A partir da entrada para a Quinta do Solar da Rede, desce-se a encosta em estrada estreita, por vezes de curvas acentuadas até à margem direita do Douro. Uma vez ali a estrada acompanha o rio e rola-se devagar por terras de Ribadouro.
Daí para cima deve-se apreciar
de preferência com olhos de ver, aqueles pendores que ladeiam o rio e que
formam o vale mais profundo, mais peculiar e mais encantador de todos os vales
de Portugal.
As povoações sucedem-se apertadas
entre a margem do rio e as encostas vinhateiras. Eido, Ribeira da Rede, Rede, Quinta do Reimonde. A partir de Quinta do Reimonde, acaba o descer da estrada e encontra-se o rio Douro, que bem perto corre.
A partir dali a estrada
acompanha o rio, quase sem curvas e a partir da povoação de Bebereira, segue-se o rio pela sua
margem direita até à Régua.
Dali de baixo temos a nítida
sensação de estarmos a observar uma autêntica obra-prima, realizada pela natureza em conjunto com
o esforço humano de muitas gerações, que com o seu suor foram
modificando aos poucos as encostas deste vale, realizando uma imensidão de
socalcos, cultivados com inúmeras cepas, que nos contam uma aventura de três séculos de trabalho e paixão pela
terra.
Ao
longo de gerações, multidões de homens desventraram o solo, remexeram o xisto,
elevaram fileiras de socalcos e plantaram vinhedos, para que dele nascesse o tão
afamado Vinho do Porto.
Na mais antiga região demarcada do mundo os durienses empenharam a alma e o corpo em sucessivos Verões e Invernos, cuidando a terra, tratando a vinha para no início do Outono, fazer a vindima. Nesta época passam dias e noites a fio, cortando os cachos, transportando cestos e pisando os bagos, nos lagares entre risos, cantigas e concertinas afinadas.
Lá
em baixo junto ao rio, o cenário é esmagador e sentimo-nos muito pequeninos,
rodeados por uma paisagem grandiosa, que une o rio, as vinhas e a sua história
milenar.
Passamos depois por Granjão, e em seguida aparece-nos Caldas de Moledo, que nos tapa por instantes o correr do rio. Caldas de Moledo é uma povoação que sobe a encosta desde o rio até à estrada e como o próprio nome indica, situam-se ali umas termas com águas mineromedicinais.
O parque das caldas é um surpreendente
espaço arborizado por enormes plátanos, formando um largo terraço sobre o Douro, obra dos tempos da famosa Ferreirinha (D. Antónia Adelaide Ferreira, empresária vinhateira portuguesa, que nasceu em
1811, e que ficou famosa por se ter dedicado ao cultivo do vinho do Porto, introduzindo notáveis inovações), que
aqui tinha o seu palacete, separado deste parque pela estrada da Régua para Amarante.
No interior deste parque,
fechado por um gradeamento e monumentais portões do séc. XIX, encontra-se o
edifício do balneário e também o edifício chamado das Piscinas. É notoriamente um
lugar de repouso e silêncio que se não curar males físicos, curará por certo os
“espirituais”.
Deixam-se as caldas e um pouco
mais adiante, empoleirada na encosta, chama a nossa atenção a pequena povoação
de Cederma. No caminho, agora já bem
próximo da Régua, ainda passamos por
Salgueiral e Olival Basto, que antecedem a chegada à cidade de Peso da Régua.
Fonte: http://www.douronet.pt/ http://www.aguas.ics.ul.pt/ http://viagem-historiamovimento.blogspot.pt/ Google maps
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