medievais e renascentistas.

Nos arredores da Place des Lices encontra-se tanto a Catedral de Rennes, construída e restaurada diversas vezes entre os séculos XIII e XIX, em estilos gótico e neoclássico. Possui ainda restos da muralha galo-romana do séc. III.

Vageando pelas ruas que partem da Place des Lices e da Place St-Anne, é facil imaginar como seria a Rennes antes do grande incêndio de 1720.

Na Place de la Marie, encontramos o edifício da idilidade, do séc. XVIII, e perto do Hôtel de Ville, fica a fabulosa Ópera de Rennes, um dos prédios mais belos da cidade, criado em 1836 e que até hoje é palco para concorridos espetáculos de música erudita.


Fonte: http://wikitravel.org/ http://viajeaqui.abril.com.br/cidades/franca-rennes www.espacoerrante.blogspot.com/ Guia da American Express, França (pág.274)

Mont Saint-Michel e Fougères - 18º Dia - Parte I



A noite em Le Caserne passou com grande tranquilidade. Durante a manhã descansámos e só saímos com a autocaravana após um pequeno-almoço almoçarado.
Como o Mont Saint-Michel tinha só sido visitado à noite, foi para lá que rumámos mais uma vez. Lá chegados estacionámos a autocaravana no parque rebaixado em relação à estrada, em cota abaixo do nível do mar, que àquela hora estava disponível por estar maré baixa, só sendo esperada a maré alta, lá para o final da tarde.
Antes de caminharmos em direção ao Monte, ficámos ali durante algum tempo a olhá-lo, e a tirar fotos de vários ângulos. É um lugar inesquecível e de grande beleza cénica, sendo sem qualquer dúvida, um daqueles locais que uma vez olhados de perto despertam em nós um amor prolongado, que nunca mais se esquece.
Depois foi a vez de revisitar o povoado medieval, deambular pelas ruas apinhadas de gente, ver as lojas, os recuerdos, procurar recantos escondidos… e até subir-se a meia encosta para olhar mais uma vez a baia de areias douradas pelo sol, um misto de beleza Etéria e ao mesmo tempo estéril…
A meio da tarde e depois da visita, deixámos com muita pena nossa o Mont Saint-Michel para trás e iniciámos o caminho de retorno, com rumo a Fougères, a apenas 40 Km de distância e classificada como village de France (Pays Villes et d'Art et d'Histoire), cujo nome bretão é Felger.
Não é por acaso que esta bela cidade medieval se chama “Fougères” (em português, Samambaias). Lembro-me como se fosse hoje, da chegada a Fougères. A cidade é tão verde e emboscada que mais parece um ninho de cucos.
Respira-se um clima de tranquilidade e sossego tão grandes que a cidade parece parada no tempo. É também um lugar que respira história por todos os poros.
Segundo os guias turísticos, a cidade tem como principal atração e interesse monumental o seu famoso Château de Fougères, uma antiga fortaleza medieval, rodeada por muralhas, construída em cima de um monte granítico, que foi outrora propriedade do duque da Bretanha.
O núcleo histórico situado no vale onde corre o rio Nançon é dominado pelo Château de Fougères, dos séculos XI-XV, e ao seu redor desenvolve-se o antigo povoado da época Armórica.
Mas não só do seu castelo vive a cidade. Fougères é de uma beleza rara. Situada numa cova de terreno, cresceu trepando pelas encostas (entre terrenos situados na fronteira entre a Bretanha e a Normandia), culminando estas em dois assentamentos de onde se desfrutam belas vistas do burgo medieval, lá em baixo.
Foi ao cimo de uma dessas encostas, onde chegámos vindos do Mont Saint-Michel. Depois de estacionarmos a autocaravana num pequeno parque de estacionamento situado junto da Place aux Arbres, fomos a pé até à Église St-Leonard, do séc. XVI que se empoleira em lugar privilegiado.
Esta igreja foi construída em 1397, e tem uma importância simbólica para a cidade. Fundada por comerciantes locais, permitiu que pessoas comuns pudessem assistir às missas, o que anteriormente não sucedia, sendo apenas um privilégio do clero e da nobreza.
Há sua volta encontramos um belo jardim, arranjado à maneira francesa, e para oeste, no ponto em que o declive se acentua, encontramos um miradouro que lá do alto, nos mostra a antiga cidade medieval envolta em verde profundo.
Destes jardins que descem pela encosta em socalcos até ao burgo, existem caminhos que nos levam até ao rio Nançon e às casas medievais que circundam a Place du Marchix.
Fougères é historicamente uma cidade de origem galesa, pois foi fundada pelos primeiros colonos chagados à Bretanha e vindos do País de Gales, para a antiga Armórica (que em galês, quer dizer “lugar atingido por mar”), provindo o seu nome da língua galesa, que designava a cidade por Foujerr”.
A cidade esteve envolvida numa célebre rebelião contra a Revolução Francesa em 1793. A escaramuça deu-se perto de Fougères e foi o tema de um quadro do pintor francês Julien Le Blant's (1851-1933), designada Le Carré Bataillon, Affaire de Fougères 1793”, que ganhou uma medalha de ouro na Exposição Universal de 1889.

