Hipácia de Alexandria (Alexandria, 355 – Alexandria, 415 d. C.)

"Defende o teu direito de pensar, porque mesmo pensar de modo erróneo é melhor do que não pensar..."

Hipácia de Alexandria



"Vestida com o manto dos filósofos, abrindo caminho no meio da cidade, explicava publicamente os escritos de Platão e de Aristóteles, ou de qualquer filósofo a todos os que quisessem ouvi-la… Os magistrados costumavam consultá-la em primeiro lugar para administração dos assuntos da cidade".

 
Hesíquio, o hebreu (aluno de Hipácia)



 
Hipácia, também conhecida como Hipátia, nasceu na cidade de Alexandria, então o epicentro cultural da região que hoje corresponde ao Egipto, em cerca de 355 d.C. Ela era filha de Theon, famoso filósofo, astrónomo e mestre de Matemática na Biblioteca de Alexandria e graças à sua influência, Hipácia veio a destacar-se no cenário intelectual posterior.
 
Adepta da corrente neoplatónica, Hipácia cresceu num ambiente repleto de vida cultural e filosófica. Mantinha estreitos vínculos com a figura paterna, fonte de seu saber e de sua incessante procura de soluções para as questões ignoradas.
 
A sua formação cresceu em volta dos saberes filósoficos, demonstrando um imenso gosto pelo conhecimento, sendo pioneira na arte de desbravar os árduos caminhos da Matemática. Cultivava não somente um cérebro privilegiado, mas também um corpo saudável, visando implantar na sua própria existência uma antiga aspiração helénica, “mente sã em corpo são”, transmitida por seu pai, de nacionalidade grega.
 
Hipácia estudou na Academia de Alexandria, onde devorava conhecimento, tornando-se a maior pesquisadora de Alexandria, em especial nos campos da Matemática e da Filosofia, legando ao futuro grandes descobertas nestas ciências, bem como na Física e na Astronomia. Devotou-se igualmente à prática da Poética e ao exercício das Artes, sobressaindo ainda na Oratória e na Retórica.
 
Na adolescência ela foi para a cidade de Atenas, atual capital da Grécia, com o objetivo de concluir seus estudos na Academia Neoplatónica. Aí Hipácia logo se destacou, tentando unir a Matemática do algebrista Diofanto ao neoplatonismo de Plotino. Melhor dizendo, ela empreendeu a adequação da razão matemática à ideia da mónada das mónadas, cultivada pelos adeptos do neoplatonismo.
 
De volta a Alexandria, iniciou-se a lecionar na Academia onde havia estudado, conquistando justamente a cadeira anteriormente ocupada por Plotino. Ao completar 30 anos, Hipácia já atingira o posto de Diretora da Biblioteca de Alexandria. Ao longo deste tempo ela criou várias obras, popularizando-se por resolver intrincadas questões da Matemática.
 
Ficou famosa por ser uma grande solucionadora de problemas Matemáticos confusos e eram vários os cientistas que quando tinham dúvidas sobre determinado assunto, lhe escreviam pedindo uma solução para os seus problemas, e raramente os desapontava. Obcecada pelo processo de demonstração lógica, quando lhe perguntavam porque jamais se casara, respondia que já era casada com a verdade.
 
Infelizmente essa trajetória brilhante teve um desfecho sinistro, que parece ter sido configurado a partir de 412, com a ascensão do Patriarca Cirilo ao poder. Ele era um cristão fanático, árduo defensor da Igreja e acirrado adversário dos que ele considerava serem hereges.
 
Neste contexto, os ideais científicos de Hipácia, converteram-na num alvo fácil para Cirilo, principalmente no que se refere à sua formação neoplatónica, vista como pagã, em especial pelos seus pontos de vista relativos ao Universo.
 
