Saint-Malo - 16º Dia - Parte I




“Depois da liberdade desaparecer, resta um país, mas já não há pátria.”

François Chateaubriand
 

No dia seguinte ao da chegada a Saint-Malo, pegámos nas bicicletas e fomos até à cidade. Embora a distância seja grande, o terreno é quase na sua totalidade plano, o que torna muito agradável a viagem que se faz em jeito de passeio.
Mas esse prazer é redobrado, quando nos lembramos que estamos a pisar terrenos que guardam memórias de gentes bravas, que souberam ao longo dos séculos riscar o seu próprio destino.
Saint-Malo defendeu desde cedo a sua autonomia perante normandos, franceses e bretões, recusando vassalagem a quem quer que fosse, uma vez que, chegaram a proclamar a República de Saint-Malo no tempo de Henrique IV. As gentes audaciosas da velha cidade, corsários, mercadores ou simples marinheiros, viraram-se desde cedo para o mar, de onde tiraram sempre o seu provento.
Depois de pedalarmos rumo à cidadela e de nos embrulharmos durante algum tempo na cidade moderna, passámos pela marginal que segue paralela à praia, designada por Chaussée du Silon.
A Chaussée du Silon situa-se em frente à Grande Plage du Silon, já bem perto das muralhas da cidade corsária. Naquele dia a maré estava baixa e o areal estendia-se mar adentro, de modo que se podia caminhar com facilidade até ao Fort Petit Bé, situado numa pequena ilhota de maré (Ile Petit Bé), que quando há maré baixa fica acessível por terra.
O Fort Petit Bé é uma fortaleza construída no séc. XVII, que fazia parte de um cinturão defensivo projetado por Vauban para proteger a cidade de Saint-Malo de britânicos, holandeses e navios pirata.
O percurso até ao forte, permite descobrir bons ângulos fotográficos, que oferecem belas perspetivas do sistema de muralhas de Saint-Malo. No entanto a caminhada de ida e volta deverá ser apressada, pois a subida da maré é muito rápida e segundo as indicações do guarda do forte, sobe num espaço de tempo de cerca de 15 min, havendo com frequência, casos de incautos surpreendidos pelo fenómeno.
Bem perto desta pequena ilha existe uma outra, chamada Grande Bé, onde se encontra o túmulo de François Chateaubriand, um escritor, ensaísta, diplomata e político francês que foi um dos nomes maiores da literatura romântica, que teve uma influência decisiva na Europa pela sua obra memorável.
Uma vez visitado o Fort Petit Bé, pegámos nas bicicletas e fomos até à cidadela, que nos mostra praticamente incólumes as altas e belas muralhas também projetadas por Vauban.
De fora do burgo medieval, há alguns pontos que oferecem notáveis perspetivas da cidade e do horizonte para norte e para sul da cidadela.

Para norte, o horizonte alarga-se mar dentro, com o recorte da ilhota de Petit Bé e do Bastião de S. Filipe, à beira da foz do rio Rance, avistando-se a estância balnear de Dinard, do outro lado do estuário, que foi o destino amado pela aristocracia inglesa no final do séc. XIX e cenário de um dos últimos filmes de Eric Rohmer.
Para sul, a muralha acompanha o Quai de Dinan e a Rue de Orléans, que nos leva ao interior da cidadela. Este trecho é especialmente interessante pela possibilidade de observação mais próxima, das austeras fachadas dos palácios de armadores que fizeram a história e a fortuna de Saint-Malo. A partir do Bastião S. Luís, a paisagem é um mar de mastros e velas, dos inúmeros barcos de recreio e outros, que ao sabor da ondulação oscilam na Marina de Saint-Malo.
Fonte: http://www.almadeviajante.com/ http://pt.wikipedia.org/ http://france-for-visitors.com http://www.mercure.com/ http://dobomsensoebomgosto.blogspot.pt/

Nenhum comentário: