A
principal divisa de Saint-Malo é “Ni français, ni
breton”, que espelha a alma da cidade, que desde sempre recusou estar
sob a alçada, quer do rei de França, quer dos duques da Bretanha.
Porém
o nome Saint-Malo é
proveniente de St.Maclou,
um monge vindo do País
de Gales que cruzou
o Canal da Mancha
em 658 (séc. VI), num barco a remos e desembarcou em Saint-Malo, para pregar a fé cristã.
De
bicicleta chegámos até à Grande Porte, uma das entradas da cidade. As
entradas de Saint-Malosão
imponentes, assim como a própria cidade entre muralhas. Hoje estas portas
abertas de par em par, que recebem inúmeros turistas, foram outrora as portas
de mar, que recebiam os mais variados povos, vindos de vários cantos do mundo.
Corsários, comerciantes, simples marinheiros e muitos aventureiros, além de
escravos, que pela cidade passavam, marcaram profundamente a sua história.
Lá
dentro os visitantes são muitos. No entanto quando se começa a deambular pelas
ruelas da cidadela, a serenidade aparece a cada virar de esquina. Os visitantes
afluem para as portas e para o centro, deixando o resto da cidade tranquila.
A
cidade para qualquer visitante parece guardar toda a sua passada história sem
qualquer beliscadela, e as ruas, praças e casas conservam “intactas” a traça
medieval. Porém o passado da cidadela é muito mais sofrido do que há primeira
vista aparenta ser.
Como
é aliás comum na Bretanha,
a Segunda Guerra
Mundial também martirizou Saint-Malo. Em agosto
de 1944, a aviação aliada bombardeou intensamente a cidade, que se julgava
acolher importantes comandos alemães. A cidadela foi fortemente bombardeada e o
resultado acabou por ser a destruição de quase toda a área intramuros.
Segundo
documentos e fotografias da época expostos no Museu da Cidade de Saint-Malo,
só escassos edifícios sobreviveram, salvando-se no entanto as muralhas
projetadas por Vauban.
Do burgo medievo, pouco mais restou do que um mar de cinzas e ruínas.
Porém
a resistência e coragem dos habitantes de Saint-Malo,
tornaram possível um restauro exemplar. A população mobilizou-se e fez renascer
a cidade. As pedras foram numeradas uma a uma, o terreno foi limpo de entulho e
os edifícios foram reconstruídos escrupulosamente de acordo com a traça
original.
Perto
da Grande Port,
encontra-se a Place
du Poids du Roi, uma pequena praceta onde existem escadas de acesso ao cimo
das muralhas e por elas se caminha para a direita (a partir da Grande Port),
até à Place
Chateaubriand.
Do
cimo da muralha contempla-se do lado de fora das muralhas, a Marina de Saint-
Vincent, e intramuros, aquela que é uma das praças mais movimentadas da
cidade. Descemos a escadaria e ali perto, no nº 3 de uma casa do séc. XVII,
hoje o Hotel
France et Chateaubriand na Rue Chateaubriand, é o local onde nasceu
o célebre escritor e viajante, François-René
Chateaubriand, que foi sepultado na Ile Grande-Bé.
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