O Museu Nacional dos Coches está instalado num comprido edifício, que
outrora foi o Picadeiro Real e que parece
ser hoje uma extensão do próprio Palácio
de Belém.
Criado por iniciativa da Rainha D. Amélia de Orleãns e Bragança,
mulher do rei D. Carlos I, o Museu dos Coches Reais, como então se
chamava, foi inaugurado no dia 23 de Maio de 1905.
D.
Amélia, senhora de grande cultura, toma consciência do valor
patrimonial das viaturas de gala da Casa Real e com o apoio de Monsenhor Joaquim Boto, Cónego da
Patriarcal de Lisboa e do Conselho do Rei e do seu Estribeiro-Mor, Tenente Coronel de Cavalaria Alfredo
Albuquerque, propôs-se reuni-las, a fim de salvaguardar este espólio e
apresentá-lo ao público à semelhança do que acontecera, pela primeira vez em Paris em 1900, na Exposição Universal.
O local escolhido para a
sua instalação foi então o Picadeiro
Real de Belém que deixara de ser utilizado e onde, há época, já se
encontravam armazenadas algumas das principais viaturas da corte e para onde a
rainha fez convergir os antigos carros nobres da Casa Real Portuguesa e respetivos acessórios, património que se
encontrava disperso pelos vários depósitos e cocheiras dos vários palácios
reais.
Da primitiva coleção faziam parte 29 viaturas, fardamentos de gala, arreios de
tiro e acessórios de cavalaria utilizados pela Família Real.
Após a implantação da
Republica, em 1910, o Museu passa a designar-se por Museu Nacional dos Coches e o seu espólio foi enriquecido com
outros veículos da Coroa, do Patriarcado de Lisboa e de algumas casas nobres
portuguesas.
Hoje o Museu reúne uma
coleção que é considerada única no mundo devido à variedade artística das
magníficas viaturas de aparato dos séculos XVII, XVIII e XIX e ao número de
exemplares que integra.
Reunindo uma coleção única no mundo de viaturas de gala e de passeio do séc.
XVII ao séc. XIX, na sua maioria provenientes dos bens da coroa ou propriedade
da Casa Real portuguesa, o Museu
Nacional dos Coches inclui no seu espólio coches, berlindas, carruagens,
seges, carrinhos de passeio, liteiras, cadeirinhas e carrinhos para criança
formando um conjunto de excelente qualidade que permite ao visitante a
compreensão da evolução técnica e artística dos meios de transporte de tração
animal utilizados pelas cortes europeias até ao aparecimento do automóvel.
A encabeçar a coleção de
viaturas do salão nobre encontramos os retratos de vários elementos a quem
pertenceram os coches. Não deixa de ser curioso estabelecer a ligação entre a
viatura e o seu proprietário, imaginar a que felicidades ou tragédias aquelas
enormes rodas de madeira os conduziram. E se fizermos este exercício, podemos
deparar com uma nova revelação: cada coche era estudado e desenhado por forma a
adaptar-se aos gostos e características do seu proprietário.
Hoje todos temos carros
mais ou menos iguais, impessoais, e que qualquer pode ter, mas outrora havia a
preocupação dos que os possuíam, de se em fazerem representar pela viatura de
transporte, como ainda alguns de nós tem ainda a pretensão de fazer.
Princesas mais infelizes
ou viúvas possuíam coches escuros, as mais felizes tinham-nos com motivos
florais, ou com um aspeto tão frágil e delicado quanto a sua própria pessoa.
Reis imponentes tinham carros fortes, de linhas duras e ricas, ostentando
brasões e outras figuras que pretendiam ostentar riqueza ou a sua própria realeza…
Da coleção exposta destaca-se o raro exemplar de coche de viagem de Filipe II, construído em Espanha em
finais do Séc. XVI, início do Séc. XVII, um dos modelos de coche mais antigos
que se conhece.
Particular relevo merecem também os três monumentais coches mandados
executar pelo Embaixador no Vaticano,
Marquês de Fontes ao Papa Clemente XI, construídos em Roma em 1716. Estas viaturas, únicas no
mundo, são exemplares perfeitos da "carrozza
romana" de aparato, onde as caixas abertas se conjugam com imponentes
composições escultóricas nos alçados traseiros e dianteiros, alusivas aos Descobrimentos e Império portugueses.
Completam a coleção os retratos a óleo dos monarcas da dinastia de
Bragança, antigos proprietários dos carros expostos, e um importante conjunto
de documentos gráficos composto por desenhos, gravuras e fotografias
relacionados com as peças ou com a história do museu.
Completam a coleção um
núcleo de arreios de tiro pertencentes
às viaturas, a coleção reúne
ainda um conjunto significativo de arreios de cavalaria,
selas, fardamentos de gala, de armaria e acessórios de cortejo setecentistas de
que se destaca um conjunto de trombetas da Charamela Real.
Fonte: Wikipédia.org / http://www.museudoscoches.pt/
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