Abadia do Mont Saint-Michel - 17º Dia - Parte III


“Houve uma grande batalha: Miguel e seus anjos lutaram contra o Dragão. O Dragão também lutou, junto com os seus, mas foram derrotados, e não houve para eles mais lugar no céu”.

(Apocalipse, 12, 7-9)


A Abadia de Saint-Michel é constituída por uma alta torre ao centro de uma imensa baía invadida pelas marés mais altas da Europa. Este, tal como outros santuários cristãos em honra de São Miguel Arcanjo, começaram a aparecer no séc. IV, quando era tido como um anjo de cura, e, com o tempo, como protetor e líder do exército de Deus contra as forças do mal.
Antes da construção do primeiro estabelecimento monástica no séc. VIII, a ilha era chamada de Mont Tombe. Este foi usado nos séculos VI e VII como um reduto romano-britânico de cultura e poder, até que foi tomado pelos francos, terminando um período áureo desde a saída dos romanos, em 459.

O Monte ganhou importância estratégica em 933 quando os normandos anexaram a península de Cotentin, colocando o penedo como a nova fronteira com a Bretanha.
Segundo uma antiga lenda, o Arcanjo São Miguel, “chefe do exército celestial”, na Igreja Católica ou “o grande príncipe que defende as crianças do seu povo”, na Igreja Judaica, apareceu a São Aubert, bispo de Avranches, em 16 de outubro de 708, instruindo-o a construir uma igreja na ilhota rochosa de Mont Tombe. Mas Saint-Aubert repetidamente ignorou as instruções do anjo, até que Saint-Michael queimou com um dedo a cabeça do bispo.
Assim em 966, Saint-Aubert intercedeu junto do duque da Normandia, e a pedido deste, uma comunidade de monges beneditinos foi fundada sobre o rochedo e umaThe pre-Roman church was constructed before 1000. igreja pré-romana foi construída antes do ano 1000.
No século XI, a igreja da Abadia foi fundada com uma série de criptas na ponta do penedo rochoso e os primeiros edifícios monásticos foram construídos ao lado da parede norte.
No séc. XII, os edifícios monásticos romanos foram estendidos para o oeste e sul e no séc. XIII, como presente do rei da França, Filipe II, após a conquista da Normandia, foi possível construir os edifícios góticos do Mont Saint-Michel: dois edifícios de três andares, coroados por um claustro e um refeitório, na área destinada aos monges.
Nos séculos XIV e XV, na Guerra dos 100 Anos, tornou-se necessário para proteger a Abadia uma série de construções militares que lhe permitiram resistir a um cerco que durou mais de 30 anos. A capela-mor romana, que entrou em colapso em 1421, foi substituída pelo coro gótico, no final da Idade Média.
Mas a Abadia foi sendo reformulada até ao séc. XVIII, e hoje esta magnífica Abadia beneditina é uma maravilhosa combinação de vários estilos.

Quer na época da Revolução Francesa, quer durante o Império, os seus edifícios excecionais foram usados como prisão, e ao longo do tempo sofreu renovações constantes, até que alguns nomes sonantes, como Victor Hugo, fizeram com que o lugar voltasse à sua antiga nobreza, sendo então classificado como monumento histórico em 1862.   
Fonte: http://www.france.fr/ http://www.virtualtourist.com/travel/ http://www.ot-montsaintmichel.com/ http://pt.wikipedia.org/ http://www.sacred-destinations.com/ http://www.ot-montsaintmichel.com/

Mont Saint-Michel - 17º Dia - Parte II




Chegados ao Mont Saint-Michel naquele final de dia, já caia a tarde e a maré já tinha subido tapando todo o parque de estacionamento. No entanto no mesmo, ainda se encontrava um mercedes de algum incauto, que perdido nas belezas interiores do Monte, se esquecera que a maré cheia vinha rápida à baia. Quando estamos lá, não convém esquecer que naquele lugar ocorrem as maiores marés cheias da Europa.

A baía do Mont Saint-Michel é a maior área de polders, com prados salgados da França e que se distingue pela distância excecional entre a maré alta e baixa, e em que a maré alta pode atingir até 15 m de altura durante as marés vivas, que podem vir a uma velocidade de 10 Km por hora, que segundo escreveu Victor Hugo, "vêm tão rápidas como um cavalo a galope".

