Ponte de Lima - Bairro de Além da Ponte - 2º Dia - Parte III



Finda a dramatização sobre a Lenda das Unhas do Diabo, caminhámos novamente para a zona ribeirinha, onde os vários estabelecimentos comerciais ainda oferecem à moda antiga, os produtos em bancas à entrada.

Ali parámos para almoçar numa esplanada de um dos cafés do Passeio 25 de abril e dali seguimos até à paragem do comboio turístico, com o fim de fazermos uma visita guiada ao Bairro de Além da Ponte, que mais parece um conto de histórias antigas, com muitos solares e casas apalaçadas, cheias de brasões, onde se podem ver ainda, as hortas e a veigas de vinho verde e de onde os habitantes de Ponte de Lima tiravam muito do seu provento.

De comboio, passamos a Ponte Romana que deu o nome à vila e lhe traçou o destino, e por onde também passaram outrora os centuriões de Roma que mantinham a paz de Augusto. Por ela passava a vila militar que ia de Braga a Tui. Mas foi também por causa desta ponte, que nas lutas pela independência do Condado Portucalense, D. Teresa, fez povoar a margem esquerda do rio Lima, num lugar que tomou o nome de Lugar da Ponte, e assim nasceu Ponte de Lima.

Depressa se chega à bonita Igreja de Santo António da Torre Velha (designação que é devida a uma antiga torre do reduto medieval, que coexistiu com a igreja até meados do séc. XIX), da qual se destaca a alta torre, com gárgulas em cada um dos seus cantos.  

Ao fundo, no parque ajardinado por trás da Igreja, observa-se a Capela do Anjo da Guarda, também chamada Capela de São Miguel do Abrigo, na margem oeste. É uma pequena construção de raízes românicas e góticas, que chama a nossa atenção pela forma singela com que se insere na paisagem.

Logo à frente se chega à porta do Museu do Brinquedo de Ponte de Lima. No pátio exterior, depois de passado o portão em ferro forjado, espera o visitante uma pequena feira de trocas de usados brinquedos antigos. No interior, espera-nos uma exposição repleta de magia que nos transporta ao mundo dos brinquedos antigos, com jogos, bonecas, soldadinhos de chumbo, que fazem referência à história de várias épocas, cidades em miniatura, que mostram a arquitetura tradicional portuguesa, mostrando-nos também a ligação do brinquedo às suas múltiplas facetas sociológicas: de que foram feitos e como foram utilizados para divulgar cultura e moda, e como as meninas foram educadas a partir da mais antiga figuração humana.

Novamente no comboio que agora se encaminha para o lado esquerdo, tomamos contacto com a pacata vida feita por algumas famílias brasonadas de Ponte de Lima, feita nas casas rurais e senhorias que construíram na margem direita do Lima.

É também ali que mais à frente encontramos o Museu Rural, onde está registada a importância da agricultura para aquela região.

Bem próximo deste, encontra-se a área designada por Jardins Temáticos do Arnado, destinada à realização do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima, que ocorre de maio a outubro, e que já vai na 9ª edição. No próximo ano irá ser realizada a 10ª edição do Festival, sob a temática "Jardins em Festa".

Segundo a guia da visita, na área dos Jardins Temáticos do Arnado, foram reutilizadas as estruturas pré-existentes de uma antiga exploração agrícola, para serem criados jardins característicos de diversas épocas, bem como plantações com sentido pedagógico, sendo constituído um verdadeiro horto botânico, que inclui uma grande estufa, uma vinha, um espigueiro e claro espaços destinados à realização dos Jardins Temáticos do festival.

Passa-se novamente a ponte e aproveitamos para olhar a beleza do rio Lima e das suas margens. Na margem esquerda de volta ao centro histórico de vila e depois de sairmos do comboio, junto do Mercado Municipal, caminhamos pelo Passeio 25 de abril de volta ao centro histórico.

No caminho encontramos mais uma encenação, desta feita é uma reposição histórica, relativa à Lenda do Lethes, que nos faz recuar à época da expansão e conquista romana.

Esta reposição histórica tenta explicar-nos como as legiões de Roma chegam à península, ambiciosas das riquezas que por cá abundavam.

