Gerês - Final da Viagem ao Gerês - 3º Dia - Parte IV




Chegados à Barragem da Caniçada, passamos a ponte e seguimos pela N304, a caminho de Braga.

A estrada que vai sempre subindo segue quase paralela ao braço este da Albufeira da Caniçada e mais à frente, torna-se sinuosa à medida que vai vencendo a encosta. Cheia de arvoredo vai convidando a olhar a paisagem que se vislumbra do lado direito, a partir de meia encosta.

O sol brilha como oferta de despedida e acompanha-nos sempre neste início de viagem de regresso a casa.

Um pouco mais a cima, e antes de se encontrar o cruzamento com a estrada alta que nos levará a Braga, encontramos do lado esquerdo o caminho de entrada para os domínios da Pousada de São Bento, uma das Pousadas de Portugal que oferece uma das melhores panorâmicas sobre a Albufeira da Caniçada.

Não resistimos ao chamamento e subimos pelo caminho acima até estacionarmos a autocaravana no parque da Pousada. Com uma localização única no coração do Parque Nacional Peneda-Gerês, esta Pousada tem vista para o rio Cávado e para a Barragem da Caniçada, bem como para o tranquilo e extenso lago formado pela sua albufeira.

Caminha-se em direção à entrada da Pousada e desta para o terraço do bar/restaurante, de onde se desfruta de uma das mais belas vistas sobre o Gerês.

A Pousada de São Bento situa-se num autêntico miradouro debruçado sobre a Albufeira da Caniçada, em plena bacia hidrográfica do rio Cávado. Ao fundo avista-se o fim do território Português e o começo do território Espanhol.

A paisagem é de tal maneira bela que não apetece mais sair dali. Tomando uma meia de leite quente com torradas, ali ficamos largo tempo no tranquilo conforto da Pousada, a olhar a paisagem, num dos mais belos enquadramentos paisagísticos e de referência de Portugal. 

Aquela pousada e outras que hoje por ali existem, não são mais do que a confirmação dos desejos de Tude de Sousa*, homem de ideias largas e muito à frente no seu tempo, que no ano de 1927 escreveu, “É preciso que o turismo alpestre se crie e se desenvolva, é preciso escalar a montanha e fixar por lá temporadas de dias de pleno ar, de plena luz, de plena natureza. E nenhuma serra convida tanto como o Gerez, onde os homens e as árvores, as pedras e as águas, a sua fauna e a sua constituição própria, nascidas, criadas e irmanadas num admirável conjunto, oferecem ao forasteiro, atrativos sem rival.”

No entanto naquele dia, só ali se encontravam hospedados alguns casais alemães, sendo estas casas nos dias que correm e muito devido aos preços praticados, cada vez de menor usufruto português.

Parte-se depois a caminho de casa. Faz-se só uma paragem, para a compra de uma caixa de cereja, que abundam à venda na beira da estrada, por aquelas bandas na Primavera.

Depois a passagem por Braga e pelo Porto já ao anoitecer, antecedem a estirada final, pois como escreveu um dia José Saramago, “O fim duma viagem é apenas o início de outra”…


Fonte: http://www.booking.com/ http://www.pousadas.pt/ http://www.cm-terrasdebouro.pt/

·        Tude Martins de Sousa foi um famoso Regente Agrícola, jornalista e escritor português, que desde 1904 a 1914 foi "Regente Florestal" da Serra do Gerês e autor de muitas obras sobre o Gerês.

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