Porto - 5º Dia - Porto - Cais da Ribeira - Parte VI



Na zona da Ribeira é também de notar o traçado das ruelas, as casas encavalitadas colina acima, os largos minúsculos com fontanários e alminhas com santos ausentes, que nos dão uma visão próxima da antiguidade da área confinada.
Seguimos para a beira-rio e vamos desembocar na Praça da Ribeira, junto ao Cais com o mesmo nome, que é uma das praças mais antigas da cidade, já mencionada em cartas régias em 1389, embora com uma traça diferente da de hoje em dia.

Ali olhando o cais até à ponte, não é difícil imaginar a agitação do antigo porto medieval, onde uma multidão de mercadores, cobradores de impostos, peixeiras de canastras equilibradas à cabeça, marinheiros, compradores, ladrões e prostitutas, se misturavam na azáfama do dia-a-dia, naquela que era uma zona fervilhante de comércio, com tendas e uma lota.
No antigo Cais da Estiva, hoje Cais da Ribeira, principal ancoradouro da cidade, já só existem pequenos veleiros em vez de naus, enquanto os barcos rabelos, agora motorizados, transportam turistas no lugar dos tonéis de vinho.
Depois dali de baixo e já sentados na esplanada do Restaurante Mercearia, à espera do jantar, olha-se a bela Ponte D. Luís I, que faz a travessia para a outra margem, facilitando a vida do presente, para que não se esqueçam as agruras do passado.
Reza a história que outrora no lugar onde está a ponte, a travessia se fazia através de um passadiço assente em embarcações, a Ponte das Barcas, que em março de 1809, surpreendeu a população, aquando do avanço das tropas napoleónicas sobre a cidade, quando esta fugia em direção a Gaia. Demasiado frágil, a passagem não resistiu ao peso excessivo dos passantes e acabou por ceder colhendo inúmeras vidas.
Ali perto, próximo da ponte, logo no início do Cais da Ribeira, um baixo-relevo em bronze colocado numa parede, da autoria de Teixeira Lopes (pai), conhecido como as “Alminhas da Ponte”, reproduz o acontecimento. Velas sempre acesas e por vezes algumas flores, frescas ou de plástico, provam que este dia de tragédia se mantém vivo na memória dos locais.

Bem perto das “Alminhas da Ponte”, fica o Restaurante Mercearia, escolhido por nós naquele dia, e também para a noite de fim-de-ano. É um restaurante, simples e muito simpático, que iniciou a sua atividade há mais de 20 anos. O seu nome Mercearia é uma homenagem aos merceeiros que povoavam outrora a zona ribeirinha, junto ao rio Douro, desde o séc. XVI, que sempre fervilhou com a quantidade de merceeiros e negociantes.

Mesmo no inverno as esplanadas aquecidas da Ribeira, convidam ao repouso sem que no entanto se deixe de olhar a ponte, o rio, o cais e a encosta de Gaia, onde cintilam os letreiros luminosos das caves do famoso vinho do Porto. É uma experiência inesquecível e um deslumbramento para os sentidos.
 
Fonte: http://retratosdeviagens.blogspot.pt/ http://www.rotas.xl.pt/ Wikipédia.org / http://www.guiadacidade.pt/

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