Durante esses anos de lutas ferozes contra o invasor, as várias tribos que habitavam a Península uniram esforços e antigos e tenazes inimigos, lutaram em conjunto com o mesmo objetivo: Derrotar as legiões de Roma comandadas por Décius Junus Brutus.

Depois de fazerem a travessia do vale, os soldados romanos chegaram à margem esquerda do rio Limaia, a quem chamaram de flumen oblivionem.

Diante da beleza deste lugar, os soldados, convencidos de que estavam diante do mítico rio Lethes, que limpava todas as lembranças de quem se atrevesse a cruzá-lo, e com receio que a loucura se apodera-se deles e não pudessem jamais recordar-se da família, dos amigos ou da pátria, recusaram-se a atravessar o rio, até que Décius Junus Brutus pôs termo à situação, fazendo cair o mito.

Fontes:http://wikitravel.org/pt/Ponte_de_Lima http://estrelaseouricos.crescer.sapo.pt/programas/um-dia/um-mundo-de-brincar-em-ponte-d-6923-0.html ; http://ruarte-martes.pontedelima.com/lendas-de-ponte-de-lima/ ; http://www.casas-de-ferias.com.pt/propriedades/pdfs/pontedelima51648445011.pdf ; http://www.cm-pontedelima.pt/noticia.php?id=1539 ;

Ponte de Lima - Na margem do Lima - 2º Dia - Parte II



Da margem esquerda do rio Lima caminha-se através do Campo da Feira para o Passeio 25 de abril, até junto da velha muralha, onde um comprido banco de madeira pintado de vermelho chama a nossa atenção. Encostado ao velho pano de muralha, o comprido banco, está situado numa espécie de varanda de granito virada ao rio, que convida ao descanso e à contemplação das margens do Lima ou à observação do passar das gentes pelo largo e bonito Passeio 25 de abril.

Mas na varanda junto do comprido banco, ainda encontramos um canteiro com amores-perfeitos e um simples e singelo monumento em forma de medalhão, com um busto do poeta Teófilo Carneiro, um ilustre filho da terra, acompanhado de uma lápide, com uma bonita e tocante quadra dedicada à beleza do rio Lima, de sua autoria.

Pintores de Portugal. Ajoelhai!

Isto é um milagre, não é cor nem tinta!

Mas não pinteis, pintores! Orai, rezai!

Uma beleza destas não se pinta!

Naquela tarde queríamos assistir às dramatizações, que iriam ocorrer em várias horas do dia e um pouco por todo o centro histórico, com encenações relativas às lendas e mitos de Ponte de Lima.

É uma destas dramatizações que de mediato começa ali perto, no Largo da Igreja Matriz para onde acorremos. A dramatização em causa era relativa à Lenda das Unhas do Diabo realizada pelo grupo Gorilas.

A Lenda das "UNHAS DO DIABO” é uma antiga lenda, que conta a história de um escrivão desonesto, usurário, falsificador de documentos, que durante a sua vida arruinou clientes, seduziu inocências e difamou quem vivia livre de qualquer suspeita, e que ao ver a morte chegar arrepende-se chamando um sacerdote.

No dia do enterro, durante a noite, depois do sino tocar as doze badaladas da meia-noite, chega uma figura sinistra ao convento onde fora sepultado… Afirmando ser um parente afastado do escrivão solícita que o levem até à campa para lhe prestar uma última prece. Perante a incredulidade dos monges, arranca com uma força sobrenatural a pedra que ocultava o caixão. Com um murro violento nas costas do defunto, obriga-o a vomitar, sobre um cálice, saindo intacta a hóstia consagrada que o hipócrita havia engolido antes de falecer. Depois, arrebatou o corpo inerte do escrivão e acompanhado por muitas outras almas demónicas, fugiu por uma das janelas da igreja, sumindo-se na noite e deixando gravado na pedra as unhas do Diabo.

Fontes: http://ruarte-martes.pontedelima.com/lendas-de-ponte-de-lima/ ; http://arquivo.cm-pontedelima.pt/figura.php?id=12

Família: Coração de um Mundo sem Refúgio


A organização da família e a experiência da infância passam por transformações profundas nos dias atuais. Estruturas familiares inéditas emergem numa sociedade que hiperestimula a infância, celebra a autonomia e não admite a velhice. São tempos de mães libertas, pais fraternos e inseguros e filhos críticos.

