Soajo - 3º Dia - Parte III


Depois de se visitar a Eira do Penedo, fomos para trás, a caminho do centro da vila do Soajo.

O Soajo situa-se na área do Parque Nacional da Peneda Gerês, que representa a maior e mais rica zona protegida de Portugal, na margem direita do rio Lima, separado da Galiza pelo rio Laboreiro e rodeado pela Serra Amarela e pela Serra do Soajo, sobranceira ao rio Lima.

A vila do Soajo nascida na rude beleza da terra granítica que a envolve e numa serena grandeza que só o tempo dá, é uma das terras do nosso Portugal, que mais nos diz sobre as nossas origens, pois são muitas as construções e os achados que nos dão ali conta da presença milenar do homem.

A sua história já vem de longe. As referências mais antigas do Soajo são anteriores à nacionalidade (por volta de 950), aquando da partilha dos bens entre Mumadona Dias de Guimarães e os seus filhos.

Consta que terá sido fundada no séc. I, mas só no séc. XVI lhe foi atribuída carta de foral e desde a fundação da nacionalidade portuguesa que o seu povo goza de privilégios.

Naqueles tempos, enquanto que outras localidades de Portugal invocavam a liderança espanhola, o Soajo reconhecia o rei de Portugal como legítimo e isso valeu-lhe vários direitos e privilégios.

Os antigos habitantes da região eram designados por monteiros, em virtude da sua principal atividade ser a caça. Ursos, javalis, cabras-bravas, lobos e raposas eram as espécies capturadas. Chegou mesmo a ser instituída a Montaria do Soajo, havendo ali representantes locais pela Montaria Real.

Consta que no reinado de D. Dinis os monteiros se terão queixado dos abusos de fidalgos, pelo que o monarca terá dado ordem para que estes não se demorassem ali mais do que "o tempo de esfriar um pão na ponta de uma lança". Há quem defenda que terá vindo daí a curiosa forma do pelourinho que se situa no largo principal da aldeia. A coluna simboliza uma lança e a pedra na sua ponta, um pão.

Entre os vários privilégios concedidos ao Soajo, por vários monarcas (D. Afonso III, D. Dinis, D. Pedro I, D. João I, D. João II, D. Manuel I, D. João III, Filipe III, D. João IV e D. José), destacam-se: A não permanência de fidalgos naquelas terras para além do tempo suficiente de “um pão resfriar na ponta de uma lança”; a isenção de prestação do serviço militar aos habitantes do Soajo, pois cabia-lhes a defesa da fronteira; a de não darem alijamento às tropas e soldados em tempo de guerra; nem a caçadores, que só lá podiam ir, quando na companhia do Rei em pessoa e sendo este cabeça de Montaria, pois só os soajeiros a podiam organizar.

O Soajo foi desde sempre uma terra de vida comunitária, com grande apego pelo seu enorme património, que foi concelho desde o início da nacionalidade, tendo sido extinto em 1852. Até há cerca de um século atrás, o Soajo tinha um juiz eleito pelo povo.

Mas além da sua história, no Soajo, os testemunhos do passado estão também materializados nos forais da vila, no Pelourinho (monumento nacional e o mais típico do país), na Eira Comunitária do Penedo, nas brandas, nas calçadas medievais, nos moinhos de água, nas poldras, e na própria arquitetura das casas da vila… Mas também nos usos, costumes e tradições, que são os pilares da sua real riqueza.

A vila do Soajo nunca perdeu a sua singularidade e ainda hoje as suas ruas são pavimentadas com lajes de granito e as casas construídas com blocos de pedra. A arquitetura soajeira, nomeadamente, as suas casas tradicionais caracterizam-se pelos materiais utilizados (granito e madeira) e pelo desenho de janelas e portas pequenas, com o piso inferior destinado aos animais, e onde obrigatoriamente no piso superior, fazia parte uma varanda aberta para o exterior.

Fontes:http://www.mariorebola.com/soajo/soajo.html; http://www.casadovideira.com/pt/a-vila-de-soajo/sobre-o-soajo ; http://www.infopedia.pt/$soajo;http://www.aldeiasdeportugal.pt/PT/aldeias.php?aldeiaid=10002

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