De facto Cirilo contribuiu para que o povo de Alexandria acreditasse que Hipácia estava por trás da decisão de Orestes, o Governador romano da cidade e seu amigo, quando este ordenou a execução de um monge cristão chamado Amónio, ato que tinha enfurecido o bispo Cirilo e seus correligionários.
 
De acordo com o relato de Sócrates, o Escolástico, numa tarde de março de 415, quando regressava do Museu de Alexandria, Hipácia foi atacada em plena rua por uma turba de fanáticos cristãos enfurecidos. Foi arrastada pelas ruas da cidade até uma igreja, onde foi cruelmente torturada até a morte. Depois de morta, o seu corpo foi lançado a uma fogueira.

Fontes: http://www.infoescola.com/biografias/hipatia/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipátia
http://www.librarising.com/spirituality/hypatia.html
http://sexoforte.net/mulher/index.php?option=com_content&view=article&id=219:hipacia-de-alexandria-o-direito-de-pensar&catid=79:grandes-mulheres&Itemid=113

 
 
Carl Sagan fala-nos deste episódio de fanatismo irracional que motivou a morte de Hipácia:




No “Dia Internacional da Mulher” a ONU escolheu o tema da "Violência contra as Mulheres" para assinalar a data.
 
Como a violência e a discriminação contra as mulheres é ainda nos nossos dias uma realidade, proponho que vejam o filme "Àgora", sobre a vida de Hipácia de Alexandria, como homenagem a esta grande mulher, muito à frente no seu tempo e a todas as mulheres vítimas em várias épocas de violência, quer física, quer psicológica.

Podem ver o filme  em:

 

As Origens da Vida


Neste episódio, o 2º da série Cosmos, Carl Sagan já no nosso planeta, comenta sobre as Origens da Vida e fala-nos sobre a Evolução das Espécies, especulando sobre a hipótese da existência de seres vivos noutros planetas.
Faz-nos o relato épico japonês de Heike Monogatari, sobre a luta entre os clãs Taira e Minamoto pelo controle do Japão no final do séc. XII, durante as Guerras Genpei e como isso aparece nas lendas em torno dos caranguejos da espécie Heikea japónica.
Fala-nos no mecanismo da evolução das espécies, nas mutações ocasionais e nas séries de lentas adaptações ao meio de muitos seres vivos. Diz-nos que a origem de novas espécies e a seleção natural, faz a música da vida mais bonita com o passar das Eras.
Daí, parte-se para a representação de seu calendário cósmico, para então comentar as semelhanças moleculares entre as diferentes formas de vida, levando-nos a visitar com ele o Royal Botanic Gardens, o jardim botânico londrino.
Ao sair da magnífica estufa do jardim botânico real, Carl Sagan senta-se num enorme e belíssimo carvalho, edificando-se de imediato com ele.
Depois, quando propositadamente fura o dedo com o espinho de uma roseira, dá o início a uma viagem virtual ao mundo molecular, apresentando-nos os mecanismos de replicação do DNA.
Por fim, após o químico Bishun Khare demonstrar a experiência de Urey-Miller num laboratório da Universidade de Cornell, Carl Sagan especula sobre vida extraterrestre, quando exibe então três seres imaginados por ele e seu colega físico E. E. Salpeter, também da Universidade de Cornell, que seriam capazes de viver na superfície gasosa do planeta Júpiter: os flutuadores, os caçadores e os afundadores.

Boa visualização!...



Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=ByJnOZNVioI http://w3.ufsm.br/

Le Puy du Fou - Os Espetáculos - 10º Dia - Parte III


O séc. V d,C. é mercado pela glória e pelo esplendor do Império Romano. No Império Romano, Roma trouxe para as terras conquistadas o gosto pelos desfiles teatrais e militares, construindo circos e anfiteatros de dimensões colossais, que eram lugares de entretinimento público.

Esses usos e costumes que difundiram pelo mundo romano continuam a ter uma grande influência sobre o mundo de hoje. São exemplo disso, os circos e as praças de touros e touradas, bem como as paradas militares que ainda se observam por vezes no mundo moderno.

Nessa altura o Cristianismo ameaçava crescer gradualmente no Imperio Romano. No séc. III, o Imperador Diocleciano (245-313), deu origem a inúmeras perseguições contra cristãos.

O terceiro espetáculo designado de “Os Gladiadores” faz alusão a esta época. Assim, neste espetáculo uma dúzia de prisioneiros cristãos são condenados a ir para a arena lutar pelas suas vidas. Nas arquibancadas do grandioso estádio Galo-Romano, sentado num trono, um cruel Governador romano, prepara-se para assistir ao desenrolar dos acontecimentos, debaixo de toldo gigante de lona vermelha. Depois levanta-se e dá a ordem de começo ao espetáculo…



Fonte: http://www.france-for-visitors.com http://www.youtube.com/http://viagens.travel-vacation.org/

Le Puy du Fou - Os Espetáculos - 10º Dia - Parte II


Como parque temático o Puy du Fou, nas suas várias vertentes, celebra sobretudo a história da França. O lugar combina história, diversidade, animais, beleza e um pouco de magia numa perfeita harmonia de conjunto.

Os locais destinados aos espetáculos estão rodeados de ambiente natural, e neles podemos assistir a várias demonstrações de falcoaria, saltos de cavalo, corridas de carroças, visitas a reconstruções medievais e a um anfiteatro romano. Podemos participar em batalhas e visitar lagos, zonas de floresta, e claro, assistir a diversos espetáculos medievais com muitos efeitos especiais à mistura.

O primeiro lugar que visitamos foi a cidade medieval de Puy du Fou, que surpreende pelo seu realismo, com ruas cheias de vida, com almocreves e malabaristas, e lojas com artesãos que fazem reviver habilidades há muito esquecidas, como que perdidas no tempo.



Dirigimo-nos então para os espetáculos temáticos. O primeiro foi espetáculo foi o designado por “La Bataille du Donjon”.

É passado em 1429, como que se fossemos convidados a assistir a uma festa de cavalaria. De repente, aparecem máquinas de guerra gigantes e a torre, onde se prendiam os mais terríveis prisioneiros, torna-se palco de uma batalha feroz.

É então que assistimos a um verdadeiro espetáculo de “arte de bem cavalgar em toda a sela”. Volteio a cavalo, lutas acavalo e acrobacias em cima dos mesmos, estão previstas neste incrível show.



Dirigimo-nos então para  o segundo espetáculo escolhido por nós, “os Vikings” é realizado junto de uma fortaleza antiga reconstruída, que é atacada por um grande barco Viking.
No ano mil, a aldeia prepara-se para celebrar o casamento de Aldéric e Cibele, pouco antes da chegada dos vikings. Mas a festa está apenas a começar quando terríveis guerreiros vikings chegam com seus escaleres para saquear a vila.

 Provenientes dos sues grandes barcos em chamas, como que emergindo entre as chamas, os vikings encetam um feroz e gigantesco ataque à pacífica aldeia de casas com telhados de colmo e ao milenário Forte.

O ataque ao Forte e à sua torre de 22 metros, a raivosa batalha provoca um dilúvio de efeitos especiais.

 Os efeitos especiais dão enfase ao aparecimento de um bardo viking maior que de forma mística emerge das águas para levar os seus bárbaros tripulantes, que roubaram e destruíram a aldeia, mas que depois se afunda diante dos nossos olhos… Depois e ainda das águas, emerge também uma arca sagrada e dela sai um homem santo, que celebra o matrimónio e trás consigo a paz ao lugar…


Fonte: http://www.youtube.com/ http://viagens.travel-vacation.org/

 

Le Puy du Fou - 10º Dia - Parte I


No dia seguinte ao da chegada a Puy du Fou acordamos mais sedo do que o costume e fomos logo para o parque temático do mesmo nome.