Depois de passarmos o portão ladeado pela Tour du Roi, e mais adiante a Porte du Roi, a porta levadiça do rei, entramos na “Grande Rue”, a rua principal da cidadela, com seus museus, restaurantes, lojas e belas casas de traça bretã, que datam dos séculos XV e XVI.

Sobre o flanco sul do rochedo, ao abrigo de muralhas que datam dos séculos XII e XV, o vilarejo conta com grande número de casas classificadas como monumentos históricos, pequenos museus locais e comércio turístico.

Caminha-se por uma “Grande Rue” apinhada de gente mesmo aquela hora, e muitos parecem encaminhar-se para o seu “final”, em direção ao interior do povoado. No final desta rua estreita mas muito movimentada, aparece do lado esquerdo a Église de Saint-Pierre, uma pequena igreja paroquial consagrada a Saint-Pierre, o santo padroeiro dos pescadores, também dos séculos XV e XVI e edificada sobre uma antiga estrutura do séc. XI.

Há porta dá-nos as boas vindas uma singela e impávida Joana D’Arc. Entramos na pequena igreja e lá dentro o sacristão espera os visitantes. Um interior harmonioso faz notar que se dá maior importância, como não poderia aliás deixar de ser, ao Arcanjo Saint-Michel do que a Saint-Pierre, que se encontra num pequeno nicho de um altar lateral.

Saint-Michel (São Miguel Arcanjo, como é denominado na igreja católica), líder do exército de Deus contra as forças do mal, é o padroeiro do Monte e nesta pequena igreja tem lugar de destaque. A sua imagem feita em prata domina o altar principal.

É junto da Église de Saint-Pierre, que se chega ao “Grande Degre”, a grande escadaria que nos levará à magnífica Abadia de Saint-Michel. Sobe-se devagar e pelo caminho vai-se apreciando as belas vistas sobre a baía.

É uma espécie de subida aos céus... A subida é ingreme e os degraus são muitos e por isso já chegámos de noite à elegante Abadia de Saint-Michel. Embora cansados estávamos contentes, pois tínhamos alcançado pela primeira vez a «Maravilha do Mundo Ocidental», como é conhecida tode este Monte, encimado pela bela Abadia de Saint-Michel.

Fonte: http://www.france.fr/en/sites-and-monuments/bay-mont-saint-michel http://www.virtualtourist.com/travel/ http://www.ot-montsaintmichel.com/ http://pt.wikipedia.org/

A Perda da Amizade no Mundo Contemporâneo


Num momento em que as relações de amizade se fazem de acordo com interesses comuns por vezes bastante dúbios ou mesmo clubísticos, é importante fazer a real diferenciação entre o sentimento de amizade e a mera junção de partes.
Nesta palestra, de mais um Café Filosófico, Olgária Matos fala-nos da perda do sentimento da amizade real no mundo contemporâneo e quais as consequências desse processo.
Começa no entanto, por fazer uma abordagem, a partir dos gregos, dizendo-nos como os laços afetivos eram construídos e quais as consequências da sua rutura, onde a ideia de amizade estava associada diretamente ao espaço público e regia as relações entre iguais, enquanto cidadãos da Pólis.
A essa visão política da amizade, os renascentistas acrescentaram a ideia do divino. Para eles, a amizade é uma experiência sacra e pela amizade o homem se diviniza.
Olgária Matos é filósofa e professora titular de Teoria das Ciências Humanas do Departamento de Filosofia da USP e Autora dos livros, “Os Arcanos do inteiramente outro: a Escola de Frankfurt, a melancolia, a revolução (editora Brasiliense); O Iluminismo Visionário: Walter Benjamin, leitor de Descartes e Kant (editora Brasiliense), entre outros.

A não perder!...



Viver!...


«Eu não sou pessimista nem optimista, entre mim e a vida não há nenhum mal entendido»
Almada Negreiros


 Viver é...

Viver é uma peripécia. Um dever, um afazer, um prazer, um susto, uma cambalhota. Entre o ânimo e o desânimo, um entusiasmo ora doce, ora dinâmico e agressivo.
Viver não é cumprir nenhum destino, não é ser empurrado ou rasteirado pela sorte. Ou pelo azar. Ou por Deus, que também tem a sua vida. Viver é ter fome. Fome de tudo. De aventura e de amor, de sucesso e de comemoração de cada um dos dias que se podem partilhar com os outros. Viver é não estar quieto, nem conformado, nem ficar ansiosamente à espera.

Viver é romper, rasgar, repetir com criatividade. A vida não é fácil, nem justa, e não dá para a comparar a nossa com a de ninguém. De um dia para o outro ela muda, muda-nos, faz-nos ver e sentir o que não víamos nem sentíamos antes e, possivelmente, o que não veremos nem sentiremos mais tarde.
Viver é observar, fixar, transformar. Experimentar mudanças. E ensinar, acompanhar, aprendendo sempre. A vida é uma sala de aula onde todos somos professores, onde todos somos alunos. Viver é sempre uma ocasião especial. Uma dádiva de nós para nós mesmos. Os milagres que nos acontecem têm sempre uma impressão digital. A vida é um espaço e um tempo maravilhosos mas não se contenta com a contemplação.

Ela exige reflexão. E exige soluções.
A vida é exigente porque é generosa. É dura porque é terna. É amarga porque é doce. É ela que nos coloca as perguntas, cabendo-nos a nós encontrar as respostas. Mas nada disso é um jogo. A vida é a mais séria das coisas divertidas.
 
Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'
 
Fonte: http://pensamentos.com.sapo.pt/

“Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe!”




“Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe!” Esta é uma frase que ouço pronunciar muitas vezes e que estranho sempre. É uma frase tão comum que até virou letra de canção.

Será por certo uma boa frase para se cortar a conversa a alguém que esteja a querer falar da vida alheia, mas infelizmente não é nesses casos que ela é usada com frequência.
No outro dia em conversa com uma pessoa, eu lhe falava de Stephen Hawking, um dos mais consagrados cientistas da atualidade. Expliquei que este cientista, embora fosse portador de esclerose lateral amiotrófica (uma rara doença degenerativa que paralisa os músculos do corpo sem, no entanto, atingir as funções cerebrais), tinha tido a sorte de ter conseguido fazer uma vida digna, ter estudado, casado e tido filhos, ajudado por certo por uma família muito solidária e por um país com reais preocupações sociais.
A pessoa com quem falava disse desconhecer o caso, ao que retorqui, que enviaria a informação relativa a Stephen Hawking por email.
No dia seguinte perguntei a essa mesma pessoa se tinha recebido o email e lido sobre o caso. Em resposta tive uma cara de poucos amigos, como que querendo ignorar o assunto, dizendo-me de seguida, “que se iria confirmar “tudo” dali para a frente”.
Confirmar o quê? Se Stephen Hawking existe ou não? E como é que se confirma, aquilo que não se quer confirmar?
Agora sim, eu entendia com precisão o significado real desta frase tão badalada entre as gentes do nosso Portugal.

Ler mais em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Stephen_Hawking

A Coluna Vertebral da Noite

“As estrelas são sois, mas muito distantes. O sol é uma estrela, mas muito próxima.”



O 7º Episódio da série Cosmos, é sobre o nascimento do pensamento científico na nossa civilização e em nós mesmos.

Carl Sagan inicia-o dizendo-nos que se não nos autodestruirmos iremos um dia viajar até às estrelas distantes. As estrelas que no passado eram um mistério, passaram a ser entendidas, tal como nós passamos da ignorância ao conhecimento.

De modo nostálgico, leva-nos até Brooklyn onde viveu na sua infância e relembra as suas primeiras indagações sobre as estrelas e a sua primeira ida à biblioteca, na rua 86, onde pediu um livro sobre estrelas, que pela primeira vez lhe abriu horizontes sobre o assunto.

Leva-nos também à sala de aula onde estudou, numa escola de Brooklyn, incentivando os atuais alunos em relação às então novas descobertas da Astronomia.