Também a esta escaramuça Honoré de Balzac faz referência, em “Les Chouans” um romance de 1829, incluído nas “Scènes de la vie militaire” de sua La Comédie humaine, fazendo figurar Fougères e o seu Castelo, como lugar de ação. (podem ler este livro em: http://www.inlibroveritas.net/lire/oeuvre2514.html)





Fonte: http://fr.wikipedia.org/ http://maps.google.pt/ www.espacoerrante.blogspot.com/http://www.youtube.com/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Les_Chouans

Dia Mundial da Terra



 
Hoje é Dia Mundial da Terra. Os antigos gregos diziam que a Terra era uma entidade Viva, dotada de capacidade de sentir. Chamavam-lhe Gaia, a deusa da Natureza.

Novas evidências científicas mostram, a cada dia, que de facto a Terra é um superorganismo, dotado de autorregulação. Como partes desses sistemas, porém, temos responsabilidade individual em mantê-la viva e saudável para as futuras gerações.


Fonte: http://www.ufpa.br/ http://www.youtube.com/

O mal primordial: o orgulho nosso de cada dia


 “Não era a vaidade que a atraia para o espelho, mas o espanto de descobrir-se.”

Milan Kundera

A vaidade é um sentimento de todos nós. É um sentimento, mais escondido nuns e mais evidente noutros, mas é comum a todos, e é ela que na maioria das vezes, nos impulsiona para a conquista da nossa vida ou mesmo a do mundo. Não quero a última, mas quero sem dúvida a primeira!...


 

Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita
Que reúne num verso a imensidade!
Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita
  Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a terra anda curvada!
 E quando mais no céu eu vou sonhando,
  E quando mais no alto ando voando,
  Acordo do meu sonho... E não sou nada!
                             
Florbela Espanca, Vaidade, in Sonetos

 
Um dia, o mais belo arcanjo, Lúcifer, disse Eu, em vez de Nós. Surgia o ser individual que se destacava da criação e buscava um lugar de consciência de si, onde antes só havia o coletivo da criação. Iniciava-se a história.
 
Na mitologia religiosa, o mensageiro do Mal preside ao pecado original da soberba e da vaidade.
 
O mundo contemporâneo rebatizou a soberba como autoestima e a necessidade de se amar acima de tudo, como repete o mantra de quase toda a literatura que vende felicidade em drageas nas bancas dos aeroportos.
 
A humildade, o recato e a modéstia, passaram de virtudes a deficiências de lítio.
 
Este encontro de mais um Café Filosófico, trata do mais original e primordial de todos os pecados, o orgulho, capaz de seduzir a todos, especialmente aqueles que se consideram humílimos.
 
De atributo maléfico, o orgulho virou parte do mundo burguês contemporâneo. A virtude/defeito erigiu estátuas, criou biografias e deleites pessoais. Perdida a inocência/humildade original, resta o anseio pelo Nós, rejeitado pelo pai da mentira, ou seja, pelo pai de todos nós.
 
Filhos legítimos do individualismo orgulhoso, lutamos pela adoção de um mundo humilde e voltado ao outro, ou seja, o mundo oposto a todos nós.
 
Apátridas, vagamos fixados na miragem do humilde modelo criado por nós, que insiste em estar além do espelho borgiano. Parte deste Aleph pode ser encontrado ao destrinçar-se o fascinante mundo do orgulho.
 