Le Puy du Fou (que se traduz como "a colina da faia”) é um parque temático histórico situado no lugar de Les Epesses (entre Cholet e La Roche-sur-Yon), no coração da região de Vendée.
É um parque enorme, que produz espetáculos temáticos que vão desde a antiga Gália, época romana, época medieval e outras, e que são apresentados desde as 09h00 da manhã até à noite.
O parque é dividido em cinco espetáculos separados, de cercada 30 a 40 minutos cada. Os artistas principais e figurantes vestem-se a rigor com trajes de época e toda a atmosfera envolvente está também relacionada com o tema.
A história do Puy du Fou como parque temático, começou quando dois jovens descobriram a 13 de junho de 1977, as ruínas de um castelo renascentista na aldeia de Les Epesses.
Os dois jovens, um estudante de 27 anos (agora um político francês) e um jovem criador de som e imagem, decidiram então juntar-se para criar um show original, para o lugar. Imaginaram bons cenários e algumas histórias relacionadas com uma família local chamada “Maupillier” (o nome real de uma família de tradição militar da região de Vendée, existente no local no momento do conflito entre os agricultores e artesãos de Vendée, que lutaram pelo lado da aristocracia, contra os republicanos franceses, durante a Revolução Francesa), abrangendo temáticas de vão desde o séc. XIV até à 2ª Guerra Mundial.
O enorme parque temático foi inaugurado em 1978 e está localizado no coração da floresta, ao lado das ruínas do velho castelo renascentista de Puy du Fou (queimado parcialmente durante a Guerra de Vendée). Os inúmeros shows realizados no Puy du Fou, são realizados no magnífico cenário natural, onde o complexo de entretenimento ocupa 45 hectares.
Uma vez lá dentro, os visitantes tanto podem explorar o parque que tem muito para oferecer, como por exemplo uma enorme coleção de maravilhosas aves de rapina, bem passear pelo parque que oferece muitos cantos e recantos de enorme beleza natural e cénica.
Por outro lado nos locais onde decorrem os espetáculos, que têm uma rotatividade de cerca de trinta minutos, a escolha é variada, ficando sempre algum que não se consegue ver.
Os espetáculos do Puy du Fou levam-nos numa viagem através de dois mil anos (a partir do ano 1000 ao séc. XX) da história da França. Os mais divertidos, levam-nos a reviver, Jogos de Circo Romano, Ataques de Vikings, Torneios de Cavalaria Medieval, lutas de mosqueteiros, a antiga arte da falcoaria, e ainda o conhecimento dos antigos artesãos e suas artes.
No final da tarde, já quase no início da noite, os visitantes dirigem-se para o lago, onde é realizado um surpreendente espetáculo de luz e som verdadeiramente inesquecível.
O parque também possui restaurantes temáticos onde se pode degustar comida cozinhada como na época que pretendem ilustrar.
O complexo também fornece infraestruturas hoteleiras temáticas, como “as ilhas de Clóvis”, com salas construídas sobre palafitas, inspiradas nas casas lacustres, para evocar a atmosfera do primeiro milénio, e a “Villa Galo-Romana”, inspirada num Fórum Romano.
O parque de Puy du Fou é o quarto mais visitado na França, após a Euro Disney, Parc Astérix e Futuroscope, com mais de 1 milhão de visitantes entre abril e setembro.



Fonte: http://viagens.travel-vacation.org/ http://en.wikipedia.org http://www.youtube.com/

O QUE PODE A PALAVRA?


Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso."

Quero para mim o espirito desta frase, transformada
A forma para a casar com o que eu sou: Viver não
É necessário; o que é necessário é criar.

Não conto gozar a minha vida; nem em goza-la penso.
Só quero torna-la grande, ainda que para isso
Tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo.

Só quero torna-la de toda a humanidade; ainda que para isso
Tenha de a perder como minha.

Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho
Na essência anímica do meu sangue o propósito
Impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
Para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

Fernando Pessoa

 

O que pode a palavra? É com essa questão que a filósofa Viviane Mosé abre, neste programa, a série Deslimites.
 
A palavra participa o tempo todo da nossa vida, ela traduz o mundo, dá nome às coisas e aos nossos sentimentos. A linguagem é poderosa, ela cria e compartilha sentidos.
 
Viviane Mosé mostra-nos, nesta palestra do Café Filosófico, que a mesma palavra que tenta explicar a vida, pode também limitar as possibilidades de sentido que a vida pode ter.
 
Com a sua belíssima poesia, Viviane Mosé faz-nos pensar sobre o poder e os limites da palavra.





Fonte: http://www.cpflcultura.com.br/2009/11/21/integra-o-que-pode-a-palavra-viviane-mose/ ; http://www.youtube.com/

O segredo do Homo sapiens e a governação global



A teoria da evolução de Darwin aplica-se a todos os organismos vivos, logo ao Homo sapiens. Ao longo da história da vida na Terra, a evolução das espécies deu-se por meio de um processo de adaptação ao meio ambiente movido pela selecção das mutações genéticas com mais vantagens de sobrevivência e reprodução. Consequentemente, os principais traços distintivos de cada espécie têm uma “explicação” no processo de selecção natural, que pode ser decifrada com maior ou menor dificuldade.

No caso do Homo sapiens, há várias características notáveis cuja emergência podemos tentar explicar. Entre as principais destaca-se o bipedismo, a linguagem, a nudez (ou ausência de pelo, única entre os primatas), o grande volume da massa encefálica, que permite a consciência, formas superiores de inteligência e abstracção, o desenvolvimento cultural e a "eussociabilidade", ou seja, uma forma avançada de sociabilidade que incluiu a sobreposição de gerações, a cooperação, o altruísmo e a divisão de tarefas no mesmo grupo.

Todas estão relacionadas entre si e têm explicações fascinantes. Porém, a mais notável, e a que provavelmente contém o segredo da nossa natureza e do nosso sucesso como espécie biológica, é a fortíssima encefalização que ocorreu na evolução desde o Australopitecus afarensis, de há mais de três milhões de anos, até ao Homo sapiens. Num período de tempo de cerca de três milhões de anos o volume do cérebro mais do que triplicou, enquanto o peso aumentou apenas de um terço.

Pertencer, ser fiel e proteger o grupo, lutar pela ascensão no seu seio e combater os grupos adversários é um traço essencial da nossa natureza.

Quais as “razões” de selecção natural que motivaram esta extraordinária evolução? Foram razões muito fortes, porque o crescimento da massa encefálica exigiu uma alimentação mais rica para assegurar o grande consumo de energia de um cérebro de maiores dimensões. Com apenas 2% do peso do corpo, o cérebro consome cerca de 20% da energia necessária à vida humana.

Pertencer, ser fiel e proteger o grupo, lutar pela ascensão no seu seio e combater os grupos adversários é um traço essencial da nossa natureza.

Quais foram então as pressões de selecção natural que promoveram o crescimento do volume do cérebro na linhagem evolutiva do Homo sapiens? Provavelmente foram as vantagens para a sobrevivência e reprodução de uma vida social progressivamente mais interactiva e complexa, baseada na construção de alianças e responsabilidades colectivas no grupo para actividades como a caça, a partilha de comida, a protecção e as lutas com os grupos rivais pela conquista de território e de recursos escassos.

Todos os primatas são animais sociáveis, mas os hominídeos desenvolveram de forma extraordinária a sociabilidade nos grupos em que viviam, tipicamente com 20 a 100 elementos. O extraordinário desenvolvimento do cérebro criou vantagens reprodutivas ao permitir encontrar soluções para os crescentes desafios sociais intragrupos e intergrupos.

