Ponte de Lima - 2º Dia - Parte I




A manhã do dia 8 de junho acordou chuvosa e fria. Logo ao alvorecer, a neblina invadia as margens do Lima e por entre relva e juncos observam-se as volumosas e plácidas águas que corriam para a foz, mostrando-nos uma beleza quase etérea.

Durante toda a manhã, as canoas e desportivos barcos a remos invadiram o rio, subindo e descendo a corrente.


Do outro lado da margem, o casario do bairro de Além-da-Ponte em primeiro plano, e em segundo plano recorta-se na nevoa o Monte de Santo Ovídeo, que guarda no seu cimo a capela e o miradouro com o mesmo nome.

À direita, logo ali ao lado, destaca-se a comprida ponte que forma com a Igreja de Santo António da Torre Velha, um todo tão harmonioso e belo, que faz com que qualquer olhar, nele se detenha por longo tempo.

Sabe-se hoje que o rio Lima tomou ao longo dos tempos quatro nomes: Lethes, Oblívio, Belion e Limea (ou Limaia).

Limea ou Limaia parece ser a designação mais antiga do rio Lima, que pode ter tido origem no termo indo-europeu Lim” que posteriormente terá dado Lime, que significa terreno alagadiço ou lodo. Há referências ao seu uso pelo autor hispânico Pompónio Mela (Pomponius Mela século I d.C., que escreveu um compêndio geográfico que se compõe de três volumes de título "De Chorographia"), para referir o Lima como um rio de margens pantanosas ou lamacentas. O termo Latino Limici” também tem sido interpretado como referência aos povos que habitavam, outrora, a região pantanosa da nascente do rio Lima.

O termo Belion terá sido usado pelo autor grego Estrabão, um geógrafo que descreveu com certo pormenor a Península Ibérica e que viveu entre 63 a.C. e 19 d.C., estando a sua origem talvez ligada à antiga designação "belitanos", que referia os originais Lusitanos (povos ibéricos pré-romanos de origem indo-europeia, que habitaram a porção oeste da Península Ibérica desde a Idade do Ferro).

Os termos, Lethes e Oblivio significam ambos “esquecimento” (Lethes é o termo latino e Oblivio é o equivalente termo grego). Segundo a mitologia grega, Lethes era o rio que corria no Inferno, e cujas águas tinham a particularidade de provocar o esquecimento, pelo que os condenados bebiam delas, a fim de esquecer o passado e o sofrimento em que viviam.

Também segundo Estrabão, foram os celtas de Anas ou os túrdulos que, durante uma expedição guerreira aquelas terras, depois de atravessarem as águas deste rio, perderam o seu chefe, esquecendo-se completamente das suas origens, pelo que batizaram de Lethes (esquecimento) este rio.

Sai-se da autocaravana e segue-se o deambular pela margem direita do rio Lima. Neste deambular, logo chama a nossa atenção a presença, no areal junto ao rio, uma “formação” de soldados romanos. É uma espécie de monumento alusivo a uma antiga lenda ancestral, que tem a ver com o mito latino do rio Lethes, o lendário e infernal rio que, segundo os romanos, apagava todas as recordações de quem o atravessasse. Do outro lado do rio, a cavalo e virado para a legião, num outro “monumento” alusivo à mesma lenda, está Décimus Junus Brutus.

Conta esta lenda, que quando as tropas romanas comandadas por Décimus Junus Brutus ali chegaram, depois de numa sangrenta campanha terem submetido sucessivamente os povos nativos da Lusitânia, os soldados, extremamente supersticiosos, julgaram ser este o mítico rio do esquecimento.

Como nenhum soldado se atrevia a cruzá-lo, o general furioso pegou no estandarte da legião e cruzou sozinho o rio a cavalo. Chegado à outra margem, cavalgou por ela até avistar a sua legião, começando a chamar os seus soldados um por um. Os soldados, espantados pelo facto do seu general manter a memória, atravessaram então o rio, sem medo, claudicando o mito do Lethes.

Porém, alguns autores latinos referem a origem do "oblivionis fluvius", como estando ligada a uma ardilosa forma dos habitantes desta região intimidarem os soldados romanos comandados por Décimus Junus Brutus, impedindo-os, pela superstição, de atravessar o Lethes, sob pena de nunca mais regressarem, já que se esqueceriam de tudo.
 
Fontes: http://diogopuga.no.sapo.pt/Rio.htm;http://dokatano.blogspot.com/2009/12/passeio-nocturno-por-ponte-de-lima.html#ixzz2Y4pHi7Fz; https://maps.google.pt/maps; https://pt.wikipedia.org/;http://dokatano.blogspot.pt/

Nenhum comentário: