Serra do Soajo - 3º Dia - Parte II



Depois de se passar a ponte sobre o rio Lima, deixamos para trás a velha e solitária central elétrica da desativada Barragem do Lindoso e seguimos a caminho da Serra do Soajo.

Do lado esquerdo depois de uma curva da estrada, surge o cruzamento que nos leva ao Mosteiro de Santa Maria de Ermelo.

Este antigo mosteiro está implantado na margem direita do rio Lima, na base da encosta da íngreme montanha granítica do Outeiro Maior, coberta por denso arvoredo e que desce abruptamente até à Ribeira Lima.

O Mosteiro de Santa Maria de Ermelo é um antigo mosteiro beneditino, que foi fundado pela rainha D. Teresa, mãe do nosso primeiro rei, no início do séc. XII, e que adotou mais tarde (séc. XIII) a reforma cisterciense, passando a depender do Mosteiro de Santa Maria de Fiães.

Apesar da sua integração na Ordem de Cister, a vida deste Mosteiro foi atribulada e curta. Na visita que realizou em 1553, o abade de Claraval encontrou-o em total estado de abandono e pobreza, pelo que foi secularizado em 1560, convertendo-se em igreja paroquial.

O que hoje vemos em Ermelo é uma bela igreja românica adaptada à vida de uma pequena paróquia, primeiro no séc. XVI e novamente no séc. XVIII. Da nave que se erguia a sul resta o belo arco triunfal que se encontra a céu aberto, no exterior. As dependências do Mosteiro desenvolviam-se para sul. Aqui, podemos encontrar ainda uma arcada de arcos plenos, vestígio do claustro arruinado.


Na igreja deste antigo Convento de Ermelo é realizada todos os anos a Romaria de São Bento de Ermelo ou de São Bentinho (São Bento de Núrsia, o mesmo orago do Santuário de São Bento da Porta Aberta, também ele no Gerês). Esta romaria atrai peregrinos de todo o concelho e região circundante e realiza-se na localidade, na noite de 10 para 11 de julho, dia da festa litúrgica de São Bento, santo de grande devoção um pouco por todo o Minho e padroeiro do concelho de Arcos de Valdevez.


Deixamos para trás o rio Lima e entramos na Serra do Soajo. Entre montes e vales seguimos por uma estrada estreita que vai subindo lentamente as serranias, ladeada de afloramentos graníticos e muito verde.

Aqui e ali as terras de cultivo, geralmente situadas junto de algum casario disperso, onde não faltam as pérgulas características do vinho verde.

Olhando para o que ali nos envolve, não podemos esquecer-nos que estamos no Gerês. O Gerês é um outro mundo. Imenso e poderoso. Bonito de morrer. Próximo, suave e acessível, muitas vezes. Distante, abrupto e misterioso, outras tantas. Luminoso e colorido algumas vezes e noutras, penumbroso e cinzento.

Conhecer as serras do Parque Nacional da Peneda-Gerês é uma experiência única, impossível de concluir num dia ou numa semana. Tem que se ir conhecendo, podendo ser o entrecortado destino de uma vida.

Junto das pequenas povoações, são característicos os muros em pedra granítica que ladeiam a estrada, protegendo as pequenas áreas de terreno agrícola que circundam as casas de vida e lavoura das gentes serranas.

Nas zonas altas da estrada, vamos espraiando as vistas vale abaixo, rumo aos fundilhos do Soajo.

Chegamos então ao Soajo!... A antiga vila do Soajo, é em especial conhecida devido às suas formas particulares de vivência comunitária de organização social e económica, sendo provavelmente um dos destinos concelhios mais divulgados e conhecidos, integrando uma área geográfica que foi concelho até à reforma liberal do séc. XIX.

Mas a vila do Soajo é também famosa pelo vasto conjunto de espigueiros erigidos sobre uma enorme laje granítica, usada pelo povo como eira comunitária, em que o espigueiro mais antigo data de 1782. E é para lá que nos dirigimos…

Perto dos famosos espigueiros do Soajo, espera-nos um bom parque de estacionamento e dele é um saltinho até à Eira do Penedo.


O conjunto dos Espigueiros de Soajo é surpreendente. Os espigueiros agrupam-se num alto, sendo a eira comunitária constituída por 24 espigueiros, todos em pedra granítica, assentes num grande e alto afloramento granítico, que mais parece uma varanda a ver o povoado, a que os habitantes designam por Eira do Penedo.
 
Estes monumentos de granito foram construídos na altura em que se incrementou o cultivo do milho e serviam para proteger as espigas das intempéries e dos animais roedores. As suas paredes são fendidas para que o ar circule através das espigas empilhadas. No topo são geralmente rematados por uma cruz, que significa a invocação divina para a proteção dos cereais. Parte destes espigueiros são ainda hoje utilizados pelas gentes da terra.
 
À volta da Eira do Penedo, em terrenos mais baixos e ondulantes, desenvolve-se o casario da vila milenar do Soajo, de atmosfera calma, ar puro e perfumado que se completa na beleza de encanto e mistério, de coloridas paisagens, abundantes arvoredos onde correm veios de águas frescas e cristalinas.

Fontes:http://www.mariorebola.com/soajo/soajo.html http://www.vinhoverde.pt/rotas_tematicas/ponto.php?rota=6&ponto=28&lingua=1;http://pt.wikipedia.org/wiki/Espigueiros_de_Soajo;http://www.aldeiasdeportugal.pt/PT/aldeias.php?aldeiaid=10002;http://www.mariorebola.com/soajo/soajo.HTML

Ler mais sobre a Romaria de São Bentinho, em: http://ccav.maisforum.com/t40-romaria-de-sao-bento-ermelo

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