O que é e para onde vai, a família nuclear contemporânea, centro de um mundo tão descentrado como o nosso?

A crise atual teve o mérito de escancarar, aos olhos de todos, os problemas e impasses  de um modelo de sociedade baseado no consumo desenfreado, na obsessão pelo lucro e na expectativa (quando não no imperativo) da satisfação sem limites.

Este modelo, que se tornou tão hegemónico nas últimas décadas a ponto de se tornar quase impossível imaginar uma alternativa, não se resume a um modo de funcionamento da economia, ou aos modos de produção e circulação de bens materiais.  Ele implica um imaginário social, estilos de relacionamento pessoal, modos de construção de identidades, modalidades de agrupamento social, pautas de sentimentos e formas de sofrimento. Por outras palavras, a crise económica atual aponta para os impasses e o possível esgotamento de um modo de vida, que abarca tanto os aspetos objetivos e materiais, quanto a dinâmica das relações sociais e o campo da experiência psicológica dos indivíduos.

Esta é uma Palestra de Diana Corso no programa Café Filosófico CPFL, que faz parte do módulo: Efeitos Psicológicos da Crise.

Diana Lichtenstein Corso é Psicanalista e Membro da APPOA (Associação Psicanalítica de Porto Alegre). Formada em psicologia pela UFRGS, é colunista do jornal Zero Hora e publicou o livro “Fadas no Divã: psicanálise nas histórias infantis”, em 2005, e “Psicanálise na Terra do Nunca: ensaios sobre a fantasia”, em 2010, ambos pela Ed. Artmed, escritos em parceria com seu marido Mário Corso.



Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=Q56iKnXRjSw; http://www.discussoesereflexoes.com.br/2010/11/familia-coracao-de-um-mundo-sem-refugio-diana-corso/

A Reconciliação de Pedro e Paulo


"É minha firme convicção que a minha saída contribuirá para reforçar a sua liderança e a coesão da equipa governativa."

Vítor Gaspar
 

Imagem retirada do Diário de Noticias de 2013-07-04 
 


São tantos os episódios rocambolescos do recente divórcio da coligação governamental, que é difícil escolher o mais caricato ou absurdo.
Depois de alguns dias passados entre as desavenças de Pedro e Paulo, Cavaco diz Stop e obriga a uma forçada reconciliação, e o tão esperado divórcio vai por água-a-baixo. Para quando uma solução cabal para os problemas de Portugal?  
 
De todos os artigos de jornal lidos durante estes dias conturbados, escolhi o Editorial do Público de 4 de Julho, por ser talvez o mais assertivo de todos, e aquele que melhor descreve os últimos passos e descompassos de Paulo e Pedro, na tentativa de refazer um novo acordo de casamento, agora sem dúvida nenhuma, a contragosto. Será que o novo arranjo, agora mais do que nunca de conveniência vai durar?
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Editorial
O Governo ainda mexe. Mas não passa de um cadáver adiado. Pedro Passos Coelho pode ter obrigado Paulo Portas a fazer marcha atrás e ter ganho um braço-de-ferro político insólito e sem precedente na nossa história democrática. Mas qual é a consistência política do Governo que lidera? Paulo Portas declarou que a sua demissão era "irrevogável". Passos Coelho nem sequer se dignou aceitá-la (um gesto muito pouco democrático) e culpou publicamente o parceiro de coligação pela crise. Em consequência, Paulo Portas recuou, manteve os seus ministros no Governo e vai "renegociar" o acordo de coligação. Mas irá fazê-lo em posição de enorme fragilidade. Acima de tudo, Paulo Portas perdeu a face.
 
