Ponte da Barca - 4º Dia - Parte I


 
No último dia deste fim de semana, acordámos tarde e depois de uma ligeira refeição partimos do Parque de Campismo de Entre Ambos-os-Rios a caminho de casa.
Durante o curto caminho que separa Entre Ambos-os-Rios de Ponte da Barca, pode observar-se bem a beleza desta região. A região de Ponte da Barca é um daqueles lugares onde se pode admirar e sentir um Portugal diferente, mais eloquente e original na sua personalidade geográfica.
Está parcialmente inserida no maravilhoso Parque Nacional da Peneda-Gerês, com uma paisagem idílica, de verdes montes banhados por diversos cursos de água, afluentes do Lima, que aqui e ali proporcionam recantos únicos, onde abundam praias fluviais e onde todas as razões se unem, para uma maior aproximação à natureza.
Naquele dia como ainda era cedo, queríamos parar na vila de Ponte da Barca, para a visitarmos. Quando lá chegámos, a vila parecia adormecida. Era hora de almoço e feriado.
Quando lá chegámos parámos primeiro no centro moderno da vila, onde se vê o Largo do Hospital e o Largo da Câmara Municipal, bem como o Jardim central com uma bela esplanada. Depois seguimos para a zona da Ribeira Lima, onde pode ser encontrado um ótimo parque de estacionamento no Largo do Côrro.
É ali que se encontram dois belos jardins. O jardim situado em frente do Largo do Côrro onde se encontra um belo Cruzeiro, na margem direita do rio Lima, é o Choupal do Côrro, e depois da Ponte,  encontramos o Jardim dos Poetas, a partir das arcadas do Velho Mercado, acompanhando a beira rio, para norte. E foi por ali que deambulámos naquele início de tarde.
Ponte da Barca, magnificamente situada na margem direita do rio Lima tem no Jardim dos Poetas um sítio onde alguns monumentos principais da vila se harmonizam perfeitamente com o rio, tornando-o num bom lugar para descanso.
Este jardim é sem dúvida nenhuma um convite sorrateiro a um piquenique, à leitura e porque não, ao deixar que a “pena” se aventure pela arte da poesia, tal como o fizeram dois dos filhos da terra. já que parece que mais ninguém como eles o fez até hoje.
Debruçando-se sobre as tranquilas águas do rio Lima, entre o Pelourinho e algumas das mais belas moradias do centro histórico de Ponte da Barca, o Jardim dos Poetas, foi assim chamado em homenagem aos seus acarinhados irmãos poetas, dois vultos da poesia lírica portuguesa de quinhentos, Diogo Bernardes e Frei Agostinho da Cruz (poetas da paisagem, das fontes e da saudade), que tão bem conseguiram deixar–nos como memória, a sua forma de olhar o Lima, com tanta delicadeza, simplicidade e melancolia.

Vendo Narciso em huma fonte clara,
A sombra só da própria fermosura,
De si vencido (Amor quis por ventura
Vingar as Nimfas qu’elle desprezara.)

Todo enlevado na beleza rara,
Que seu peito abrasou em chama pura,

Chorando disse, à sua vã figura,
Por quem perdeo em fim a vida chara:

Ó Ninfa destas agoas moradora´
Surda em ouvirme, muda em responderme,

Não ves a quem não ouves, nem respondes?
Não ves que sou Narciso? Ay que por verme,

Mil Nimfas d’ outras fontes saem fora,
E tu por não me ver, nesta t’ escondes.

 
Diogo Bernardes, Soneto CXXVII
 
O Jardim dos Poetas é sobretudo um lugar de paz e encanto bucólico, onde coabitam a candura da água e o verde característico da região, com os seus muitos bancos de pedra e as convidativas sombras das árvores.
 
O mundo é sonho vão, que enleia a vida,
Quem nele está melhor, tem pior alma
E quem o desprezou, tem alma e vida.
Frei Agostinho da Cruz

Fontes: http://wikimapia.org/4240043/pt/Jardim-dos-Poetas; http://www.guiadacidade.pt/pt/poi-ponte-da-barca-15596; http://www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/humanitas51/08_Barbara.pdf

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