O que são as Estrelas? Tempos houve em que os humanos curiosos imaginaram que as estrelas eram fogueiras no céu, mantidas acesas por magia. Mostra como a Via Láctea foi interpretada de diferentes modos ao longo da história, inclusive como a "Coluna Vertebral da Noite", expressão cunhada pelos ǃKung (povo do deserto do Kalahari), do Botsuana, que dá título ao episódio. Acreditavam que a Via Láctea segurava os céus, que se não fosse ela os corpos celestes cairiam em cima de nós.

Eram tempos difíceis, em que os homens não entendendo os fenómenos naturais, acreditavam que eram os deuses que se zangavam por pouco. A Natureza era um mistério, era muito difícil perceber o mundo. Indefesos perante a Natureza, eles inventaram rituais e mitos, alguns desesperados e cruéis, outros imaginativos e benignos.

Da África, Carl Sagan segue para a Grécia, tida como berço do pensamento racional no ocidente, onde nos apresenta Tales de Mileto e Polícrates. Após comentar sobre vários pré-socráticos, critica os pensadores do período clássico, na medida da visão dualista, principalmente de Platão, que teria legitimado aquilo que Marx chamou modo de produção escravista.

Diz-nos então que há 25 séculos, na ilha grega de Samos, e nas outras colónias gregas que tinham crescido no apinhado Mar Egeu, houve um glorioso despertar científico. Estes homens foram os arquitetos que fizeram a ligação do seu mundo, com o nosso. Havia gente que acreditava que eramos feitos por átomos, que as doenças não eram causadas por deus enfurecidos, e que a Terra era apenas um planeta que girava em torno do Sol.

Esta revolução tirou o Cosmos do caos. Descobriram que a Natureza não era totalmente imprevisível e que havia regras que até ela tinha que obedecer. Foi o primeiro conflito entre ciência e misticismo, entre a Natureza e os Deuses.

Mas porque é que isto aconteceu nestas ilhas remotas do Mediterrâneo oriental? Ali, havia colónias recém-formadas e o isolamento promovia a diversidade. Embora tivessem contacto direto com mercadores e marinheiros da África, Ásia e Europa, havia uma interação vigorosa e impetuosa de tradições, preconceitos e crenças, havendo um contacto com culturas diversas, trocavam mercadorias, histórias, saberes, línguas e ideias.

A pesquiza livre tornou-se possível e como estavam além das fronteiras dos impérios, eram povos que estavam prontos para experimentar. Quando estamos abertos para questionar rituais e práticas tradicionais, descobrimos que uma pergunta leva a outra. Se havia vários deuses para a mesma coisa, porque não adotar os dois? Foi aí que surgiu a grande ideia, a compreensão de que havia uma forma de compreender o mundo, sem a hipótese do deus.

Esta foi a grande revolução que aconteceu entre 600 e 400 a.C., e foi nestas ilhas que nasceu a ciência. Foi conseguida pelo mesmo povo prático e produtivo que fez a sociedade funcionar. Os pioneiros da ciência foram os mercadores e os artesãos, sendo o primeiro deles, Tales de Mileto, um homem viajado que conhecia a Babilónia e o Egipto.

É aqui que se inicia a segunda parte deste vídeo e Carl Sagan fala-nos dos pré-socráticos, como Heráclito, Tales de Mileto, Anaximandro, Demócrito Biólogos, geógrafos, matemáticos, astrónomos, políticos e filósofos. Diz-nos que o legado duradouro dos jónios são as ferramentas e técnicas que eles desenvolveram e que continuam a ser a base da tecnologia moderna. Os práticos e os teóricos eram um só. Deste misto de pensamento abstrato e da experiência do dia-a-dia, nasceu a Ciência. Quando estes homens práticos viraram a atenção para o mundo natural, começaram a descobrir maravilhas ocultas e possibilidades espantosas. 
 
Fala-nos então da abordagem de Tales de Mileto, que era baseada em que o mundo não era feito pelos deuses, mas sim o resultado de forças materiais interagindo na Natureza. Tales trousse dos lugares por onde andara as sementes de novas ciências, a Astronomia e a Geometria, que iriam germinar no solo fértil da Jónia.