Esta é mais uma excelente palestra de Leandro Karnal, historiador, doutor em História Social pela USP, professor da UNICAMP e autor de diversos livros.
 

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=cpxVd5whW9U http://www.citador.pt/
http://www.cpflcultura.com.br/evento/cafe-filosofico-cpfl-o-mal-primordial-o-orgulho-nosso-de-cada-dia-com-leandro-karnal/

Ilusões


                            Desenho a lápis de carvão e cor de Lia Cardoso


Conhece-te e conhecerás o teu poder.
Será que isto passa pela consciência do funcionamento da nossa fisiologia? Há quem diga que o nosso corpo é a casa de Deus, e este não é mais de que o nosso poder, sempre à espera de que demos azo à sua expansão. Como? Pela acreditação nas nossas capacidades. Em linguagem católica chamar-se-ia de Fé. Posso afirmar que o Deus do século XXI está na nossa certeza que este se encontra em nós e não em lugar incerto, cercado de almofadas etéreas a presenciar cantos divinos, e se calhar com o calor que está, a beber uma caipirinha. Acredito que Deus não se rende às ilusões do prazer que os sentidos lhe oferecem. Não bebe a ilusória caipirinha. Quem costuma divertir-se a destruir a sua casa que ponha o dedo no ar! Ora o nosso corpo é o nosso Templo, muito mais de qualquer casa que nos protege os sentidos ingenuamente mimados. Deus é adequadamente sapiente disso. Somos aquilo que comemos. E como o Poder nos habita só o temos de despertar do seu sono, o Matrix.

Costuma-se dizer que os anjos não têm sexo, e para apimentar a coisa, Leonardo Da Vinci aquando da pintura da Última Ceia procurou um jovem de rosto saudável (belo portanto) sem marcas de castigos de fonte interna (o rancor e o ódio refletem-se na nossa fisionomia), como escolheu para retratar Judas. Portanto anjos são habitados de paz dada pelo uso da mente. Uma mente saudável é recheada de amor que se inclui num Templo igualmente resplandecente.

Milhares de pessoas se rendem ao cumprimento de um gelado que lhes diz Olá. O próprio nome da marca de gelados transporta-nos para o grandioso monopólio em que transformou a face da terra, longe daquilo que realmente importa, longe da nossa verdadeira missão - Lutar pela Vida. Rendemo-nos às ilusões como uns ratos que entram na ratoeira a fim de comer o queijo. Trabalhamos para as ilusões, a fim de as consumirmos, seja, vivemos para elas. E destruímo-nos. Destruímos a nossa conduta mais válida, e entramos num ciclo venoso, com Judas a dizer-nos Olá, num já informal cumprimento de tão integrado que está. Tal como nos pusemos de pé, a andar sobre dois membros, podemos também trabalhar os sentidos de forma a que estes sigam uma conduta traçada pela mente, num dialogo interno. Além de possuirmos capacidade de o fazer mais rapidamente - pois estamos providos de consciência e da força de um inconsciente que se rege pelas crenças desta - do que processo de nos erguer-mos em dois membros, estamos a retarda-lo cedendo conscientemente aos sentidos, alimentando-os. Não alimentando o corpo. Compra-se com dificuldade um sofisticado carro pensando que se alimenta o espírito, mas apenas se está a alimentar o instinto. Ilusão.

Lutar pela vida é lutar pelo triunfo do espírito, e suprimir tudo o que lhe seja prejudicial. Deus deu-nos a capacidade de reprodução, não é prova suficiente que tudo o resto foi-nos dado com o mesmo intuito? O de Criar. Fazer Vida. Lutar por esta? Comportemo-nos com Gratidão. O nosso destino é a Perfeição. A procura de Harmonia. E isto passa pela consciência de que os nossos sentidos apenas nos oferecem dados ilusórios. Este chão que piso não é castanho. Simplesmente vejo-o assim. A cadeira que me sento não é preta. Ilusões. Numa procura da Harmonia ficamos cercados de necessidade de praticar um respeito mútuo entre todos os seres criados. Sem vontades supérfluas. Não nos rendemos a irracionais prazeres gustativos que na maioria das vezes nos são prejudiciais. Mera Ilusão gustativa. Infelizmente chegamos a um ponto em que o ser humano nem se considera a si mesmo. Só o seu próprio prazer. Não vê que se autodestrói com muito mais vigor, e com uma inconsciência imperdoável, mais, mas muito mais do que ao próximo. Porque afinal a única desculpa que teria para consumir certas coisas, e desrespeitando o conterrâneo, era o da necessidade de sobreviver, mas há muito que está longe disso. Procure-se a razão no meio de tudo isto!

Somos muito menos do que o olho que vê a mão que toca, a boca que saboreia... Somos Energia! Será que isto é pouco ou muito?

E o mais importante: a Sabedoria nasce connosco, o Poder e Coragem nascem connosco, não se abastecem num posto da Galp.

Um respeitoso Abraço à espera de um apaixonado Brinde. Ergam-se os copos e faça-se o Clic!

 

Lia Cardoso, in ghettodacoabreca.blogspot.com/ (publicado em:  

Sou orgulhosa!...



Ontem estive envolvida numa atividade voluntária e de compromisso, que ainda não acabou e que vai continuar na próxima semana. É a Feira do Livro, que se realiza todos os anos no meu local de trabalho e que já vai na XI edição.

Mas porque é que sou orgulhosa? Porque sempre me orgulhei de estar integrada neste local de trabalho, já vai para 25 anos, e que é repleto de gente criativa e dinâmica.

Tenho orgulho, para começar nos mais novos, no grupo de colegas de Educação Física, por empreenderem múltiplos acontecimentos interessantes e de grande valor para a nossa comunidade educativa.

Tenho orgulho no grupo de colegas de artes que durante todo o ano trabalham afincadamente com os seus alunos, para uma mostra anual de trabalhos belíssimos de pura arte, que ocorre durante a semana cultural, e que como elas sabem estou sempre ansiosamente à espera.

Tenho orgulho dos grupos de Físico-químicas e Ciências Naturais, por na mesma semana realizarem laboratórios abertos em que alunos dos anos mais avançados explicam aos mais novos a importância do conhecimento científico.

Tenho orgulho de ter entre nós, uma colega de História, que é uma belíssima escritora de contos infantis, cujos livros são uma mais-valia para todas as crianças deste Portugal, por ensinarem de forma simples e criativa a história do nosso país, e que não paro de recomendar aos alunos mais novinhos.

Tenho orgulho no nosso grupo de teatro amador, dinamizado por um colega de Matemática, que também é o encenador e que não fica em nada a dever aos grupos de teatro profissionais, muito pelo contrário, e que ao longo do tempo nos tem dado peças maravilhosas. Contudo também não deve ser esquecido o trabalho de bastidores das colegas de artes que também aqui dão o seu melhor.

Não quero esquecer ninguém, mas talvez seja difícil. Orgulho-me da equipa do jornal escolar, do anuário, do baile de finalistas, da filantropia...

Ontem enquanto se faziam os preparos para a Feira do Livro, uma colega de Inglês fazia um ensaio de canto com alunas de anos avançados, e as suas lindas vozes ecoavam por toda a ampla sala de alunos, fazendo com que o nosso trabalho não pesasse.

Por tudo isto, eu me confesso. Sou orgulhosa!...

Viagens no Espaço e no Tempo



Neste oitavo episódio da série Cosmos, Carl Sagan diz-nos que fomos sempre viajantes dentro da Via Láctea e que as raízes do presente estão enterradas no passado.
O Cosmos é imenso sem limites, e nele há mais estrelas que grãos de areia em todas as praias da Terra. As estrelas que vimos são apenas a menor fração das estrelas que realmente existem.
Se conseguíssemos observar os céus durante milhões de anos, as constelações mudariam de forma conforme as estrelas que as compõem e que ao longo dos tempos se vão movendo e evoluindo. Assim, os nossos antepassados distantes viram constelações diferentes das atuais, e os nossos descendentes no futuro, irão ver formatos também diferentes nos agrupamentos estelares.
Com Carl Sagan, circundamos a Ursa Maior para a vermos sob uma nova perspetiva. Se fossemos habitantes de um planeta noutro sistema estelar, veríamos as estrelas agrupadas também de modos diferentes.
Mostra-nos então, a Constelação de Andrómeda, próxima da constelação de Perseu. Na mitologia grega Andrómeda era uma donzela filha de Cefeu, que estando aprisionada por um monstro marinho enviado por Posídon (rei dos mares), foi libertada por Perseu, que com ela casou. Fala-nos da sua estrela Beta Andrómeda, a segunda estrela mais brilhante da constelação, a 75 anos-luz da Terra, dizendo-nos que se esta estrela explodisse amanhã, nós só o saberíamos daqui a 75 anos.
Como viajando numa máquina do tempo, deduz o que sucederia se pudéssemos alterar o passado e em seguida viajamos até aos planetas de outros sistemas estelares e quando voltamos encontramos uma Terra muito mais velha do que aquela de onde havíamos partido.
Mas será que não conseguiremos viajar a uma velocidade maior do que a velocidade da luz? Carl Sagan para iniciar a explicação da Teoria da Relatividade, começa por nos contar como Albert Einstein chegou às conclusões que o levaram a essa teoria.
Leva-nos então à Toscana, no norte de Itália, que é um lugar intemporal e foi nela que em 1895, um jovem alemão excluído de uma escola alemã se fixou, encontrando ali um reino livre para a sua mente explorar.
Foi este jovem que começou a pensar sobre a luz, e sobre como ela viaja rápido. Mas como todos os corpos estão em movimento constante, pois a própria Terra gira a mais de 1600 Km por hora, era difícil para o jovem poder imaginar um padrão absoluto, contra o qual podia medir todos os outros padrões relativos.
Ele tinha ficado fascinado pelo Livro Popular das Ciências Naturais, escrito por Bernstein em 1869. Logo na primeira página do livro ele encontrou uma descrição sobre a assombrosa velocidade da eletricidade pelos fios e da luz pelo espaço.
Refaz assim o sonho de adolescente de Albert Einstein de viajar num feixe de luz, e explica-nos primorosamente a sua Teoria da Relatividade, e as deduções que preveem que a velocidade da luz produziria estranhos efeitos, mas daria aos exploradores espaciais a possibilidade de, numa só vida, irem até ao centro da galáxia. Mas voltariam, contudo, a uma Terra muito mais velha do que aquela de onde haviam partido.
Carl Sagan ainda em Itália, na cidade de Vinci, fala-nos também de Leonardo da Vinci e da sua paixão por poder um dia voar, que desenhou tantas paisagens aéreas e que fez tantos projetos e protótipos para que o homem pudesse voar, mas que nunca resultaram, porque a tecnologia não estava preparada.
Na mesma sala onde estão algumas das réplicas de protótipos de Leonado da Vinci, Carl Sagan mostra-nos projetos de naves espaciais preliminares (Oríon e Dédalo), que nos poderão levar um dia às estrelas. Diz-nos no entanto que este é um objetivo para mais de mil anos e os motores dessas naves teriam de ser do tamanho de pequenos mundos.
Explica-nos em seguida, os efeitos decorrentes da velocidade da luz e as suas implicações em teóricas viagens no tempo ou em viagens interestelares.
Para isso compara a história, com uma multidão complexa de fios profundamente entrelaçados, representando forças biológicas, económicas e sociais, que não se desembaraçam com facilidade.
Diz-nos que os gregos antigos imaginavam que o curso dos eventos humanos eram constituídos por uma espécie de tapeçaria criada por 3 deusas, as Parcas (Nona, Décima e Morta). Factos menores aleatórios geralmente não têm grandes consequências, mas alguns que ocorrem em conjunturas críticas podem alterar a tecedura da história, podendo até haver casos em que mudanças profundas podem ser feitas por ajustes relativamente triviais.
Diz-nos também que quanto mais um facto está no passado, mais poderosa é a sua influência. Por isso para afetar profundamente o futuro, um viajante no tempo teria que escolher, entre a probabilidade de intervir em vários factos que estão selecionados muito cuidadosamente, para poder mudar a tecedura da história.
Parte então a bordo de uma imaginária Máquina do Tempo de Herbert George Wells, para explorar a fantasia dos mundos imaginários que nunca existiram.
Diz-nos que, se, Paulo, o Apostolo ou Pedro, o Grande, ou mesmo Pitágoras não tivessem existido, o mundo seria muito diferente daquilo que é hoje. Pergunta ainda se algumas das luzes do florescimento da ciência, como a dos antigos jónios, não se tivesse apagado, como estaríamos? E outras perguntas são feitas, para concluir que talvez tivéssemos poupado dez ou vinte séculos e já estivesse-mos indo às estrelas.
No final faz uma viagem imaginária para as estrelas e para os mundos à volta delas que permanentemente nos chamam…
Fala-nos então na evolução do universo e a da vida na terra, falando-nos também de nós humanos, dizendo que enfrentamos um ponto de ramificação critico na história.
O que fazemos neste momento na Terra vai-se propagar pelos séculos e afetar a vida dos nossos descendentes. Os erros que cometermos agora irão comprometer a nossa civilização no futuro.
Se nos deixarmos cair na superstição, na ganância ou na estupidez, poderemos mergulhar o nosso mundo numa escuridão mais profunda do que o intervalo de tempo entre o colapso da civilização clássica e o Renascimento italiano.
Mas também somos capazes de usar a nossa compaixão e a nossa inteligência, a nossa tecnologia e riqueza para fazermos uma vida plena e significativa para todos os habitantes deste planeta que é a nossa casa. Para aumentar enormemente o nosso entendimento do Universo e levar-nos às estrelas…


Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=cqfOU_iRl2U http://pt.wikipedia.org/

Mont Saint-Michel - 17º Dia - Parte III




Chegámos com alguma dificuldade às portas do céu. Lá mais a cima, já em pleno céu, uma estátua de bronze dourada de Saint-Michel, reluz sob as luzes dos holofotes e dá as boas vindas a quem consegue chegar às alturas. Nela, o Santo padroeiro, está ali perpetuado, vencendo sempre o dragão. É uma estátua dourada, que ali foi colocada a 170 metros acima do nível do mar. Sendo um trabalho do escultor francês, Emmanuel Fremiet, foi adicionada durante um grande restauro, realizado no final do séc. XIX.

Com a celebração do 1000º aniversário, no ano de 1966, uma comunidade religiosa voltou para as habitações da Abadia, garantindo a vocação original do lugar. Frades e irmãs de "Les Fraternités Monastiques de Jerusalém" asseguram agora a presença espiritual no lugar, desde 2001.
Ao mesmo tempo, que a abadia se foi desenvolvendo, um vilarejo à sua volta cresceu a partir da Idade Média, florescendo no lado sul-leste do rochedo (cercada por uma muralha datada na sua maior parte da Guerra dos Cem Anos), que teve desde sempre uma vocação comercial.
O Mont Saint-Michel foi também, além de um grande centro espiritual e intelectual, um dos lugares de peregrinação mais importantes para o mundo ocidental medieval.
Foi durante quase mil anos, um lugar obrigatório na passagem de homens, mulheres e crianças, quando se dirigiam para Roma ou Santiago de Compostela, vindos por estradas que na época eram chamados de «caminhos para o paraíso», ali parando num misto de crença e esperança, numa garantia de eternidade, que lhes seria dada pelo Arcanjo São Miguel no dia do juízo final.
Lá chegados fomos visitar a igreja e as dependências abertas aos visitantes, que aquela hora, estavam muito convidativos à meditação e à contemplação.
A visita é feita à Catedral, ao refeitório e ao claustro, bem como a outras poucas dependências da Abadia. Na loja, uma pequena mostra relativa ao crescimento da Abadia ao longo do tempo.
Na descida optamos pelo caminho de contorno à Abadia, assinalado por jardinzinhos protegidos, e dali podemos vislumbrar, embora com alguma dificuldade, magnífica vista do litoral que se conseguia ver ao luar.
Cá em baixo e antes de partirmos ruma à autocaravana, fomos experimentar uma das especialidades locais, a omelete da “Mère Poulard” um pequeno restaurante e albergue, ali aberto desde 1888.
Já a pedalar em direção a La Caserne, avariou-se o dínamo e deixei de ter luz, mas como já era tarde, muito poucos veículos passaram por nós, e aqueles que passavam eram bem-vindos pois durante algum tempo iluminavam a estrada escura como breu.
Contra um vento bastante forte, a viagem de volta foi muito mais difícil, e embora cansados quando chegámos à autocaravana, sentimo-nos muito contentes, pois tinha chegado ao fim mais um dia maravilhoso, como são todos aliás, durante as férias.
Fonte: http://www.france.fr/ http://www.virtualtourist.com/travel/ http://www.ot-montsaintmichel.com/ http://pt.wikipedia.org/ http://www.sacred-destinations.com/ http://www.ot-montsaintmichel.com/ http://www.ricksteves.com/

