Alta, a Cidade das "Luzes do Norte"



A chegada a Alta, pelas 8h00 foi a nossa primeira paragem num porto da Noruega a bordo do Century. Só saímos depois do almoço, sendo nossa opção nesta viagem, fazermos as visitas às cidades, só durante a tarde.
O município de Alta, abrange 3.815 km 2, localizado desde as margens do Altafjorden, (fiorde de Alta), incluindo grandes áreas florestais e abrangendo o planalto Finnmarksvidda. O rio Altaelva tem ao longo dos tempos formado um dos maiores "canyons" da Europa, escavando o solo no seu curso a partir do planalto para o fiorde, e é um dos rios de salmão mais atractivos para a pesca.

Alta, na foz do rio Altaelva, cresceu e integrou-se nas quintas vizinhas, formando a área urbana mais habitada da região Finnmark (região mais a norte da Noruega, na mesma latitude que a Sibéria, a Gronelândia e o Alasca). Inclui Bossekop, um mercado comercial rico em tradições onde samis e kaen (imigrantes naturais da Finlândia) e ainda noruegueses comercializavam bens.

A parte mais baixa do vale de Alta está coberto de florestas e terrenos agrícolas muito férteis. A corrente quente do golfo e as noites solarengas de Verão, permitem que o solo seja fértil, mesmo a 70º N. Os portos na costa de Finnmark não congelam e a zona desfruta de Invernos suaves. Cai muita neve durante o Inverno, mas muitas zonas desta região estão rodeadas por montanhas, que provocam o abrigo dos ventos e dos frios invernais vindos do oceano.

Alta também sofreu um grande incêndio. No Outono de 1944, quase toda a Finnmark foi queimada durante a retirada alemã, no final da 2ª Guerra Mundial, e a cidade com excepção da igreja em Bossekop, foi totalmente arrasada. A cidade foi reconstruída logo após o final da guerra, e a maior parte das pessoas reconstruiu as próprias casas no mesmo sitio das anteriores, modificando no entanto a sua arquitectura.

Em 1973 foram descobertas gravuras rupestres com 2000 - 6000 anos, perto da aldeia de Hjemmeluft. As gravuras, hoje Património Mundial da Unesco, ilustram a vida selvagem e cenas de caça. As pinturas rupestres de rock Hjemmeluft são a maior extensão de pinturas rupestres do mundo, e podem ser visitadas perto de Alta.

Alta foi notícia por vários meses. Muitos habitantes da zona (especialmente Samis e ambientalistas) usaram a desobediência civil, manifestando-se contra a construção de uma barragem hidroeléctrica. No entanto, a barragem foi construída, e o rio Altaelva manteve uma rica fauna etiológica, sendo hoje motivo de orgulho para os habitantes da região.

A maior parte da população vive na cidade de Alta, desfrutando de um clima ameno, com temperaturas de Verão comparáveis com as do sul da Noruega, e nas zonas baixas, a cidade é protegida das tempestades de Inverno. O seu clima favorável, povo hospitaleiro e ambiente agradável são os pontos fortes desta região, que em cada ano atrai mais pessoas para esta comunidade, tendo esta crescido nos últimos anos. Além disso, é uma cidade muito dinâmica, cheia de actividades e eventos durante o Verão e o Inverno.

A precipitação é escassa, (precipitação anual de 400 mm) e o céu limpo e perpétuo de Alta, foi a razão pela qual a cidade foi escolhida como um excelente local para o estudo das Northern Lights, (auroras boreais). O primeiro observatório do mundo de Auroras Boreais, foi aqui construído em finais do séc. XIX, sendo denominado de "Norther Lights City Alta". Durante o Outono e o Inverno, pode fazer-se a observação das "Luzes do Norte", com as suas cores, verdes, rosas e púrpura que dançam no céu, iluminando o céu negro de Inverno.

Hoje, Alta é um centro industrial, com micro industrias, e um centro comercial e educativo em crescimento, sendo também um importante centro de transportes, com o seu próprio aeroporto. A Universidade de Finnmark (Høgskolen e Finnmark), encontra-se sedeada em Alta, que também conta com um Departamento de Investigação (Norut NIBR Finnmark).

Alta está fortemente influenciada por Lappish, a cultura Sami. Os Sami, são os indígenas da zona norte da Escandinávia, e ecologistas puros. Outrora, os Sami habitaram quatro países: Noruega, Suécia, Finlândia e Rússia. Os dados conhecidos estimam que ainda hoje, há entre 50.000 e 100.000 Samis, vivendo nestes países, e mais de metade residem na Noruega.

Alta tem uma razoável comunidade Sami, e foi aqui que tivemos oportunidade de observar de perto alguns dos seus membros, visitando uma tenda Sami, onde fomos recebidos, e convidados a tomar chá com bolos secos e a provar carne de alce fumada. No porto tivemos ainda oportunidade de os ver vendendo artesanato, vestidos com os seus característicos trajes coloridos.

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