Carl Sagan fala-nos então da geração de Teodoro, um engenheiro mestre da época a quem é creditada a invenção da chave, da régua, do quando de carpinteiro, do nível, do torno e da fundição do bronze.

De Anaximandro, discípulo de Tales de Mileto, que estudou a perfusão de criaturas e viu as suas inter-relações, concluindo que a vida teve origem na água e na lama, colonizando em seguida a terra seca. Anaximandro dizia que o ser humano devia ter evoluído a partir de formas mais simples, e esta magnífica perceção teve que esperar vinte e quatro séculos para que esta verdade pudesse ser demonstrada por Charles Darwin.   

De Aristarcos, que sugeriu que era o Sol e não a Terra que estava no centro do sistema solar.

De Demócrito de Abdera, que acreditava que nada acontecia aleatoriamente, e que tudo tinha uma causa material. É dele uma sábia frase: “Eu prefiro entender uma causa, do que ser o rei da Pérsia”. Acreditava que a pobreza numa democracia era melhor que a riqueza numa tirania. Acreditava que as religiões da sua época eram más e que não existiam almas nem tão pouco deuses imortais. Felizmente não constam perseguições feitas a Demócrito, talvez por ele ser da pequena ilha de Abdera, numa altura que se iniciava uma aceitação de ideias diversas das convencionais.

Nada foi esquecido por estes ávidos cientistas e até o ar foi objeto de pesquisas detalhadas, mostrando-nos vários exemplos de objetos e falando-nos de várias conclusões sábias que resultavam de mentes com os mais altos poderes lógicos e intuitivos.

Na caverna de Pitágoras, em Samos, Carl Sagan descobre também um lado diverso do pensamento grego, o mundo místico guardado por uma irmandade erudita que trabalhava para ocultar do povo o conhecimento que possuía.

Fala-nos em seguida de Platão e de Pitágoras (que pela primeira vez usou a palavra “Cosmo” e que inventou a palavra filosofia – amizade ao saber), dizendo-nos que eram matemáticos e místicos totais, que testavam ideias contra observação.

Diz-nos que embora estes homens tenham avançado muito na Ciência, eram ao mesmo tempo muito seletivos, guardando apenas os saberes para uma pequena elite, o que atrasou de modo significativo o libertar do esforço humano.

Mas o que é que a Ciência perdeu? Que apelo é que os saberes de Pitágoras e Platão tinham para os seus contemporâneos? - Eles proviam justificativas intelectualmente respeitáveis para uma ordem social corrupta. A democracia Grega era aplicada apenas a alguns privilegiados, como é próprio de uma sociedade escravocrata. Assim os livros que guardavam os saberes dos cientistas jónios, foram totalmente perdidos e suas visões foram suprimidas, ridicularizadas e esquecidas, quer pelos platónicos, quer pelos cristãos, que adotaram muito da mesma filosofia.

Mas depois de um longo sono místico em que as ferramentas da pesquisa foram estragadas, a abordagem científica jónica foi redescoberta. A experimentação e a pesquisa aberta tornaram-se novamente possíveis e o mundo ocidental despertou novamente, dando à ciência jónica o valor merecido.

Leonardo D’Vinci, Copérnico e Colombo, foram também inspirados pela tradição jónica. Foi o culminar duma tradição, agora amplamente esquecida, segundo a qual leis naturais e não deuses caprichosos regiam o universo.

É importante procurarmos o nosso lugar no Cosmos. Onde estamos? Quem somos? – Nós descobrimos que vivemos num planeta insignificante, perdido no Cosmos, que orbita em torno de uma estrela trivial, num canto de uma galáxia perdida num Universo onde existem muito mais galáxias do que seres vivos. Nós tornámos o nosso mundo significativo pela coragem das nossas perguntas e pela profundidade das nossas respostas. Nós iniciamos a nossa jornada para as estrelas, com uma pergunta que foi feita pela primeira vez, na infância da nossa espécie e feita de novo em cada geração, com assombro renovado: O que são as Estrelas?

No final Carl Sagan leva-nos novamente até Brooklyn, onde ele próprio se começou a envolver no estudo do Universo, onde podemos assistir a uma aula por ele dada a alunos atuais da sua antiga escola, sobre Astronomia.


A exploração está na nossa natureza. Chegou o momento em que estamos prontos para nos aventurarmos no caminho para as Estrelas!...


Mont Saint-Michel - 17º Dia - Parte I


 
No 17º dia de viagem deixámos o Camping de la Cité d'Alet e Saint-Malo para trás e rumámos ao Mont Saint-Michel, a apenas 56,4 Km de distância.

Em pouco mais de uma hora de viajem, deixámos as terras altas da Bretanha, e entrámos nos campos alagados e aráveis da Normandia. A nossa viajem aproximava-se do ponto de retorno, o Mont Saint-Michel, primeiro cartaz turístico e o local mais visitado de França. Pelo caminho a paisagem é salpicada de singularidades, mas são abundantes as pastagens.
Estava quase a concretizar-se um antigo sonho, olhar na realidade e pisar o solo do Mont Saint-Michel. A maioria das vezes os nossos sonhos ou ambições são irreais e é uma sorte quando os conseguimos realizar e foi nisto que pensei durante o curto caminho, entre Saint-Malo ao Mont Saint-Michel.
Quando lá chegámos fomos logo em direção ao penedo que suporta a Abadia de Saint-Michel. No caminho ao aproximarmo-nos do Mont Saint-Michel, sente-se um misto de emoção e deslumbramento, que nos é dado pela magia emanada pela elegante arquitetura do seu Mosteiro, que parece emergir das águas da baía, subindo harmoniosamente em direção ao céu.
Mais perto o Mont Saint-Michel é uma visão idílica: uma vila medieval incrustada num monte que flutua etéreamente numa imensa baía. Sim, só vê-lo de longe já vale a viagem, mas estando tão pertinho, a vontade de lá entrar é enorme.
Infelizmente não podemos ficar no parque, nem podemos entrar na cidadela, porque a maré cheia adivinhava-se, sendo obrigatório abandonar o parque na próxima meia hora. O parque destinado a automóveis e autocaravanas fica situado em zona abaixo do nível do mar e só pode ser usado enquanto dura a maré baixa.
Como naquele dia o Monte estava cheio de turistas e por isso as bermas da estrada estavam cheias de carros, a polícia aconselhou-nos, dadas as circunstâncias, a estacionarmos a autocaravana na povoação de La Caserne, uma pequena povoação que serve o Mont Saint-Michel.
Em La Caserne, a apenas 2,4 Km do Mont Saint-Michel, foi fácil encontrar onde ficar e o lugar escolhido foi num parque tranquilo de um hotel situado perto do cruzamento da estrada que leva ao Monte.
A ansiedade era tanta que pegámos nas bicicletas e fomos passar o resto do dia e parte da noite ao Mont Saint-Michel, e por isso a viagem de ida pareceu-nos muito mais curta, do que a viagem de volta, não sabendo ao certo se foi a forte ventania que soprava em direção ao penedo que contribuiu para isso, se a forte ansiedade.
A prodigiosa singularidade do Mont Saint-Michel e sua baía de mansas águas, constituem o ponto turístico mais frequentado da Normandia e um dos primeiros de França, com cerca de 3 200 000 visitantes por ano.
O Mont Saint-Michel é uma ilhota rochosa situada na foz do rio Couesnon, que comporta uma Abadia do mesmo nome, que faz a ligação entre a água do mar, a areia e o céu.
Na Idade Média, este singelo lugar, teve grande importância como centro de peregrinações. A Abadia do Mont Saint-Michel é um santuário em homenagem ao arcanjo São Miguel. O seu antigo nome era Mons Sancti Michaeli in periculo mari" (Monte Saint-Michel em Perigo de Mar), pelo facto das marés cheias ocorrerem rapidamente.
Outrora a ilhota que suporta a Abadia estava muito mais longe do continente e só era acessível a pé, quando a maré estava baixa. O monte era ligado ao continente através de um istmo natural que era completamente coberto pelas marés altas.
Ao longo dos séculos a planície alagável em torno do Monte foi sendo drenada para criação de pastagens, reduzindo a distância do rochedo à terra. As águas do rio Couesnon foram canalizadas, diminuindo o seu caudal e acelerando o assoreamento da baía. Em 1879 o istmo foi reforçado e tornou-se uma passagem seca perene. Em 2006 o governo francês iniciou obras para livrar a ilhota dos perigos relacionados com as enchentes de maré, construindo uma muralha em volta da ilha.