Abadia do Mont Saint-Michel - 17º Dia - Parte III


“Houve uma grande batalha: Miguel e seus anjos lutaram contra o Dragão. O Dragão também lutou, junto com os seus, mas foram derrotados, e não houve para eles mais lugar no céu”.

(Apocalipse, 12, 7-9)


A Abadia de Saint-Michel é constituída por uma alta torre ao centro de uma imensa baía invadida pelas marés mais altas da Europa. Este, tal como outros santuários cristãos em honra de São Miguel Arcanjo, começaram a aparecer no séc. IV, quando era tido como um anjo de cura, e, com o tempo, como protetor e líder do exército de Deus contra as forças do mal.
Antes da construção do primeiro estabelecimento monástica no séc. VIII, a ilha era chamada de Mont Tombe. Este foi usado nos séculos VI e VII como um reduto romano-britânico de cultura e poder, até que foi tomado pelos francos, terminando um período áureo desde a saída dos romanos, em 459.

O Monte ganhou importância estratégica em 933 quando os normandos anexaram a península de Cotentin, colocando o penedo como a nova fronteira com a Bretanha.
Segundo uma antiga lenda, o Arcanjo São Miguel, “chefe do exército celestial”, na Igreja Católica ou “o grande príncipe que defende as crianças do seu povo”, na Igreja Judaica, apareceu a São Aubert, bispo de Avranches, em 16 de outubro de 708, instruindo-o a construir uma igreja na ilhota rochosa de Mont Tombe. Mas Saint-Aubert repetidamente ignorou as instruções do anjo, até que Saint-Michael queimou com um dedo a cabeça do bispo.
Assim em 966, Saint-Aubert intercedeu junto do duque da Normandia, e a pedido deste, uma comunidade de monges beneditinos foi fundada sobre o rochedo e umaThe pre-Roman church was constructed before 1000. igreja pré-romana foi construída antes do ano 1000.
No século XI, a igreja da Abadia foi fundada com uma série de criptas na ponta do penedo rochoso e os primeiros edifícios monásticos foram construídos ao lado da parede norte.
No séc. XII, os edifícios monásticos romanos foram estendidos para o oeste e sul e no séc. XIII, como presente do rei da França, Filipe II, após a conquista da Normandia, foi possível construir os edifícios góticos do Mont Saint-Michel: dois edifícios de três andares, coroados por um claustro e um refeitório, na área destinada aos monges.
Nos séculos XIV e XV, na Guerra dos 100 Anos, tornou-se necessário para proteger a Abadia uma série de construções militares que lhe permitiram resistir a um cerco que durou mais de 30 anos. A capela-mor romana, que entrou em colapso em 1421, foi substituída pelo coro gótico, no final da Idade Média.
Mas a Abadia foi sendo reformulada até ao séc. XVIII, e hoje esta magnífica Abadia beneditina é uma maravilhosa combinação de vários estilos.

Quer na época da Revolução Francesa, quer durante o Império, os seus edifícios excecionais foram usados como prisão, e ao longo do tempo sofreu renovações constantes, até que alguns nomes sonantes, como Victor Hugo, fizeram com que o lugar voltasse à sua antiga nobreza, sendo então classificado como monumento histórico em 1862.   
Fonte: http://www.france.fr/ http://www.virtualtourist.com/travel/ http://www.ot-montsaintmichel.com/ http://pt.wikipedia.org/ http://www.sacred-destinations.com/ http://www.ot-montsaintmichel.com/

Mont Saint-Michel - 17º Dia - Parte II




Chegados ao Mont Saint-Michel naquele final de dia, já caia a tarde e a maré já tinha subido tapando todo o parque de estacionamento. No entanto no mesmo, ainda se encontrava um mercedes de algum incauto, que perdido nas belezas interiores do Monte, se esquecera que a maré cheia vinha rápida à baia. Quando estamos lá, não convém esquecer que naquele lugar ocorrem as maiores marés cheias da Europa.