O abismo que ontem de manhã se abriu nos mercados e nas bolsas foi apenas um aviso sobre os custos que poderiam resultar da enorme irresponsabilidade dos líderes do PSD e do CDS. Os quais vão agora tentar manter uma coligação onde estão a contragosto, em nome dessa entidade sacrossanta que é a estabilidade política. O recuo de Portas surge, é melhor não ter ilusões, depois de a Europa e Berlim terem explicado que esse tipo de brincadeiras não é autorizado. A ida de Passos Coelho, ontem, a Berlim, quando tinha a coligação a desmoronar-se em Lisboa, também quis dizer isso. Ele foi mostrar ao exterior que tudo estava sob controlo (apesar de tudo, fez bem em querer manter as aparências, embora fosse uma mentira colossal) e trouxe do exterior o voto de confiança para que nada mexesse. Portas, que no congresso de Viseu, em 2011, antes de ser governo, tanto clamava contra o "protectorado" europeu, acabou por ser vítima do "protectorado".
 
Mas a estabilidade tem as costas largas. E o mais importante não é saber se é possível o Governo manter-se a qualquer preço, mas se faz sentido o Governo manter-se. Ora se a estabilidade é o único argumento invocável para manter este triste casamento de conveniência, isso significa que o cimento político que o mantinha deixou de existir. Por isso, o Governo está virtualmente morto. Os seus líderes suicidaram-se. E não é só em nome da tal estabilidade que tocaram a reunir-se e esqueceram as "pequenas divergências" (nas palavras de Passos Coelho) que desencadearam um espectáculo público degradante. É também para evitar um terramoto eleitoral.
 
Entre a birra de Portas e o raspanete de Passos, este Governo degradou a imagem das instituições democráticas como nenhum outro. E a pergunta é: este Governo deve continuar? É verdade que, se houver acordo, o Presidente deixa de ter margem para dissolver o Parlamento. Mas se a pergunta é colocada em nome da estabilidade política, a resposta só pode ser um claríssimo não. Pela simples razão que o Governo perdeu a autoridade e a legitimidade. E a estabilidade requer um governo legitimado e com autoridade. A vergonha tem limites. E o Governo de Portugal tornou-se uma vergonha ambulante. Se continuar, não será mais do que uma fonte de instabilidade.

Público 2013-07-04

Ver e ouvir mais em:  


Crise no Governo: Portugueses descrentes com os políticos: http://www.tvi.iol.pt/video/13910043

A opinião de José Pacheco Pereira (vale a pena ouvir): Vídeo Estaremos a assistir a um reality show - Público

Exorcizando as Emoções Venenosas


Na essência dos seres humanos
Há sempre um janela aberta
Uma possibilidade concreta
De transformar os sonhos

Porém, em suas incessantes buscas pela felicidade
Esquecem o mais elementar
Que é o sentido de compartilhar
Para que seja possível mudar a realidade

É necessário ceder e doar,
tolerar e acolher
Transigir e dialogar
Conquistar e sobretudo, fazer:

" ... fazer da vida, um convite à liberdade
e ao despertar da “humaneza” latente
cá dentro de cada um de nós, somos mais
e talvez possamos descobrir outros caminhos, aportar em nossas mesmas terras, mares e rios…"

AjAraújo*


Hoje trago aqui uma conversa entre o psicólogo Marco Aurélio Bilibio e todos nós, que nos ajuda a compreendermo-nos uns aos outros.

Fala-nos sobre a função psicológica das emoções e do seu papel na autorrealização e no adoecimento psíquico a partir de uma abordagem budista.

As emoções dão colorido à nossa vida, mas tornam-se tóxicas quando se transformam em feridas afetivas de que não sabemos mais libertar-nos.

As emoções tóxicas estão na raiz de vidas insatisfatórias e de pouca realização. Quando se tornam epidemias sociais levam à desorganização familiar e comunitária. Na vida profissional podem gerar prejuízos grandes à carreira das pessoas, levando a relações conflituosas e à desmotivação.

Além da compreensão da dinâmica emocional, Marco Aurélio focaliza também atitudes e posturas que podemos aprender para nos desintoxicarmos dessas fixações e recobrarmos o fluxo natural de emoções nutritivas, tanto na vida pessoal como na profissional.

Marco Aurélio Bilibio é Psicólogo Clínico há vinte anos e possui orientação claramente fenomenológica. É Mestre em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília (2005) e Doutorado  em Desenvolvimento Sustentável (com finalização para 2012), também na UnB, na proposição de um diálogo entre  a Ecopsicologia e a Abordagem Gestáltica. Foi pioneiro na apresentação de trabalhos em Ecopsicologia e Gestalt nos Congressos Nacionais e Internacionais de Gestalt Terapia.


*Alberto Araújo é um médico e poeta brasileiro, natural de Santanésia, distrito de Piraí, Rio de Janeiro. Tem por ofício a medicina e dedica-se a cuidar das pessoas vítimas do tabaco e doenças respiratórias ocupacionais. Escreve desde os 12 anos sobre temas humanistas: espiritualistas, ambientais, político-sociais e românticos. Busca fazer da arte do verso uma ferramenta crítica que propicie reflexão e tomada de consciência para as mudanças sociais. Escreve sobre temas dentro do contexto histórico, social e político em que vive e labuta. Sonha ver a humanidade caminhar para um futuro de maior compromisso planetário, solidariedade e desenvolvimento da espiritualidade.


Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=gG75OPKc3-c; http://publicartextos.aaldeia.net/o-sentido-da-amizade/; http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=105588 ;http://www.comunidadegestaltica.com.br/

A Grécia Antiga


A Grécia antiga, foi o berço da civilização ocidental, que se desenvolveu de 1100 a.C. (período posterior à invasão dórica) até à dominação romana em 146 a.C..

Contudo deve-se lembrar que a história da Grécia inicia-se desde o período paleolítico, perpassando a Idade do Bronze, com as civilizações Cicládica (3000-2 000 a.C.), Minoica (3000-1 400 a.C.) e Micénica (1600-1 200 a.C.).

Por mais de 1000 anos aquele forte e carismático povo grego, desenvolveu os mais avançados feitos tecnológicos que o mundo já vira.

"Surgiu uma nova geração de pensadores e eles tinham uma razão para construir as coisas, para entender a natureza, para criar a tecnologia".

Na antiga Grécia foram realizadas obras de engenharia tão impressionantes, que os outros povos que as viam, acreditavam que haviam sido construídas por deuses.

"É impressionante pensar como aquelas pessoas conseguiram erguer aquelas pedras gigantescas". Essas maravilhas tecnológicas, foram estimuladas por lideres cuja sede de grandeza uniu um povo e lançou-os às alturas de um império.

Mas esta brilhante explosão de criatividade, sucumbiria vítima de batalhas ferozes que lançaram irmãos contra irmãos. Foram duelos brutais que levariam ao fim de uma era de ouro de uma grande civilização.



Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=2n7gcwjRHdU; http://www.documentarios.org/video/detalhar/1188/grecia/;http://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia_Antiga

Ponte de Lima - 2º Dia - Parte I




A manhã do dia 8 de junho acordou chuvosa e fria. Logo ao alvorecer, a neblina invadia as margens do Lima e por entre relva e juncos observam-se as volumosas e plácidas águas que corriam para a foz, mostrando-nos uma beleza quase etérea.

Durante toda a manhã, as canoas e desportivos barcos a remos invadiram o rio, subindo e descendo a corrente.


Do outro lado da margem, o casario do bairro de Além-da-Ponte em primeiro plano, e em segundo plano recorta-se na nevoa o Monte de Santo Ovídeo, que guarda no seu cimo a capela e o miradouro com o mesmo nome.

À direita, logo ali ao lado, destaca-se a comprida ponte que forma com a Igreja de Santo António da Torre Velha, um todo tão harmonioso e belo, que faz com que qualquer olhar, nele se detenha por longo tempo.

Sabe-se hoje que o rio Lima tomou ao longo dos tempos quatro nomes: Lethes, Oblívio, Belion e Limea (ou Limaia).

Limea ou Limaia parece ser a designação mais antiga do rio Lima, que pode ter tido origem no termo indo-europeu Lim” que posteriormente terá dado Lime, que significa terreno alagadiço ou lodo. Há referências ao seu uso pelo autor hispânico Pompónio Mela (Pomponius Mela século I d.C., que escreveu um compêndio geográfico que se compõe de três volumes de título "De Chorographia"), para referir o Lima como um rio de margens pantanosas ou lamacentas. O termo Latino Limici” também tem sido interpretado como referência aos povos que habitavam, outrora, a região pantanosa da nascente do rio Lima.

O termo Belion terá sido usado pelo autor grego Estrabão, um geógrafo que descreveu com certo pormenor a Península Ibérica e que viveu entre 63 a.C. e 19 d.C., estando a sua origem talvez ligada à antiga designação "belitanos", que referia os originais Lusitanos (povos ibéricos pré-romanos de origem indo-europeia, que habitaram a porção oeste da Península Ibérica desde a Idade do Ferro).

Os termos, Lethes e Oblivio significam ambos “esquecimento” (Lethes é o termo latino e Oblivio é o equivalente termo grego). Segundo a mitologia grega, Lethes era o rio que corria no Inferno, e cujas águas tinham a particularidade de provocar o esquecimento, pelo que os condenados bebiam delas, a fim de esquecer o passado e o sofrimento em que viviam.

Também segundo Estrabão, foram os celtas de Anas ou os túrdulos que, durante uma expedição guerreira aquelas terras, depois de atravessarem as águas deste rio, perderam o seu chefe, esquecendo-se completamente das suas origens, pelo que batizaram de Lethes (esquecimento) este rio.

Sai-se da autocaravana e segue-se o deambular pela margem direita do rio Lima. Neste deambular, logo chama a nossa atenção a presença, no areal junto ao rio, uma “formação” de soldados romanos. É uma espécie de monumento alusivo a uma antiga lenda ancestral, que tem a ver com o mito latino do rio Lethes, o lendário e infernal rio que, segundo os romanos, apagava todas as recordações de quem o atravessasse. Do outro lado do rio, a cavalo e virado para a legião, num outro “monumento” alusivo à mesma lenda, está Décimus Junus Brutus.

Conta esta lenda, que quando as tropas romanas comandadas por Décimus Junus Brutus ali chegaram, depois de numa sangrenta campanha terem submetido sucessivamente os povos nativos da Lusitânia, os soldados, extremamente supersticiosos, julgaram ser este o mítico rio do esquecimento.

Como nenhum soldado se atrevia a cruzá-lo, o general furioso pegou no estandarte da legião e cruzou sozinho o rio a cavalo. Chegado à outra margem, cavalgou por ela até avistar a sua legião, começando a chamar os seus soldados um por um. Os soldados, espantados pelo facto do seu general manter a memória, atravessaram então o rio, sem medo, claudicando o mito do Lethes.

Porém, alguns autores latinos referem a origem do "oblivionis fluvius", como estando ligada a uma ardilosa forma dos habitantes desta região intimidarem os soldados romanos comandados por Décimus Junus Brutus, impedindo-os, pela superstição, de atravessar o Lethes, sob pena de nunca mais regressarem, já que se esqueceriam de tudo.
 
Fontes: http://diogopuga.no.sapo.pt/Rio.htm;http://dokatano.blogspot.com/2009/12/passeio-nocturno-por-ponte-de-lima.html#ixzz2Y4pHi7Fz; https://maps.google.pt/maps; https://pt.wikipedia.org/;http://dokatano.blogspot.pt/

Chegada a Ponte de Lima - 1º Dia




A partida para esta pequena viajem, foi realizada ao final da tarde, sendo o caminho feito todo em autoestrada, com poucas paragens pelo caminho, sendo uma delas para o jantar cozinhado em casa.

A chegada a Ponte de Lima pelas 21h30, levou-me de imediato para o lugar de pernoita, num enorme parque de estacionamento livre, junto do rio Lima, e onde já tudo se preparava para a representação do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, que naquela noite animaria a vila e que ia servir de abertura ao evento Ruarte/Mercado das Artes 2013.

Depois de estacionada a autocaravana, fomos em direção ao teatro para assistirmos à representação do "Auto da Barca do Inferno", levada à cena pelo grupo de teatro "Unhas do Diabo", de Ponte de Lima.

A peça que ocorria perto da ponte romana, num teatro ao ar livre, montado de modo a que se aproveita-se a proximidade do rio Lima, usando os seus típicos barcos movidos à vara (as barcas do Céu e do Inferno), para uma bela e engenhosa encenação.