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Saint-Malo - 16º Dia - Parte III



 
A visita a Saint-Malo continuou. Agora já em plena Place de Chateaubriand, olhamos em redor, e o que se vê, é que este deve ser um dos locais de preferência dos músicos de rua que animam a praça. É um lugar prazeroso encontrando-se cheia de esplanadas. É um dos locais mais buliçosos da cidadela estando sempre muito animada. Alguns bares encontram-se decorados com peças oriundas do espólio de antigos navios corsários, que constitui uma paragem obrigatória para quem visita a cidade.

No lado leste da praça está situado o Château de Saint-Malo, o Castelo dos Duques da Bretanha, construído entre os séculos XV e XVI, de onde se destacam quatro torres. É numa das torres, a Tour Quic-en-Groigne no canto noroeste, que se encontra a Galerie Quic-en-Groigne, que possui interessantes exposições, com figuras de cera, ilustrando acontecimentos na história da cidade. Na ala sudoeste do castelo está situado o Museu Municipal, também dedicado à história da cidade, onde numa das salas estão reconstituídos os passos da meticulosa reconstrução da cidade após a 2ª Guerra Mundial. A partir do próprio museu, os visitantes têm acesso às torres.

É ali do alto de uma das suas torres, com a luz dourada do entardecer repousada no granito agreste das casas, que se alcança aquela que é, porventura, a melhor vista de conjunto da cidadela e da orla marítima, bem como das ilhas de Grand-Bé e Petit Bé. Dentro do Castelo existe também um Aquário, não visitado por nós.

Uma vez mais na Place de Chateaubriand, seguimos em direção do centro da cidadela. Pela Rue Barbinais caminha-se para o interior em direção à Place St-Vincent, onde se encontra a Catedral, que infelizmente aquela hora já se encontrava fechada. Nas ruelas estreitas e empedradas de basalto, impõem-se as casas do séc. XVIII, onde no piso térreo proliferam boutiques, crêperies e lojas de recordações.

Segue-se depois pela Rue Broussais até à Port Dinan, a outra entrada da cidadela, que vai dar ao Quai de Dinan. O Quai de Dinan é o cais virado ao estuário do rio Rance, que em comparação com o Quai de St-Vincent é muito tranquilo. Ali veem-se os habitantes mais idosos de Saint-Malo jogando cartas ou sentados ao sol. Pelo cais alguns turistas passeiam. É um lugar muito bonito e quando está maré cheia, a água bate no cais numa espécie de canção de embalar.
Novamente de volta ao interior da cidadela inicia-se o passeio de volta até à Grande Port, onde tínhamos as bicicletas amarradas. O percurso é feito ao sabor da descoberta, encontrando-se no caminho algumas ruas curiosas, reunindo algumas belos exemplares da arquitetura bretã, bem um bom punhado de palacetes setecentistas.

Já a tarde caia quando saímos da cidadela a caminho do parque de campismo, na Ile d’ Aleth. Lá chegados foi tempo de apreciar o pôr-do-sol e o anoitecer a cair aos poucos sobre a cidade de Saint-Malo.

Fonte: http://www.conhecendoomundo.com/tag/st-malo/ http://www.almadeviajante.com/ http://france-for-visitors.com/

A Dama de Ferro


“Suspeito que nenhum outro líder do nosso tempo será capaz de manifestar tanta vontade de resistir ao desejo de agradar”