A baía do Mont Saint-Michel é a maior área de polders, com prados salgados da França e que se distingue pela distância excecional entre a maré alta e baixa, e em que a maré alta pode atingir até 15 m de altura durante as marés vivas, que podem vir a uma velocidade de 10 Km por hora, que segundo escreveu Victor Hugo, "vêm tão rápidas como um cavalo a galope".

Depois de passarmos o portão ladeado pela Tour du Roi, e mais adiante a Porte du Roi, a porta levadiça do rei, entramos na “Grande Rue”, a rua principal da cidadela, com seus museus, restaurantes, lojas e belas casas de traça bretã, que datam dos séculos XV e XVI.

Sobre o flanco sul do rochedo, ao abrigo de muralhas que datam dos séculos XII e XV, o vilarejo conta com grande número de casas classificadas como monumentos históricos, pequenos museus locais e comércio turístico.

Caminha-se por uma “Grande Rue” apinhada de gente mesmo aquela hora, e muitos parecem encaminhar-se para o seu “final”, em direção ao interior do povoado. No final desta rua estreita mas muito movimentada, aparece do lado esquerdo a Église de Saint-Pierre, uma pequena igreja paroquial consagrada a Saint-Pierre, o santo padroeiro dos pescadores, também dos séculos XV e XVI e edificada sobre uma antiga estrutura do séc. XI.

Há porta dá-nos as boas vindas uma singela e impávida Joana D’Arc. Entramos na pequena igreja e lá dentro o sacristão espera os visitantes. Um interior harmonioso faz notar que se dá maior importância, como não poderia aliás deixar de ser, ao Arcanjo Saint-Michel do que a Saint-Pierre, que se encontra num pequeno nicho de um altar lateral.

Saint-Michel (São Miguel Arcanjo, como é denominado na igreja católica), líder do exército de Deus contra as forças do mal, é o padroeiro do Monte e nesta pequena igreja tem lugar de destaque. A sua imagem feita em prata domina o altar principal.

É junto da Église de Saint-Pierre, que se chega ao “Grande Degre”, a grande escadaria que nos levará à magnífica Abadia de Saint-Michel. Sobe-se devagar e pelo caminho vai-se apreciando as belas vistas sobre a baía.

É uma espécie de subida aos céus... A subida é ingreme e os degraus são muitos e por isso já chegámos de noite à elegante Abadia de Saint-Michel. Embora cansados estávamos contentes, pois tínhamos alcançado pela primeira vez a «Maravilha do Mundo Ocidental», como é conhecida tode este Monte, encimado pela bela Abadia de Saint-Michel.

Fonte: http://www.france.fr/en/sites-and-monuments/bay-mont-saint-michel http://www.virtualtourist.com/travel/ http://www.ot-montsaintmichel.com/ http://pt.wikipedia.org/

A Perda da Amizade no Mundo Contemporâneo


Num momento em que as relações de amizade se fazem de acordo com interesses comuns por vezes bastante dúbios ou mesmo clubísticos, é importante fazer a real diferenciação entre o sentimento de amizade e a mera junção de partes.
Nesta palestra, de mais um Café Filosófico, Olgária Matos fala-nos da perda do sentimento da amizade real no mundo contemporâneo e quais as consequências desse processo.
Começa no entanto, por fazer uma abordagem, a partir dos gregos, dizendo-nos como os laços afetivos eram construídos e quais as consequências da sua rutura, onde a ideia de amizade estava associada diretamente ao espaço público e regia as relações entre iguais, enquanto cidadãos da Pólis.
A essa visão política da amizade, os renascentistas acrescentaram a ideia do divino. Para eles, a amizade é uma experiência sacra e pela amizade o homem se diviniza.
Olgária Matos é filósofa e professora titular de Teoria das Ciências Humanas do Departamento de Filosofia da USP e Autora dos livros, “Os Arcanos do inteiramente outro: a Escola de Frankfurt, a melancolia, a revolução (editora Brasiliense); O Iluminismo Visionário: Walter Benjamin, leitor de Descartes e Kant (editora Brasiliense), entre outros.

A não perder!...