A forte identificação com o grupo era acompanhada por uma profunda desconfiança e antagonismo em relação àqueles que pertenciam a outros grupos. Um exemplo extremo desta agressividade encontra-se ainda em algumas tribos primitivas da etnia asmat da Papuásia-Nova Guiné, onde membros das outras tribos são identificados como “aqueles que se comem”.

Pertencer, ser fiel e proteger o grupo, lutar pela ascensão no seu seio e combater os grupos adversários é um traço essencial da nossa natureza, que provavelmente esteve na origem da emergência do Homo sapiens e permanece na actualidade. A rede de grupos religiosos, políticos, sociais e económicos das sociedades modernas desempenham o mesmo papel psicológico do tribalismo. Nesta rede, a estrutura dominante são os Estados-nações soberanos cujos Governos têm jurisdição a nível local e nacional, mas que competem entre si activamente e por vezes violentamente a nível global. Neste paradigma, o valor supremo são os interesses nacionais dos Estados-nações.

Criámos uma problemática global e caminhamos para uma sociedade global através da globalização, mas será que pertencemos efectivamente a uma tribo global?

Entretanto, as culturas e as civilizações desenvolveram-se e há um problema novo. Surgiram problemáticas de natureza global, tais como as alterações globais sistémicas (mudança climática antropogénica, redução do ozono estratosférico) e cumulativas (crescente escassez de água e de outros recursos naturais, poluição da água, dos oceanos e dos solos, desertificação e perda de biodiversidade). As sociedades humanas, através das suas múltiplas e complexas actividades, interferem actualmente com o sistema Terra de formas tão profundas, continuadas e extensas, que ameaçam os seus vários subsistemas e os processos bióticos e abióticos de que depende a sustentabilidade daquelas sociedades.

Criámos uma problemática global e caminhamos para uma sociedade global através da globalização, mas será que pertencemos efectivamente a uma tribo global? Por outras palavras, em que medida praticamos nessa tribo a protecção e defesa que caracteriza o nosso comportamento nos Estados-nações e nos outros grupos a que pertencemos? Todas as tribos têm tribos adversárias, mas a global não tem. Será que sabemos proteger e defender um grupo humano que não tem adversários?

Não há, teoricamente, adversários, porque todos nós pertencemos a esse mesmo grupo, o que, do ponto de vista da história evolutiva do Homo sapiens, é uma situação nova e inesperada. Porém, a qualidade do nosso futuro comum depende de nos adaptarmos à nova realidade. Não temos a ameaça de ataque de uma civilização extraterrestre, a ameaça vem do nosso próprio comportamento individual e colectivo.

O sistema das Nações Unidas é um fórum para as questões internacionais da paz, da segurança, dos direitos humanos, do desenvolvimento social e económico e do ambiente, mas, exceptuando o Conselho de Segurança, as decisões têm de ser consensuais, o que permite preservar os interesses nacionais dos Estados-membros.

Não é possível atingir a sustentabilidade do desenvolvimento à escala global sem sobrepor os interesses da humanidade aos interesses nacionais, quando necessário. Para construir a sustentabilidade é indispensável instituir novas formas de governação global que criem um sistema financeiro e económico capaz de promover a equidade, a gestão sustentável dos recursos naturais e de travar a degradação ambiental e a perda de biodiversidade.

É urgente substituir a directriz de Patrick Geddes “pensar globalmente e actuar localmente” por “pensar e actuar localmente e globalmente”.
Filipe Duarte Santos, in PÚBLICO, de 27/02/2013 (Foi mantida a ortografia original)





Filipe Duarte Santos é Professor Catedrático da Faculdade de Ciências de Lisboa, Unidade de Investigação: SIM
   




Mas hoje não devo ficar só por aqui. Também vos trago outra opinião, a de Beatriz Talegón, uma jovem com preocupações realmente GLOBAIS.


