A chegada à cidadela de Brouage pelas 4h00 da tarde encontrou a
vila com bastantes turistas.
Situada no coração dos pântanos
da região alagada de Marais-Poitevin e perto da costa oeste francesa, Brouage é uma
vila medieval amuralhada fundada em 1555 por Jacques de Pons, num local que outrora era situado junto ao mar, no
Golfo da Biscaia e de frente para o Oceano Atlântico.
Historicamente
um importante centro regional, a sua economia era baseada na produção de
sal e na pesca devido à sua situação privilegiada de fácil acesso ao mar, Brouage foi a primeira
cidade importante de negociação do sal na França, e também o principal porto de
comércio e expedição de sal, que empregava milhares de pessoas.
A povoação foi mandada
fortificar em meados do séc. XVII, entre
1630 e 1640, pelo Cardeal Richelieu
como um bastião católico, para resistir à cidade protestante vizinha de La Rochelle.
Durante as guerras de religião a sua porta de mar ficou
bloqueada por navios afundados intencionalmente pelos protestantes, para evitar
que o comércio de católicos.
A cidade começou
então a perder comércio para a vizinha cidade de Rochefort, e por volta do séc. XVII, a sua sorte declinou quando o porto se tornou
menos acessível aos navios, devido a descida das águas.
Aos poucos e devido aos
estuários que existiam ali perto, o porto foi assoreando e na última metade do
séc. XVII, a cidade e as suas terras foram ficando cada vez mais longe do mar.
Um longo período
de declínio marcou a cidade, devido ao abandono sucessivo de uma cidade
que vivia predominantemente do mar, a cidade foi ficando em ruínas, mas hoje é
um povoado medieval bem reconstruido, que respira história por todos os poros,
muito movimentado devido ao grande número de turistas que a todo o momento
chegam à vila.
As muralhas e edifícios associados foram renovados e são estes que agora
atraem mais visitantes a Brouage,
para verem as fortificações da cidadela e as belas paisagens onde abundam
pastagens, os sapais e um pequeno resto das antigas salinas
ancestrais que a circundam, ricas em aves que por ali
nidificam. É possível caminhar ao longo do topo das muralhas,
numa caminhada de aproximadamente 2 km.
Os sapais à
volta da cidadela são uma reserva natural que atrai muitos milhares de aves,
incluindo cegonhas, que nidificam nos locais mais altos da cidade e que são
vistas a voar pela vila ou empoleiradas nas fortificações.
Junto da
escadaria que nos leva ao cimo da muralha, existe um amplo e comprido edifício,
a Halle aux Vivres um antigo edifício que outrora servia
de quartel ao exército e era também um armazém que guardava mantimentos como
carne salgada e vinho, para manter a cidadela em tempos de guerra. Agora é usada como centro de exposições, com muitos artigos
interessantes relacionados com a história militar da Europa.
Vários outros
edifícios militares que também datam do séc. XVII, podem ser visitados, como
lojas, forjas e edifícios de armazenamento de pólvora.
Na cidadela pode
ainda ser visitada uma rústica e típica casa de gelo que foi reconstruida dentro
das fortificações da cidade - as muralhas espessas permitia que o gelo se
mantivesse congelado por um período muito longo, por isso poderia estar
disponível para o hospital.
Deixando de edifícios militares para trás, e
caminhamos em direção à Igreja de Saint-Pierre, também do séc. XVII. Foi
construída em 1608 e a entrada parece ser em estilo diferente do que o
restante da igreja, pois a entrada original foi substituída no séc. XVIII após ter
sofrido alguns danos, sendo reconstruida numa época em que o "estilo
clássico" mais ornamentado estava na moda.
A Igreja de Brouage, dedicada a São
Pedro e São Paulo é um lugar
muito visitado e desde 1982 possui vários vitrais que ali foram instalados por
descendentes de antigos marinheiros de Brouage,
habitantes no Quebec e Nova Brunswick, para que se recordassem
as figuras históricas da vila na Nova
França, incluindo Samuel de
Champlain, o fundador do Quebec
e um antigo navegador que ali nasceu e viveu enquanto jovem. Junto à porta de
saída, pode ver-se do lado esquerdo, um antigo relógio medieval de corda.
Também dignos de observação
detalhada, são as suas ruas calcetadas com calhaus rolados, ladeadas de casas
muito antigas de 2 pisos, que albergam no rés-do-chão restaurantes e cafés.
Antigos armazéns estão hoje
abertos ao público e ocupados por muitas lojas cheias de turistas, que oferecem
artigos de artesanato e iguarias da região, A Porta, designada por Royale Porte, dava outrora acesso ao
cais. A outra entrada original já não existe.
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