Prosseguimos viagem a partir de Benfeita,
por uma estreita estrada com lombas arredondadas de xisto e ravinas profundas,
de onde se avista do lado esquerdo, a pequena povoação de Pardieiros, reluzente
lá no alto, sendo esta visão a companhia bem-vinda até se encontrar o início do
caminho para a Fraga da Pena.
Ali se entra na área protegida da Serra do
Açor, regime que lhe foi determinado pela existência da Mata da Margaraça,
durante muitos anos devassada, pelos olhos cobiçosos dos madeireiros da região.
Esta classificação foi devida ao seu interesse botânico, pois é considerada
segundo J. Paiva, como uma das “raras e mais significativas relíquias que nos
restam da floresta que teria coberto a maior parte das encostas das serranias
do centro de Portugal”.
Ali encontramo-nos o reino do carvalho
alvarinho e do castanheiro, do medronheiro, do folhado e do azereiro, mas
também o mundo do azevinho, da giesta, da aveleira, da cerejeira brava e do loureiro.
Mas ao entrarmos na área de reserva
ecológica e antes de passarmos propriamente à zona florestal da Mata da
Margaraça, cabe-nos gozar de um trecho da paisagem bucólica, no sítio da Fraga
da Pena. É no meio deste arvoredo de verde intenso, que chegamos ao cruzamento de
estreitas estradas, onde se encontra uma tabuleta que nos indica que por ali se
vai à Fraga da Pena.
Deixa-se a autocaravana na borda da estrada
e a pé se avança por um caminho feito de xisto, bordeado por um corrimão de
madeira e pela encosta que sobe a partir do vale por onde corre a ribeira da
Mata da Margaraça.
Quando se chega ao lugar da Fraga da Pena o
cenário
é surpreendente. A frescura é imensa, uma vez que o arvoredo
sombreia o local. É um recanto de xisto com
múltiplos encantos, cujas águas gélidas sem
qualquer poluição aparente, são de uma limpidez surpreendente.
Observa-se um conjunto de várias cascatas, uma pequena ponte de madeira que cruza a
ribeira e um pouco mais adiante, um poço profundo com uma cascata
que se despenha duma fraga, de uma altura total de
mais de setenta metros (somando todas as cascatas), cortando as rochas ao longo de milénios.
A Fraga da Pena está localizada
no interior da Mata da Margaraça e está inserida em plena área protegida da Serra do Açor. É
um local ideal para um passeio de verão, onde por certo se passarão bons
momentos e onde nos podemos refrescar, mergulhando nas águas frescas das
pequenas lagoas que as cascatas formam.
As suas águas depois de se despenharem nas escarpas formando as cascatas, correm por um vale muito apertado aberto na montanha e a zona da Fraga surge dotada de vegetação abundante de forma repentina, a cobrir as encostas xistosas.
Assim, e para quem como eu gosta de “botanizar”, a mata circundante à
Fraga da Pena, é incomparavelmente mais rica do que a fraga, que ali funciona
sobretudo, como mero aperitivo.
O acidentado percurso da água é todo ele sombreado por um arvoredo
denso, onde se observam carvalhos, adernos, azereiros, folhados e loureiros.
Ali há também um moinho de água e, nas ravinas por onde a água se
precipita, as encostas são uma festa para os sentidos, pois estão engalanadas com musgos, líquenes e fetos, muitos
arbustos e árvores, que se agarram às escarpas em equilibro improvável e a alguns musgosos torrões de terra, de onde extraem o seu permanente sustento.
Fonte: http://dias-com-arvores.blogspot.pt/
http://www.portais.ws/ http://www.lifecooler.com / Wikipedia.org
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