Chegada a Ponte de Lima - 1º Dia




A partida para esta pequena viajem, foi realizada ao final da tarde, sendo o caminho feito todo em autoestrada, com poucas paragens pelo caminho, sendo uma delas para o jantar cozinhado em casa.

A chegada a Ponte de Lima pelas 21h30, levou-me de imediato para o lugar de pernoita, num enorme parque de estacionamento livre, junto do rio Lima, e onde já tudo se preparava para a representação do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, que naquela noite animaria a vila e que ia servir de abertura ao evento Ruarte/Mercado das Artes 2013.

Depois de estacionada a autocaravana, fomos em direção ao teatro para assistirmos à representação do "Auto da Barca do Inferno", levada à cena pelo grupo de teatro "Unhas do Diabo", de Ponte de Lima.

A peça que ocorria perto da ponte romana, num teatro ao ar livre, montado de modo a que se aproveita-se a proximidade do rio Lima, usando os seus típicos barcos movidos à vara (as barcas do Céu e do Inferno), para uma bela e engenhosa encenação.

Os atores na representação davam liberdade às suas vozes, que ecoavam pelas margens do Lima, e como a música desempenhou sempre um papel importante nos autos de Gil Vicente, não faltou na representação, a participação especial do grupo de música medieval Al Medievo, que animou desde o princípio ao fim o Auto.

Além disso, este belo espetáculo primou por muita cor e vida, numa linguagem teatral muito apelativa e emotiva para quem quer o estivesse a ver. Finda a representação, foi a vez de uma pausada passeata pela vila.

Ponte de Lima fica situada em pleno coração do Vale do Lima e possui uma beleza castiça e peculiar, sendo considerada a vila mais antiga de Portugal, escondendo na sua nobre aparência do interior do povoado, raízes profundas e lendas ancestrais.

No passeio pela vila deixamo-nos levar pelo acaso. No centro histórico observam-se belos edifícios que somam à beleza natural da vila, magníficas fachadas góticas, maneiristas, barrocas, neoclássicas e oitocentistas, que aumentam significativamente o seu valor histórico, cultural e arquitetónico.

É ali em plena centro histórico, quer na marginal, quer no interior da vila, que encontramos também variada e magnífica estatuária, que aqui e ali homenageia as gentes minhotas ou figuras ilustres, sendo a principal, a de D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, que concedeu o primeiro foral à vila em 1125, na Avenida em frente do Paço do Marquês; mas também outras como a do Conde d’ Aurora (um aristocrata e ilustre diplomata, escritor, fotógrafo), que encontramos no Largo da Feira, ou do Cardeal Saraiva, na rua com o seu nome, ambos filhos da terra. Perto também se vê uma evocação à corrida da Vaca das Cordas, uma tradição de Ponte de Lima que se perde nos tempos.

Na rua do Cardeal Saraiva, encontramos a Igreja Matriz e a seguir a Igreja da Misericórdia. No Largo da Igreja Matriz, a Casa das Rolas e já no Largo da Câmara Municipal, uma bela fonte, encimada por um painel de azulejos com o belo poema “Amor e o Tempo” de António Feijó.

Mas a beleza desta vila ainda é maior junto das margens do Lima. Passamos então pela Capela da Guia, pela Igreja de Santo António dos Capuchos, pela Torre da Cadeia e pela Torre de São Paulo, tendo a uni-las um antigo pano da antiga muralha. Estas últimas edificações são o  que resta das antigas muralhas medievais, que apresentavam várias torres com planta quadrangular e ameias prismáticas. Das duas torres restantes, Torre de São Paulo é a mais bela, sendo coroada por merlões e possuindo gárgulas de canhão em cada uma das faces. Na face virada ao rio apresenta ainda, um belíssimo painel de azulejos alusivo à Reconquista com datas de 1140 - 1940.

Sentados numa esplanada na margem esquerda, observamos em primeiro lugar, a magnífica Ponte de origem romana, toda iluminada, que faz a ligação entre a parte central do burgo e o bairro de Além-da-Ponte, onde se destaca também iluminada a Igreja de Santo António da Torre Velha.

Do lado oposto da ponte, abre-se à nossa frente o Largo de Camões, o antigo fórum e que hoje é a sala de visitas da vila, onde se pode apreciar um formoso chafariz maneirista, que data de princípios do séc. XVII, com as armas de Ponte de Lima.

Pela meia-noite e meia, recolhemos à autocaravana, para dormir à beira rio, embalados pelo correr das suas frescas águas, que depois de passarem apressadas por terras mais altas por entre ravinas e penedos, ali surgem mais mansas, regando hortas, pomares e veigas de vinho verde.



Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ponte_de_Lima; http://ruarte-martes.pontedelima.com/auto-da-barca-do-inferno/; http://www.igogo.pt/torre-de-sao-paulo/ https://www.youtube.com/watch?v=2nf_zk7Uorg; http://www.lifecooler.com/edicoes/lifecooler/desenvRegArtigo.asp?reg=363211

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