A chegada à tarde a Cáceres, deu-nos tempo para podermos visitar a cidade e o seu centro histórico, e no final da visita jantámos num dos restaurantes de sua belíssima Praça Maior. Depois do jantar, e após uma breve passeata pelos arredores desta deslumbrante praça, partimos em direcção de Oropesa, onde pernoitámos.
Capital da província e segunda maior cidade da Estremadura, Cáceres possui um centro medieval conservado na perfeição (séc. XV e XVI), pelo que não é de estranhar que tenha sido a primeira cidade de Espanha a ser declarada Património Mundial pela UNESCO, em 1949.
O coração histórico desta cidade parece mágico, como que saído de algum filme da época medieval, tudo tão impecavelmente conservado e limpo, onde apesar de haver um considerável número de turistas, conseguimos ouvir o silêncio.
A bela cidade medieval, praticamente circunscrita ao recinto amuralhado, parece dormindo no século XV ou XVI, e com a ajuda do vento quente e das sombras do ocaso, parecem escapar cavaleiros de capa e espada, legiões de soldados, mercadores, freiras e frades, revivendo o esplendoroso passado da urbe.
O coração de Cáceres, conhecido como Cidade Monumental, exibe no interior das muralhas tesouros arquitectónicos como a Igreja de Santa Maria (do século XV, em estilo gótico), a bela Casa de los Golfines de Abajo (século XVI), o Museu Provincial, alojado num palacete do século XVI construído sobre uma cisterna árabe do século XII, e a elegante Torre de las Cigüeñas (torre das cegonhas), entre muitas outras mansões e igrejas. Há semelhança de todas as cidades espanholas a Praça Maior é o ponto de entrada para a zona histórica.
Em cada recanto do centro antigo de Cáceres nota-se a presença constante da história antiga. A origem da cidade remonta ao Paleolítico Superior, do qual se conservam vestígios na cova de Maltravieso. Os Romanos, em 34 a. C., pela mão do Procônsul Caio Norbano Flacco, fundam a cidade a que dão o nome de Norba Caesarina. Vestígios desta época são as fundações das muralhas e o chamado Arco del Cristo.
Durante a dominação árabe começa a ressurgir a cidade que atingirá o máximo esplendor após a reconquista Cristã, coincidindo com o descobrimento da América. Muitos palácios foram construídos por famílias de aristocratas e recheados com tesouros e riquezas vindos do outro lado do Atlântico.
A cidade foi fortificada com uma muralha de adobe, mas esta não serviu de muito pois o rei Afonso IX, monarca do Reino de Leão, tomou a cidade anos depois, a 23 de Abril de 1229, dia de São Jorge, que desde então é o padroeiro da cidade.
A partir desse momento, Cáceres começa a transformar-se, construindo igrejas no lugar das mesquitas e palácios cristãos sobre os palácios muçulmanos. Com algumas modificações desde o século XVIII, a cidade chega aos nossos dias quase sem alterações, sendo uma das cidades monumentais mais bem conservadas do Mundo. Uma visita nocturna a Cáceres torna-se imprescindível e inesquecível. É também obrigatória uma ida ao Museu Provincial.
Para se conhecer a cidade, existem duas zonas que podem servir de partida: a Praça de San Mateo e a Praça de Santa Maria. Na primeira a Igreja de San Mateo, construída sobre uma mesquita árabe, entre os séculos XIV e XVIII, com portada Plateresca e um retábulo do séc. XVIII. Poderemos apreciar ainda o Palácio dos Ulloa, o Convento de San Pablo, a Casa del Sol, a Casa Mudéjar e a Casa de Los Golfines de Arriba, para além da Casa e a Torre dos Sande.
Na Praça de Santa Maria encontra-se a igreja do mesmo nome, um edifício gótico do séc. XV, em cujo interior se poderá admirar um retábulo plateresco do séc. XVI. No mesmo largo encontra-se ainda o Palácio Episcopal, o dos Ovandos, o de Mayoralgo, o dos Duques de Valência e o famoso de Los Golfines de Abajo, em estilo plateresco, (estilo arquitectónico surgido em Espanha, durante o Renascimento, que combina características góticas e renascentistas, tão complexamente trabalhadas que mais fazem lembrar finas peças de ourivesaria), que foi residência dos Reis Católicos durante a visita à cidade.
Um dos elementos que simbolizam a cidade de Cáceres é, sem dúvida, o Arco de La Estrella. Este arco substituiu a Puerta Nueva, medieval, que ligava a Praça Maior com o interior da cidade. A sua construção foi iniciada no séc. XVIII. A porta é formada por um grande arco esconso, rematado com ameias e serve para ligar a Praça Maior à Cidade Velha.
Fora do conjunto amuralhado pode ainda visitar-se a Igreja de Santiago, de origem românica e transformada por Gil Montañón no séc. XVI, com um belíssimo retábulo mor, obra de Pedro Berruguete (1450 - 1504), que foi um pintor espanhol cuja arte é considerada um estilo de transição entre a arte do Gótico e o Renascimento, e que foi pai de um importante escultor, Alonso Berruguete, considerado o escultor mais importante da Espanha da Renascença; a Igreja de San Juan, construída nos séculos XIII a XV, e o Convento de San Francisco, como o anterior, em estilo gótico.
O casco velho de Cáceres, constitui um conjunto monumental dos melhores de Europa, surpreendendo sempre, tanto aos que pela primeira vez desfrutam dela, como a todos aqueles, que atraídos por sua beleza, vão repetidamente percorrer as suas ruas e vielas.
A cidade de Cáceres, para além deste núcleo histórico é uma cidade moderna e bastante grande, com uma atmosfera muito agradável, apetecendo ficar...
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