Os atores na representação davam liberdade às suas vozes, que ecoavam pelas margens do Lima, e como a música desempenhou sempre um papel importante nos autos de Gil Vicente, não faltou na representação, a participação especial do grupo de música medieval Al Medievo, que animou desde o princípio ao fim o Auto.

Além disso, este belo espetáculo primou por muita cor e vida, numa linguagem teatral muito apelativa e emotiva para quem quer o estivesse a ver. Finda a representação, foi a vez de uma pausada passeata pela vila.

Ponte de Lima fica situada em pleno coração do Vale do Lima e possui uma beleza castiça e peculiar, sendo considerada a vila mais antiga de Portugal, escondendo na sua nobre aparência do interior do povoado, raízes profundas e lendas ancestrais.

No passeio pela vila deixamo-nos levar pelo acaso. No centro histórico observam-se belos edifícios que somam à beleza natural da vila, magníficas fachadas góticas, maneiristas, barrocas, neoclássicas e oitocentistas, que aumentam significativamente o seu valor histórico, cultural e arquitetónico.

É ali em plena centro histórico, quer na marginal, quer no interior da vila, que encontramos também variada e magnífica estatuária, que aqui e ali homenageia as gentes minhotas ou figuras ilustres, sendo a principal, a de D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, que concedeu o primeiro foral à vila em 1125, na Avenida em frente do Paço do Marquês; mas também outras como a do Conde d’ Aurora (um aristocrata e ilustre diplomata, escritor, fotógrafo), que encontramos no Largo da Feira, ou do Cardeal Saraiva, na rua com o seu nome, ambos filhos da terra. Perto também se vê uma evocação à corrida da Vaca das Cordas, uma tradição de Ponte de Lima que se perde nos tempos.

Na rua do Cardeal Saraiva, encontramos a Igreja Matriz e a seguir a Igreja da Misericórdia. No Largo da Igreja Matriz, a Casa das Rolas e já no Largo da Câmara Municipal, uma bela fonte, encimada por um painel de azulejos com o belo poema “Amor e o Tempo” de António Feijó.

Mas a beleza desta vila ainda é maior junto das margens do Lima. Passamos então pela Capela da Guia, pela Igreja de Santo António dos Capuchos, pela Torre da Cadeia e pela Torre de São Paulo, tendo a uni-las um antigo pano da antiga muralha. Estas últimas edificações são o  que resta das antigas muralhas medievais, que apresentavam várias torres com planta quadrangular e ameias prismáticas. Das duas torres restantes, Torre de São Paulo é a mais bela, sendo coroada por merlões e possuindo gárgulas de canhão em cada uma das faces. Na face virada ao rio apresenta ainda, um belíssimo painel de azulejos alusivo à Reconquista com datas de 1140 - 1940.

Sentados numa esplanada na margem esquerda, observamos em primeiro lugar, a magnífica Ponte de origem romana, toda iluminada, que faz a ligação entre a parte central do burgo e o bairro de Além-da-Ponte, onde se destaca também iluminada a Igreja de Santo António da Torre Velha.

Do lado oposto da ponte, abre-se à nossa frente o Largo de Camões, o antigo fórum e que hoje é a sala de visitas da vila, onde se pode apreciar um formoso chafariz maneirista, que data de princípios do séc. XVII, com as armas de Ponte de Lima.

Pela meia-noite e meia, recolhemos à autocaravana, para dormir à beira rio, embalados pelo correr das suas frescas águas, que depois de passarem apressadas por terras mais altas por entre ravinas e penedos, ali surgem mais mansas, regando hortas, pomares e veigas de vinho verde.



Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ponte_de_Lima; http://ruarte-martes.pontedelima.com/auto-da-barca-do-inferno/; http://www.igogo.pt/torre-de-sao-paulo/ https://www.youtube.com/watch?v=2nf_zk7Uorg; http://www.lifecooler.com/edicoes/lifecooler/desenvRegArtigo.asp?reg=363211

Por Terras de Ribeira Lima



No fim de semana alargado do início do mês de Junho, que coincidia com o dia 10 deste mês, Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas, fomos até ao norte do país.

Neste final de semana e início de outra, queríamos olhar de vários pontos de suas margens o antigo "Lethes" (rio Lima), que a mitologia Greco-Romana designou como o rio do esquecimento. 

