A Primeira Republica, a Ditadura, o Capitalismo e a CEE


“Mudar o mundo e a vida só se consegue se o homem se for mudando a si próprio. E para se mudar a si próprio tem sobretudo que escutar a vida. Pacientemente e humildemente, ver o que a vida lhe está a querer-lhe dizer e a que ponto o está empurrando.”

Agostinho da Silva


Sempre atuais estas Conversas Vadias com o Professor Agostinho da Silva, podem ser aplicadas tal como ontem, aos momentos que vivemos hoje.
Eis algumas frases de Agostinho da Silva, nesta entrevista:
 
 
"O importante era fazer as coisas, ligar e estar a declamar sobre elas"

"Naquele fim de Primeira República, com toda aquela gente extraordinariamente inteligente (...) não conseguia chegar a nenhuma espécie de organização de Portugal"

"Era Portugal ter tido dois regimes de portugueses, um era o do Rei governando os municípios republicanos e deu a volta ao Cabo da Boa Esperança e o outro foi de aguentar o desastre de Oriente e que depois teve de construir o Brasil, que não é coisa fácil para uma nação tão pequena, com tão reduzido número de pessoas e teve outro regime que foi o de se ouvir pouco as Cortes Gerais deixá-las bem espaçadas e deixando o Rei governando.
"Quando Dom João embarcou para o Brasil, esse segundo regime português foi embora e Portugal durante duzentos anos não teve nenhum regime português"


"A Primeira República não era um regime português era uma coisa qualquer importada de Inglaterra ou de França. A primeira Ditadura era uma coisa inspirada de algo que vinha de fora, que agora vejo que útil ao país foi, no sentido de que Portugal realmente estava sendo criticado em toda a parte, estava a "portugalizer", como se dizia naquela altura, quando nosso amigo veio lá de Coimbra, professor de Finanças, que percebia daquilo, pôr as Finanças em ordem, ele conseguiu manter aquela ordem financeira, que de resto o Afonso Costa já tinha tentado"


"E como havia gente que protestava e sentia que não era um regime adequado a Portugal, o nosso amigo teve que montar todo aquele aparelho policial, cadeias e pides e toda essa tralha".

BB: "De que o Sr. Professor foi vítima!"

"Eu fui vítima e fui favorecido. sabe? Porque se não fosse a Ditadura tinha ficado com o Doutoramento, com uma vida bem sossegada em Portugal e depois aborrecido da vida, porque não tinha visto o mundo ao passo que aqueles acontecimentos me obrigaram a ir embora e foram uma abertura para a Vida"
 
"Temos que dar qualquer jeito para que Portugal deixe de coxear e realmente se reinstale. Eu acho que o problema que está hoje diante de Portugal é de se reinstalar, de se restaurar (...) de voltar aquilo que os portugueses acharam que era o seu próprio Portugal"

"No final de contas não tenho feito mais do que apresentar e repetir o que foi a obra e o pensamento de muitos portugueses do séc. XIII, de Camões, do Padre António Vieira, de Fernando Pessoa. Não sou nenhuma espécie de génio ou de visionário."

"Ideias que não podiam ser aplicadas no tempo em que eles viveram, mas podem ser agora. Não só para que Portugal se reinstale, para que volte a si próprio, depois de ter sofrido a tal invasão europeia. Mas até para ajudar a Europa quando se fala de adesão de Portugal à CEE eu vejo aquilo como um desembarque na costa da Europa, para a ajudar, para ver se tem algum jeito depois de toda a confusão em que anda."

"Para que a Europa conseguisse tanta da sua tecnologia teve que sacrificar muito da sua Humanidade."

"A Economia Capitalista é a única que pode inaugurar a paz que é a de não haver carência para o Mundo. É a única que pode desenvolver o mundo até às condições - pelo que sabemos da Arqueologia - em que não faltava nada aos Homens, em que estes percorriam o Mundo à vontade e tinham sempre que comer."




Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=BE6oHRtcxN0; http://www.youtube.com/watch?v=YMSnaP7oudw

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