Serra do Gerês - De S. Bento a Covide - 3º Dia - Parte V






Deixa-se S. Bento da Porta Aberta e mais uma vez nos fazemos à estrada ao encontro da “genialidade da Natureza” (como escreveu Miguel Torga no seu Diário VII), que nos há de levar a Campo do Gerês.

A estrada segue por caminhos cheios de silêncio e múltiplos verdes, serra acima e sempre em presença de picos rochosos que ladeiam a estrada numa companhia persistente e que por vezes se abrem deixando observar lá em baixo, ora para Norte, ora para Este, longínquas paisagens iluminadas pelo sol.
Há medida que se vai subindo a serra, as árvores dão lugar a pequenos arbustos e ao zimbro que cobrem os cumes. Nesta serra na Primavera abundam as urzes, as giestas, os jacintos, narcisos e os lírios.
Ocasionalmente aparecem planaltos com vegetação herbácea onde, de maio a setembro, pastam os rebanhos. É ali que nos deparamos a meio caminho com a povoação de Covide.
Covide possui assim uma ótima localização ambiental e paisagística, podendo observar-se toda a envolvente da Ribeira do Homem com os seus verdes campos agrícolas, predominantemente orientados em socalcos, fruto da adaptação do homem ao meio na prática de uma agricultura tradicional, que ainda mantém atualmente uma dinâmica predominantemente orientada para a policultura e para o autoconsumo, com uma produção daquilo que há de melhor no País, como a carne barrosã, o cabrito, o mel, os enchidos e fumados, as plantas medicinais e aromáticas, produtos hoje muito valorizados por um nicho de consumidores urbanos, preocupados com a qualidade e a segurança alimentar.
A Veiga da Santa, em Covide, clareia entre o casario de muitas gerações e a sombra de bosquetes de carvalhal sobrevivente. Recordam-nos estes sítios as memórias piedosas do dealbar do cristianismo, cristalizadas aqui no martírio e no milagre da Santa Eufémia.
Reza a história que se encontram ali as pegadas de Santa Eufémia, no Penedo da Veiga da Santa, ao lado da sua capela. Segundo a tradição, era o local procurado por Santa Eufémia para fazer as suas orações, quando andava a fugir à perseguição do seu pai, Caio Atílio, Governador Romano de Bracara Augusta (antiga Braga).
De acordo com a tradição, desde tempos muito remotos que tem existido naquele local um culto religioso e, que é atualmente celebrado na capelinha ao lado, naquela que é a principal festa de Covide, num culto fervoroso a Santa Eufémia.
Segue-se depois para a última etapa para Campo do Gerês. Por todo o caminho se encontram restos e vestígios de construções romanas. É ali que nos encontramos com parte das belas paragens da Geira, a antiquíssima estrada romana, que outrora, vinda da antiga Bracara Augusta segue para Norte, a caminho de terras de Espanha e que ainda ali nos mostra alguns dos seus marcos milenários, fazendo um conjunto impar, porque emoldurada pelos íngremes rochedos da Serra do Gerês.

Mais sobre a vida e culto à Virgem Mártire Santa Eufémia em: http://www.santaeufemiapenedono.com/?page_id=19

Fonte: http://terrasbouro.blogspot.pt/ http://www.geresviva.com/ http://calcedonia.com.sapo.pt/covide.htm http://www.infopedia.pt/$serra-do-geres

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