Beatriz Talegón, líder da Juventude Internacional Socialista, envergonhou os líderes socialistas mundiais com um discurso que incendiou as redes sociais. Na sua intervenção, proferiu uma dura crítica à Internacional Socialista que acusa de não trabalhar para os jovens e de andar reunida em hotéis de cinco estrelas a tentar encontrar soluções para a crise.
"Como se pode liderar uma revolução a partir de um hotel de cinco estrelas em Cascais, chegando em carros de luxo? Podemos dizer aos jovens que os compreendemos, que sentimos a sua dor aqui dentro, no meio deste luxo?". Estas perguntas de Beatriz Talegón colocaram o mundo socialista e as redes sociais em polvorosa. O vídeo da sua intervenção durante a reunião da Internacional Socialista (IS) em Cascais, na semana passada, tornou-se viral em Espanha, está a ser muito partilhado em Portugal e chegou à América Latina através das redes sociais, tendo já sido visto por mais de cem mil pessoas na Internet.
Esta é também uma excelente opinião a não perder...



O Povo é quem mais Ordena



Às zero horas e vinte minutos do dia 25 de abril de 1974, esta canção era transmitida na Rádio Renascença, a emissora católica portuguesa, como sinal para confirmar as operações da revolução. Por esse motivo, a ela ficou associada, bem como ao início da Democracia em Portugal.

Hoje o país está na rua!...

Grândola, Vila Morena é outra vez chamada a falar pelos portugueses…


Os Limites do Oceano Cósmico


Partindo dos limites do grande oceano espacial, Carl Sagan embarca numa imensa viagem cósmica que começa a 8 bilhões de anos-luz da Terra. A bordo de uma nave espacial imaginária, ele transporta-nos às maravilhas do Cosmos: quasares, galáxias em espiral, nebulosas, supernovas e pulsares.
Viajamos então para lá de Plutão, dos anéis de Úrano, do majestoso sistema de Saturno, e da luminosidade do lado noturno de Júpiter. Penetrando nas nuvens da Terra, encontramo-nos no Egipto, onde Eratóstenes pela primeira vez mediu a Terra. Carl Sagan mostra-nos como isso foi feito.
Como numa viagem no tempo, traz-nos a mítica Biblioteca de Alexandria, berço da aprendizagem na Antiguidade, aqui ressuscitada em toda a sua glória. Foi nela que começou a aventura intelectual que nos levou até ao Espaço. Ela era uma cidadela da consciência humana e serve-nos para ilustrar a fragilidade do conhecimento humano.
 
Fala-nos também de Hipátia de Alexandria, a última e mais bela luz que brilhou na Biblioteca de Alexandria. Além de Matemática, também ensinou Filosofia e Astronomia no antigo Egipto romano. Foi a primeira mulher professora e estudiosa que veio a ser Diretora da Academia de Alexandria. Hipácia foi assassinada por uma multidão de fanáticos cristãos, depois dos seguidores de Cirilo montarem uma insidiosa intriga, acusando-a de ser a responsável de provocar um conflito entre duas figuras proeminentes de Alexandria, o governador Orestes e o bispo de Alexandria. Segundo alguns historiadores o assassinato de Hipácia marcou o fim da Antiguidade Clássica. *

Carl Sagan faz-nos ainda compreender a enormidade do tempo que passou desde o Big-Bang até aos nossos dias, apresentando-nos aqui o "Calendário Cósmico", fazendo-nos entender que para bem de todos e desde a antiga Alexandria, duas importantes frentes deveriam ser sempre preservadas: o reconhecimento do direito de pesquisa livre e responsável e, no mesmo patamar de valoração, o respeito da pessoa humana e seus direitos, ambos voltados para a instituição de uma sociedade justa.

O ponto axial dessa relação dialética tem sido e terá que ser sempre, o conceito fundamental da "responsabilidade da ciência”.

Nós somos simplesmente o legado de 15 bilhões de anos de evolução cósmica. Este é o 1º Episódio da série Cosmos.


De La Rochelle a Puy de Fou - 9º Dia - Parte II




Depois de visitarmos de bicicleta La Rochelle e já ao entardecer voltámos à autocaravana, pois era hora de partir. Embora perdidos de amores por La Rochelle, era preciso cumprir o destino e continuar viagem.

O rumo desta feita era o Puy de Fou onde queríamos ir pernoitar, e que nos foi muito recomendado por pessoas conhecidas que já anteriormente tinham vagueado por aquelas paragens.

No caminho até Puy de Fou, ainda queríamos visitar Parthenay, uma bela vila medieval, que faz parte das villages históricas francesas mais recomendadas nos roteiros turísticos e passar pela vila Donjon de Niort, para vermos o seu famoso Château.

Parthenay é uma pequena cidadezinha francesa fortificada, situada no departamento de Deux-Sèvres, na área de Poitou-Charentes e situada no meio da designada Gâtine. Está situada sobre um promontório rochoso e cercada por dois lados pelo rio Thouet.

Parthenay aparece já referida em documentos a partir de 1012. No início do séc. XIII, Parthenay ocupa um lugar estratégico na luta que opõe os reis de França e da Inglaterra, pela posse da região de Poitou. A cidade é cercada por três linhas concêntricos de fortificações, o castelo, a cidadela e a cidade medieval, cercada até à Porta de Saint-Jacques.

 
No séc. XV, Parthenay tinha a sua atividade económica concentrada ao longo da rua "la Vau Saint-Jacques", situada na parte baixa da cidade. Esta é a rua mais visitada da cidade por preservar o maior número de edificações de origem medieval, sendo por isso mesmo o local mais emblemático. As suas casas ainda hoje reúnem os principais vestígios medievais, os ”Tisserands” que podem ser observados nas fachadas das casas, onde se veem essas traves de madeira que lhes servem de sustentação, com um dos lados da madeira esculpido. Esta rua desce em direção ao Portão Saint-Jacques do século XIII, assim chamado pelos peregrinos a caminho de Santiago de Compostela, que por ali pernoitavam.

 
A partir do final do séc. XI, desenvolveu-se nas margens do rio Thouet, no bairro de Saint-Jacques, um famoso artesanato têxtil realizado pelas mulheres da cidade.

 
Após termos percorrido cerca de 40 Km parámos em Niort, junto do seu histórico castelo. O Château de Niort é um castelo medieval, composto por duas torres quadradas, ligadas por um edifício do séc. XV que e domina o Vale de Sèvre Niortaise. Os dois torreões são a única parte remanescente do castelo, que foi iniciado por Henrique II de Plantagenet e completado por Ricardo Coração de Leão.

 
A origem do castelo e da cidade tem muito interesse histórico. Após o casamento de Henrique II com Eleanor de Aquitânia, o rei inglês recebeu como dote os domínios de sua esposa, ficando a coroa inglesa a controlar a maior parte do oeste de França. Precisando de uma base segura para manter os laços com a Inglaterra, Niort foi estrategicamente fundada como local onde Henrique II poderia manter uma guarnição e suprimentos de pessoal e armas.

 
Hoje o castelo abriga um museu que exibe principalmente móveis da época medieval e uma extraordinária variedade de trajes que foram usados ​​nas aldeias da região até ao início do séc. XX.

 
A partir de Niort, seguimos viagem para ser realizada a última etapa até a Puy de Fou. Como sempre fomos os últimos a chegar à área de parqueamento de Puy de Fou, passava já da meia-noite. Mais de vinte filas de autocaravanas, cada uma com mais de vinte e cinco autocaravanas, confirmaram a importância e o interesse turístico do local.
Fonte: http://www.trekearth.com/  http://en.wikipedia.org/ http://www.espacoerrante.blogspot.pt/