Depois de se visitar a Eira do Penedo, fomos para trás, a caminho do centro da vila do Soajo.
O Soajo situa-se na área do Parque
Nacional da Peneda Gerês, que representa a maior e mais rica zona protegida
de Portugal, na margem direita do rio Lima, separado da Galiza pelo rio
Laboreiro e rodeado pela Serra Amarela e pela Serra do Soajo, sobranceira ao rio Lima.
A
vila do Soajo nascida na rude beleza
da terra granítica que a envolve e numa serena grandeza que só o tempo dá, é
uma das terras do nosso Portugal, que mais nos diz sobre as nossas origens, pois
são muitas as construções e os achados que nos dão ali conta da presença
milenar do homem.
A sua
história já vem de longe. As referências mais antigas do Soajo são anteriores à nacionalidade (por volta de 950), aquando da
partilha dos bens entre Mumadona Dias
de Guimarães e os seus filhos.
Consta que
terá sido fundada no séc. I, mas só no séc. XVI lhe foi atribuída carta de
foral e desde a fundação da nacionalidade portuguesa que o seu povo goza de
privilégios.
Naqueles
tempos, enquanto que outras localidades de
Portugal invocavam a liderança espanhola, o Soajo reconhecia o rei de
Portugal como legítimo e isso valeu-lhe vários direitos e privilégios.
Os antigos
habitantes da região eram designados por monteiros, em virtude da sua principal
atividade ser a caça. Ursos, javalis, cabras-bravas, lobos e raposas eram as
espécies capturadas. Chegou mesmo a ser instituída a Montaria do Soajo, havendo ali representantes locais pela Montaria Real.
Consta que no reinado de D. Dinis os monteiros se terão queixado dos abusos de fidalgos,
pelo que o monarca terá dado ordem para que estes não se demorassem ali mais do
que "o tempo de esfriar um pão na ponta de uma lança". Há quem
defenda que terá vindo daí a curiosa forma do pelourinho que se situa no largo
principal da aldeia. A coluna simboliza uma lança e a pedra na sua ponta, um
pão.
Entre os vários privilégios concedidos ao Soajo, por vários monarcas (D. Afonso III, D. Dinis, D. Pedro I, D. João I, D. João II, D. Manuel I,
D. João III, Filipe III, D. João IV e
D. José), destacam-se: A não
permanência de fidalgos naquelas terras para além do tempo suficiente de “um pão resfriar na ponta de uma lança”;
a isenção de prestação do serviço militar aos habitantes do Soajo, pois
cabia-lhes a defesa da fronteira; a de não darem alijamento às tropas e
soldados em tempo de guerra; nem a caçadores, que só lá podiam ir, quando na
companhia do Rei em pessoa e sendo este cabeça de Montaria, pois só os
soajeiros a podiam organizar.
O Soajo foi
desde sempre uma terra de vida comunitária, com grande apego pelo seu enorme
património, que foi concelho desde o início da nacionalidade, tendo sido
extinto em 1852. Até há cerca de um século atrás, o Soajo tinha um juiz eleito pelo povo.
Mas além
da sua história, no Soajo, os
testemunhos do passado estão também materializados nos forais da vila, no Pelourinho (monumento nacional e o mais
típico do país), na Eira Comunitária do
Penedo, nas brandas, nas calçadas medievais, nos moinhos de água, nas poldras,
e na própria arquitetura das casas da vila… Mas também nos usos, costumes e
tradições, que são os pilares da sua real riqueza.
A vila do Soajo
nunca perdeu a sua singularidade e ainda hoje as suas ruas são pavimentadas com
lajes de granito e as casas construídas com blocos de pedra. A arquitetura
soajeira, nomeadamente, as suas casas tradicionais caracterizam-se pelos
materiais utilizados (granito e madeira) e pelo desenho de janelas e portas
pequenas, com o piso inferior destinado aos animais, e onde obrigatoriamente no
piso superior, fazia parte uma varanda aberta para o exterior.
Fontes:http://www.mariorebola.com/soajo/soajo.html;
http://www.casadovideira.com/pt/a-vila-de-soajo/sobre-o-soajo ; http://www.infopedia.pt/$soajo;http://www.aldeiasdeportugal.pt/PT/aldeias.php?aldeiaid=10002
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