Antuérpia

Só com mais dois dias de férias para gozar, partimos para Bruxelas sem tempo para parar pelo caminho para visitar cidades. Assim sendo, resolvemos viajar por auto-estrada afim de depressa fazermos o caminho até à capital da Bélgica.

No entanto ao passarmos por Antuérpia, olhamos para a cidade avidamente, com uma pena imensa de não a visitarmos, porque sabíamos que, se há cidades que, como as pessoas, nascem com vocação artística, esta é, sem qualquer dúvida, uma delas. Antuérpia é Rubens, Van Dick, Jordaens, Bruegel, Plantin... mas também tem um milénio de arquitectura e cinco séculos de história e de arte...

Antuérpia (Antwerpen em neerlandês, Anvers em francês) é a segunda maior cidade da Bélgica. É conhecida como um centro mundial de lapidação de diamantes e pelo seu porto, um dos maiores do mundo, localizado nas margens do rio Escalda.

Reza a lenda, que o próprio nome Antuérpia, provem da palavra Hantwerpen, e que está relacionado com o rio, ou melhor, com Druoon Antigoon, um gigante malvado, que, desde tempos imemoriais, dominava uma curva do rio Escalda e exigia a todos os navegantes um tributo muito elevado para poderem passar, cortando uma mão a quem não pagasse. Apesar do seu mau carácter, o gigante nem por isso atemorizou o valente soldado romano Silvius Brabo, que não só acabou definitivamente com as sangrentas façanhas de Antigoon, vencendo-o num combate leal, como ainda o fez pagar na própria moeda, decepando-lhe a mão (hant, em língua neerlandesa) e arremessando-a (werpen) ao rio.

Antuérpia é um município localizado na província de Antuérpia, na região da Flandres, e onde vive o maior número de pessoas que dominam plenamente quatro idiomas. Os seus habitantes, os "sinjoren", falam correctamente o neerlandês, o francês, o inglês e o alemão, e é mesmo possível encontrar ainda alguns falantes de espanhol, o que não é de estranhar, se pensarmos que a designação sinjoren deriva, provavelmente, do termo castelhano señores. A origem da palavra remonta ao século XVI, o século de ouro da cidade, em que se dizia que os habitantes de Antuérpia viviam com "lujo de señores" (luxo de senhores), utilizando o espanhol, tão importante nas relações comerciais da época.

O facto de ser considerada o centro mundial do diamante reside no facto de ali serem negociados 80 por cento dos diamantes brutos e 50 por cento dos diamantes lapidados do mundo. O seu carácter cosmopolita deve-se ao facto de ter sido fundada à beira do rio Escalda e do seu grande porto, o segundo maior da Europa. O rio testemunhou, desde as origens da cidade, todos os seus altos e baixos, os seus séculos de ouro e de lama, as suas ascensões até às nuvens e as suas quedas no esquecimento de uma qualquer província europeia.

Até um dia...

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