Hugo Young

A antiga primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, morreu ontem, segunda-feira, aos 87 anos, em resultado de um acidente vascular cerebral. A revista Time considerou-a uma das cem figuras mais influentes do século XX, e poucos britânicos discordarão da sua presença na seletiva lista, mesmo os mais atingidos pela cura de austeridade que a Dama de Ferro aplicou como remédio ao declínio económico do Reino Unido. Mulher de convicções fortes impôs a sua “revolução conservadora” ao país, criando uma era a que emprestou o nome.
Margaret Thatcher foi a primeira e única mulher da Grã-Bretanha primeiro-ministro, eleita três vezes e no poder durante quase 11 anos. Uma das mais admiradas e contestadas figuras políticas contemporâneas. O seu destino foi decidido em três dias, de dia 20 a 22 de novembro de 1999. Desde a preparação da sua destituição à sua queda política, devido a falta de fidelidade dos seus próprios ministros e dos seus colaboradores mais próximos.
Em jeito de homenagem aqui deixo um documentário sobre Margaret Thatcher, exibido pela RTP 2, no dia de sua morte. Esta é também a incrível história dos últimos dias de Margaret Thatcher no poder:

 
QUEM MATOU MARGARET THATCHER? - Documentários - RTP

 


 

Saint-Malo - 16º Dia - Parte II



 
A principal divisa de Saint-Malo é Ni français, ni breton, que espelha a alma da cidade, que desde sempre recusou estar sob a alçada, quer do rei de França, quer dos duques da Bretanha.
 
Porém o nome Saint-Malo é proveniente de St.Maclou, um monge vindo do País de Gales que cruzou o Canal da Mancha em 658 (séc. VI), num barco a remos e desembarcou em Saint-Malo, para pregar a fé cristã.
 
De bicicleta chegámos até à Grande Porte, uma das entradas da cidade. As entradas de Saint-Malosão imponentes, assim como a própria cidade entre muralhas. Hoje estas portas abertas de par em par, que recebem inúmeros turistas, foram outrora as portas de mar, que recebiam os mais variados povos, vindos de vários cantos do mundo. Corsários, comerciantes, simples marinheiros e muitos aventureiros, além de escravos, que pela cidade passavam, marcaram profundamente a sua história.
 
Lá dentro os visitantes são muitos. No entanto quando se começa a deambular pelas ruelas da cidadela, a serenidade aparece a cada virar de esquina. Os visitantes afluem para as portas e para o centro, deixando o resto da cidade tranquila.
 
A cidade para qualquer visitante parece guardar toda a sua passada história sem qualquer beliscadela, e as ruas, praças e casas conservam “intactas” a traça medieval. Porém o passado da cidadela é muito mais sofrido do que há primeira vista aparenta ser.
 
Como é aliás comum na Bretanha, a Segunda Guerra Mundial também martirizou Saint-Malo. Em agosto de 1944, a aviação aliada bombardeou intensamente a cidade, que se julgava acolher importantes comandos alemães. A cidadela foi fortemente bombardeada e o resultado acabou por ser a destruição de quase toda a área intramuros.
 
Segundo documentos e fotografias da época expostos no Museu da Cidade de Saint-Malo, só escassos edifícios sobreviveram, salvando-se no entanto as muralhas projetadas por Vauban. Do burgo medievo, pouco mais restou do que um mar de cinzas e ruínas.
 
Porém a resistência e coragem dos habitantes de Saint-Malo, tornaram possível um restauro exemplar. A população mobilizou-se e fez renascer a cidade. As pedras foram numeradas uma a uma, o terreno foi limpo de entulho e os edifícios foram reconstruídos escrupulosamente de acordo com a traça original.
 
Perto da Grande Port, encontra-se a Place du Poids du Roi, uma pequena praceta onde existem escadas de acesso ao cimo das muralhas e por elas se caminha para a direita (a partir da Grande Port), até à Place Chateaubriand.
 
Do cimo da muralha contempla-se do lado de fora das muralhas, a Marina de Saint- Vincent, e intramuros, aquela que é uma das praças mais movimentadas da cidade. Descemos a escadaria e ali perto, no nº 3 de uma casa do séc. XVII, hoje o Hotel France et Chateaubriand na Rue Chateaubriand, é o local onde nasceu o célebre escritor e viajante, François-René Chateaubriand, que foi sepultado na Ile Grande-Bé.
 
Fonte: http://www.saint-maclou.com/histoire-et-legende.html http://www.almadeviajante.com/ http://france-for-visitors.com/ http://www.planetware.com/