Queríamos visitar Ponte de Lima, onde já não íamos há alguns anos. Mas nesta cidade queríamos ainda assistir na sexta-feira à noite e sábado, às atividades de rua de mais uma edição da Ruarte 2013 - Mercado das Artes.

Em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, queríamos visitar Ponte da Barca, de onde são oriundos, a mãe de Santo António de Lisboa e o navegador Fernão de Magalhães. Ali iríamos ficar, para depois explorarmos a bela e encantada Serra do Soajo, onde se encontra a povoação milenar que lhe deu o nome.

Queríamos finalmente seguir o curso do rio Lima, quase até à fronteira com Espanha, onde iríamos visitar duas das suas maiores barragens, a Barragem do Lindoso e a de Touvedo.

O percurso desta viagem para ir e voltar foi:

1º Dia – Casa; Ponte de Lima;

2º Dia – Ponte de Lima; Ponte da Barca;

3º Dia – Ponta da Barca; Soajo; Barragem do Lindoso; Barragem de Touvedo; Ponte da Barca;

4º Dia – Ponte da Barca; Ponte de Lima; Casa.

Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Lima:http://alfarrabio.di.uminho.pt/lindoso/barragem.htm;http://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_do_Soajo;http://pt.wikipedia.org/wiki/Ponte_da_Barca

“Há tantas auroras que não brilharam ainda”

 
 
 
Não direi que me encantas mais do que o silêncio
porque é assim que despertas as aves e os caminhos.
Meus olhos também nascem pelo parto da esperança
porque vivo na imortalidade
renascendo em cada dia.

 
Deixa-me rever em prece tua face ressurgida
porque tua luz é sempre uma catarse.
Teu olhar estende as linhas do horizonte
e toda a paisagem é  então uma ventura
e já não és mais nada
porque desfaleces no seio da beleza.

 
Repara como sou pequeno diante do teu rosto amanhecido
mas como é grande o que em mim te contempla.
Para renascer basta-me apenas teu momento
tua humilde majestade
tuas pétalas de fogo
e essa corola ardente
porque não  peço nada mais que a tua luz
inaugurando o mundo em cada alvorecer
e que nunca me encontres cego ou vencido.

 
 Manoel de Andrade, Aurora, inCANTARES”

 
Nietzsche, ainda há tantas auroras

Nesta palestra, o professor Oswaldo Giacoia Jr., curador do módulo “Filosofia e Sabedoria”, apresenta um recorte sobre o pensamento de Nietzsche a partir do livro “Aurora - Pensamentos sobre os preconceitos morais”.

Aurora de Nietzsche marca o despertar de uma nova moralidade. É a emancipação da razão diante da moral. O poder liberador da razão que tem em si a capacidade de desmistificar significados socias instituídos pela tradição; o individuo na sua atividade racional descobre-se como criador de novos valores, sendo capaz portanto de romper o elo histórico que une tradição e moralidade, opondo-lhe o binómio razão e afirmação de si.

Assim como a aurora anuncia um novo dia, Aurora para Nietzsche é também um novo despertar para uma verdadeira vida – do homem e da humanidade inteira.

Usando a epígrafe dessa obra como referência inicial, Oswaldo Giacoia Jr expõe nesta excelente palestra, o esforço de Nietzsche para mostrar aos seus contemporâneos a importância de refletir sobre o conceito de auto-supressão moral.

Oswaldo Giacoia Jr é doutor em filosofia pela Universidade Livre de Berlim e professor de ética e história da filosofia contemporânea do Departamento de Filosofia da Universidade Estadual de Campinas.


Fontes: http://palavrastodaspalavras.wordpress.com/2008/04/21/aurora-poema-de-manoel-de-andrade/; https://www.youtube.com/watch?v=vcTt2bOYitw ; http://p33rz.p3.funpic.org/biblioteca/Nietzsche,%20Friedrich/Nietzsche-Aurora.pdf

 

Ler “Aurora - Pensamentos sobre os preconceitos morais” de Nietzsche,  em: http://p33rz.p3.funpic.org/biblioteca/Nietzsche,%20Friedrich/Nietzsche-Aurora.pdf