3º Dia - Passeio pela Serra da Peneda (Parte III) - Visita a Lamas de Mouro

A chegada a Lamas de Mouro, ainda a boas horas, fez com que a visita à povoação se podesse fazer. Em seguida e porque ainda é dia, a procura da povoação para a visita real.

Lamas de Mouro é composta por vários lugares: Lugar de Cima, Touca, Igreja, Alcobaça, Gavião e Porto Ribeiro. Lugares separados, mas unidos na mesma freguesia.

Segundo o Sr. Padre Aníbal Rodrigues, Lamas de Mouro toma o nome da qualidade do seu solo – lamas, pastagens de gado cheias de água – e do rio Mouro, que nasce no seu território. Foi terra com povoamento muito remoto, possuindo alguns vestígios da cultura dolménica e castreja (de origem céltica).

O lugar da "Igreja" é o lugar da real povoação de Lamas de Mouro. É uma pequena e simpática aldeia, de ruas em pedra, casas em granito e bebedouros para o gado. Silenciosa devido à pouca população, mas ainda com algumas gentes que trabalham no campo.

No centro do lugar encontra-se a pequena Igreja toda em granito, como que parada no tempo. Vinda do passado como um barco que atravessa o nevoeiro. Atravessando o passado e ancorando no presente, ali estava à nossa espera, a despeito de traços históricos e localizados.

A Igreja Paroquial é o que resta de um antigo mosteiro dos templários, que ali existiu na Idade Média e que após a supressão desta ordem, em 1344, reverteu para a coroa, que o doou à Ordem de Malta, em 1349. A população de Lamas de Mouro, pagava aos cavaleiros muitos foros, mas tinha os grandes privilégios próprios dos caseiros de Malta.

O templo actual, de características românicas (tanto nas portas, especialmente a lateral norte, como nas próprias paredes cujas pedras estão pejadas de siglas), foi restaurado há pouco tempo. A capela-mor, a sacristia e a torre sineira são de século XIII.
A Igreja estava aberta! Parámos a mota e dirigimo-nos para a porta no cimo de uma pequena escada em pedra calcária, pois a principal encontrava-se fechada. Mas o que realmente seduz é penetrar por detrás desta, de costas dobradas, por exigência do pequeno portal e penetrar num espaço realmente inesperado e com bastantes fieis, para nosso espanto.

Lá dentro decorria missa, no momento do clássico sermão, cujo som se elevava no ambiente. O que se avista é um objecto uno e complexo, de um todo que se esbate devido ao esplendor do altar-mor, com um retábulo em talha dourada e com motivos pintados sobre madeira, do séc. XV ao séc. XVII, que invocam a via sacra onde o sofrimento de Jesus Cristo está bem marcado.

Os frescos roubados ao tempo são sedução suprema, não exactamente pela qualidade artística, mas pela ingenuidade dos desenhos quase naif, facto substancial que nos lembra outros autores, porque são idênticos aos que um dia criámos em nossos cadernos escolares.

Depois o deambular pelas ruas, estreitas e por vezes íngremes, mas sempre solitárias, pois os poucos habitantes deveriam estar todos na missa, e em seguida o regresso ao Parque de Campismo.

À noite, no parque de campismo, à laia de animação é preparada uma queimada como se usa em terras galegas, para todos os utentes que quiseram assistir. E o dia termina!...

Fonte: http://www.cm-melgaco.pt/portal

Nenhum comentário: